O canto do rouxinol

Capítulo 26- Maledictus spinnus et nent vices

2123 palavras

"O amor, dom ou maldição? Um dom amaldiçoado..."

Música do capítulo: For tomorrow - Shaman

Lady Nana acordou de repente com toda a gritaria da casa. Olhou ao redor, tentando entender de onde vinham todos aqueles gritos e onde estava. Percebeu estar em um amplo quarto de madeira decorado ao estilo tailandês. Estava na casa de Somchai. Sua cabeça latejava, mas podia observar que suas roupas haviam sido trocadas e seu corpo não sangrava mais.

"Como eu acordei tão rápido?" Pensou lady Nana perplexa olhando para o próprio corpo. Ao perceber que as marcas haviam desaparecido, soube Imediatamente que Mainá havia usado o elixir que ela havia deixado para os filhos.

Invocando um feitiço antigo, seu corpo voltou aos seus poderes originais. Ela sabia que esse elixir era magia proibida, mas pouco se importava. O inferno viraria uma valorosa companheira se ela pudesse salvar os filhos. Ela não se importava. Seguir as regras nunca foi muito seu forte.

Levantou-se rapidamente para entender o motivo da gritaria e, quando estava prestes a sair pela porta, um grande aperto no coração lhe tirou o ar dos pulmões, fazendo seu corpo se curvar em busca de algum apoio que a impedisse de ceder em direção ao chão. Algo não estava certo. Ela conhecia essa sensação de desespero. Seu corpo começou a suar frio e algo estava apertando seu coração como se fosse romper. Mesmo com o elo rompido, a ligação ainda era muito forte e ela soube imediatamente o que aconteceu.

Mainá.

Sem pensar, correu em direção às escadas a tempo de ver o corpo de Mainá cedendo em direção ao chão e tossir sangue. Até um tolo era capaz de constatar que ela e o bebê não tinha muito tempo. Ela precisava ser rápida ou tudo estaria perdido.

Em um gesto rápido, seu corpo se transformou em uma ágil bruma densa e tempestuosa que desse para levar Mainá o bebê em segurança.

Ela sentiu um aperto ao ouvir o grito de Somchai quando levou Mainá consigo, mas nada pode fazer. Não havia tempo para explicações. Ou ela era rápida, ou ambas morriam.

" Desculpe, querido, depois você irá me agradecer por isso mais tarde." Pensou lady Nana ao partir em direção a um lugar seguro.

Não demorou muito, graças a suas habilidades para chegar em uma cabana isolada no topo de uma montanha em uma das ilhas próximas a Bangkok. Ela preparou aquele lugar em casos de emergência por ser difícil o acesso e remoto o suficiente caso as coisas dessem muito errado.

Ela havia conseguido aquele lugar enquanto cuidava dos meninos e conseguia a ajuda de sua nova amiga tailandesa. Poucos se aproximavam do local com medo de serem amaldiçoados pela temida Nang Tani. Com o passar do tempo ela criou magias para distrair os viajantes e evitasse que esses encontrassem o caminho da cabana. 

Os que passavam, seguiam direto sem sequer notar, os que buscavam sua localização sem ser autorizado perdia-se pela mata e encontrava seu fim na loucura em busca de uma saída. Não era uma medida drástica. Afinal, quem buscaria a cabana provavelmente não era um inocente passante. Ninguém busca o que desconhece a existência...

Colocando Mainá com cuidado na cama, Lady Nana selou novamente a cabana e pegou o elixir que trouxe consigo. Com apenas um movimento, jogou o líquido no ar e o transformou em uma densa nuvem roxa e tempestuosa que cobria todo o tronco de Mainá. Ela precisava ter muito cuidado com o que fazia para que seus próximos passos não afetassem o bebê que lutava bravamente pela vida.

Com cuidado, colocou uma mão no peito de Mainá e começou a entoar um feitiço antigo para remover a maldição lançada sobre sua filha para lhe tomar os poderes. Ela não sabia como ele havia conseguido lançar tão rápido um feitiço tão antigo e tão complexo sobre sua menina.