Capitulo 15- O desabrochar da flor de lotus

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2890 palavras

"Tarde demais o conheci, por fim; cedo demais, sem conhecê-lo, amei-o." William Shakespeare ( trecho da peça Romeu e Julieta- Ato 1, Cena V)

Música do capítulo: Da cor do Girassol - Bryan Behr

Após a saída de Serafim e Sunan, Mainá e Somchai entraram em um estranho clima de constrangimento que os impedia de agir confortavelmente. Ambos olhavam para qualquer direção menos um para o outro... Somchai foi o primeiro a quebrar o silêncio:

— Eu ouvi que queria me perguntar algo. O que seria? — Disse o rapaz olhando para Mainá que olhava para o lago com o olhar perdido.

— Eu não gosto muito de rodeios então vou ser direta: porque quer se casar comigo?

— Eu não sei se a minha resposta é o suficiente mas é porque gosto de você. — Respondeu Somchai sem jeito coçando a cabeça em um gesto nervoso.

— Você gosta de mim ou se sente responsável por mim? Vamos ser honestos, a forma como você fala não parece em nada com alguém que tem sentimentos por outra pessoa... Então refaço a mesma pergunta: porque você quer se casar comigo?

— Eu só posso te oferecer a mesma resposta. Eu gosto de você. Eu não tenho muito a oferecer nesse aspecto. Me desculpe.  — Respondeu Somchai irritado consigo mesmo por não saber como lidar bem com a situação. Todos os anos de educação não o prepararam para esse momento.

— Como assim? Podes parar de ser tão prolixo?

— Eu não estou sendo prolixo, eu estou te dando uma resposta honesta como você me pediu. Eu não te disse em nenhum momento que me sentia obrigado.

— Exatemente por isso que eu estou te perguntando!

— E eu estou te respondendo....

Respirando fundo para não explodir, Mainá se levantou e começou a andar pelo lugar. Se sentia frustrada por não conseguir a resposta que queria e ele ainda passava a sensação de que estava sendo obrigado aquilo. A criatura tinha uma palidez mortal em seu semblante e demonstrava nervosismo, com certeza era por estar sendo confrontado. Ela precisava saber a verdade, então continuaria tentando.

" A quem eu quero enganar? Me dói pensar que ele está comigo por obrigação e eu também estou nervosa, pois gosto dele! Ele bem que poderia ser menos tapado! " Pensou Mainá e quebrando o silêncio que se instalou de novo disse:

— Somchai, você percebe que falas como se estivesse sendo encaminhado para a forca? Como posso acreditar em você? Eu sei que pode ser difícil para você, mas eu realmente preciso saber como se sente. Não dá mais para a situação ficar se arrastando desse jeito... Isso não é justo com nenhum de nós dois. — Disse Mainá se afastando um pouco e  sentando-se em uma pedra a beira do rio.

Levantando-se, Somchai tirou os sapatos e se aproximou de Mainá. Sentou-se ao seu lado e colocou os pés na água enquanto Mainá olhava para o nada com o rosto apoiado nos joelhos.

— O que de fato você acha que eu sinto? Eu não posso te dar uma resposta mais clara ou me explicar se eu nem ao menos souber do que se trata....

— Eu penso que você está seguindo com essa loucura por honra e por conta dos acontecimentos que te fez acreditar ter uma responsabilidade em relação a mim. Eu não quero viver assim. Eu realmente prefiro a morte a viver em algo que não acredito. — Disse Mainá sem se virar

— Eu agradeço a visão que tens de mim, mas isso não tem a menor lógica. Por que eu ficaria contigo apenas por conta da situação se vocês logo estarão seguros e poderão recomeçar a vida em outro lugar, se quiserem? Entende que não tem lógica você acreditar que estou sendo forçado a algo? — Respondeu Somchai tentando manter a calma, parecia que Mainá estava prestes a explodir

O canto do rouxinolOnde histórias criam vida. Descubra agora