O canto do rouxinol

Capítulo 24 - O grande golpe

2299 palavras

"O verdadeiro método, quando se tem homens sob as nossas ordens, consiste em utilizar o avaro e o tolo, o sábio e o corajoso, e em dar a cada um a responsabilidade adequada."Sun Tzu

Música do Capítulo: Enemy- Imagine Dragons e J.I.D

— Pai... A tia.... — Perguntou a menina olhando confusa para a imagem de Mainá desaparecendo bem diante dos seus olhos.

— Eu não sei, querida. Eu preciso ajudar seu pai Serafim e seu tio Somchai agora está bem? Vai ficar com Korn e Panit, está bem? — Disse Sunan, um tanto atrapalhado, colocando Apynia no chão ao ver a menina acenar em concordância. O corpo da menina, entretanto, teimava em ir em direção ao tio que permanecia estático na varanda, sem que os pais percebessem.

Um silêncio sombrio dominava todo o ambiente.

Serafim tinha uma aparência vazia. Estática. Enquanto Somchai permanecia de joelhos, completamente imóvel com os ombros curvados.

— Meu bem... Meu bem! — Disse Sunan chacoalhando Serafim levemente para acordá-lo do seu estado de topor. — Acorde por um momento. Precisamos saber para onde Mainá foi e proteger a casa!

— Mainá se foi.... — Disse Serafim ainda perplexo

— Me escute. Olhe para mim! — Disse Sunan fazendo Serafim olhar em sua direção. — Sua mãe levou Mainá daqui. Somente ela tem uma sombra tão semelhante a de Mainá. Me escute! — Dizia Sunan desesperado para tentar fazer Serafim voltar a razão — Ela foi levada para um lugar seguro. Precisamos segurar as pontas até ela voltar! Ela vai voltar!

— Sunan, você também viu todo aquele sangue. Mesmo que ela sobreviva, o bebê.... — Murmurou Serafim meneando a cabeça. — Ela não aguenta passar por tudo aquilo de novo. Ela não vai sobreviver! — Disse Serafim, meneando a cabeça com mais força e se desvencilhando de Sunan.

Serafim continuou olhando para a direção da porta. Perdido em um turbilhão de emoções e sensações. Sua mente parecia mergulhar para fora de seu controle.Algo estava errado. Muito errado.

Sua mente imersa em algo completamente desconhecido e ele sabia que Sunan tentava falar com ele, mas nada era escutado além de um enorme zumbido e uma dor que progredia rapidamente, fazendo-o arfar.

— Perdão? Me perdoe, minha cabeça dói um pouco.... — Murmurou Serafim, interrompendo sua fala ao sentir uma dor que lhe tirou o ar dos pulmões,fazendo-o se curvar para baixo e ajoelhar-se de repente. Seu rosto estava completamente rubro e parecia queimar enquanto suas veias saltavam de suas têmporas.

Ele podia perceber pelos gestos de Sunan que ele dizia algo, mas nada podia ouvir. Ele mal conseguia ar para gritar de dor. Sua boca se abria,mas nenhum som era escutado.

Em um gesto desesperado, para conter aquela dor insuportável, Serafim segura firmemente as mãos em sua têmpora. Seu rosto se tornava cada vez mais vermelho e seus olhos olhavam para o nada. Vidrados. Parecia uma tentativa vã de buscar respostas no vazio.

Seu corpo cedeu ao chão sob seus joelhos, em um, enfim, grito desesperado de dor. Enquanto seus olhos miravam para a porta enquanto sua consciencia se alternava entre a luz e a escuridão, formando a sua frente, uma imagem desfocada e distante.

Seus olhos, em meio ao caos, se concentraram, de repente, na pequena silhueta que seguia perigosamente para a porta central. Seu coração apertou em angústia ao perceber que a pequena silhueta era sua filha; caminhando em direção à porta e, consequentemente, para o perigo. Por mais que ele tentasse avisar e pedir ajuda, as palavras não saíram de sua boca.