2630 palavras
"Dizem que no inferno existe um lugar onde seus piores pesadelos se repetem sem parar, mas muitos não precisam morrer para chegar lá" Wolverine
Música do capítulo: my immortal- Evanescence
O sol começava a espiar timidamente pela fresta da janela, lançando feixes de luz que dançavam nas paredes da casa. Após dias de tempestades emocionais e ventos que uivaram como almas perdidas, a casa agora respirava lentamente, despertando de um sono profundo e agitado. As sombras, antes pesadas e opressoras, se retiravam para os cantos, enquanto a luz da manhã acariciava cada objeto como se buscasse curar feridas invisíveis.
Os pisos de madeira, que haviam rangido sob o peso das preocupações e das lágrimas, começaram a soltar-se em um sussurro suave, como se também estivessem aliviados. O cheiro da terra úmida, trazido pela chuva, misturava-se ao aroma doce do café fresco que já se exalava da cozinha, prometendo aconchego e renovo. Os móveis, antes imóveis sob a tristeza, agora pareciam vibrar, esperançosos, como se tivessem histórias a contar, risos e abraços aguardando para serem compartilhados novamente.
O velho relógio na parede, que durante as sobressaltadas noites havia parado em um tempo sem fim, recomeçou a tic-tac, como um coração que reconhece a vida após a tormenta. E, nos quartos, a poeira causada pela batalha, se assentou como um véu de celebração silenciosa pelos dias tenebrosos que se passaram.
O cheiro forte do café dançava pela casa acordando todos, aos poucos, do sono merecido depois de tudo.
Sunan encontrava-se apoiado na borda da janela, enquanto deixava o olhar se perder na estrutura da mansão enquanto bebia uma xícara de café. Tudo ao redor refletia destruiçã. A gloriosa mansão Sukassen se encontrava altiva e ferida, como uma velha guerreira marcada por cicatrizes profundas. Sua casa foi engolida pelas chamas.
Ele inspirou profundamente, sentindo o cheiro de cinzas misturado ao aroma de terra molhada, uma lembrança persistente do que acontecera. As paredes da mansão, mesmo feridas, sustentavam um silêncio doloroso, como se fossem testemunhas de uma história sombria que só os olhos dela podiam contar. E ele, parado ali, sabia. Não fora um pesadelo. As ruínas eram a prova concreta de que tudo havia sido real, mas estava quase chegando ao fim.
Ele soltou um longo suspiro ao se afastar da janela, o último gole de café amargo aquecendo-lhe a garganta enquanto engolia as lembranças pesadas. Com passos firmes, mas cuidadosos para não fazer barulho, ele caminhou até a cozinha, onde a luz suave da manhã penetrava pelas frestas das persianas, lançando faixas douradas sobre o chão de madeira marcado pelo tempo.
Colocou a caneca vazia sobre a pia com um leve tilintar e ficou em silêncio por um momento, absorvendo a tranquilidade quase surreal daquele instante.
Com mãos firmes e cuidadosas, ele retirou ovos da geladeira, um pedaço de pão e um pouco de leite. O movimento tranquilo das panelas e o cheiro suave da manteiga derretendo começaram a preencher o espaço, transformando a cozinha em um refúgio de calma e simplicidade. Era um ritual que ele sempre fizera, mas naquele dia, tinha um peso diferente, como se cada ato fosse uma promessa silenciosa de que, apesar das marcas da batalha lá fora, a vida continuaria dentro daquelas paredes.
Enquanto mexia os ovos na frigideira, ouviu o leve estalar do chão vindo do corredor. Parece que ele não foi o único que acordou cedo.
Serafim apareceu na soleira da porta, os cabelos desalinhados e os olhos ainda pesados de sono. Ele vestia uma camiseta amarrotada, que caía levemente sobre os ombros, seus cachos apresentavam um adorável desalinho sonolento e seus pés descalços tocavam o chão frio da cozinha. Ele coçou os olhos devagar, um movimento preguiçoso e suave, como se estivesse saindo de um sonho em câmera lenta.
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O canto do rouxinol
RomanceSérie melodia do destino: Livro 02 Atualizações: Todos os domingos dois novos capítulos ❤️ Mainá e Serafim são dois irmãos brasileiros que encontram seu destino de amor em terras estrangeiras, embarcando em uma aventura cheia de sonhos e desafios...