Capítulo 31- O corpo seco

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1772 palavras

"Todo mundo, mais cedo ou mais tarde, senta-se para um banquete de consequências." Robert Louis Stevenson

Música do capítulo: A rua - Jão

O espírito de Khum Paithoom despertou lentamente, sentindo-se desorientado e confuso. Ao abrir os olhos, percebeu que estava em um corpo jovem, mas estranhamente imóvel e sem vida. Olhou ao redor e viu que estava em um caixão, em um mausoléu sombrio e úmido.

Os gritos de Daniel ecoaram no mausoléu, fazendo com que Paithoom se sentisse ainda mais perturbado. Ele tentou se mover, mas seu corpo recém-habitado parecia estar preso, incapaz de se libertar do caixão.  Ele percebeu que estava preso entre os mundos dos vivos e dos mortos, e sua tortura estava apenas começando.

— Parece que todo mundo finalmente acordou... — Disse a misteriosa mulher dentro do mausoléu

— O que... O que você fez? — Indagou Paithoom com a voz rouca e infantil

— Eu disse que ia realizar os seus desejos e cumpri minha promessa. Infelizmente, não do jeito que vocês queriam... — Disse a mulher rindo

— O que você quer dizer, me solta!! —Gritava Daniel desesperado

— Eu concedi a vocês o desejo de imortalidade que vocês tanto buscavam em meus livros. Vocês deviam saber que toda magia tinha um preço a ser pago. Eu só estou adiantando o processo. — Disse a misteriosa mulher empurrando o caixão para a terra outra vez. — Eu lhes dei o dom da imortalidade, mas o dom para vocês será uma maldição.

A misteriosa mulher amaldiçoada o caixão de Paithoom e Daniel enquanto os enterrava vivos para que eles não saíssem.  Os dois gritavam em desespero, implorando para que ela os soltasse, mas ela apenas ria maliciosamente, saboreando cada segundo da sua vingança.

A misteriosa mulher estava envolta em sombras, seus olhos brilhavam como brasas ardentes em meio à escuridão. Sua voz sussurrava palavras de condenação, ecoando no ar frio do cemitério. Com um gesto rígido e austero, ela proferiu a terrível sentença que os petrificou de terror: eles estavam amaldiçoados pela eternidade presos dentro daquele caixão.

Suas palavras eram como punhais afiados, penetrando fundo nas almas assustadas dos presentes. Ela os condenou a permanecerem presos em seus corpos mortos, enquanto suas carnes apodreciam lentamente, sendo devoradas pelos vermes e pela decomposição. O desespero tomou conta deles, enquanto compreendiam a terrível realidade da maldição que havia sido lançada sobre eles.

Eles se viram enclausurados em caixões de madeira sombria, respirando o ar viciado da morte, sentindo o peso da terra sobre si. Os gritos silenciosos ecoavam em suas mentes atormentadas, enquanto a escuridão os envolvia, impedindo-os de escapar da terrível punição daquela mulher misteriosa.

Enquanto a terra os engolia lentamente, Paithoom e Daniel lutavam com todas as suas forças para se libertarem, mas era inútil. Ela estava decidida a puni-los por tudo que eles fizeram com os outros usando seus grimórios.

Em um tom diabólico a mulher disse:

— Já que vocês gostam tanto de devorar criancinhas pela luxúria e pelo poder, eu deixarei que os vermes os devorem pela eternidade levando cada parte do seu corpo embora até sua alma ficar completamente presa apenas aos seus ossos.

O desespero tomava conta deles, enquanto a escuridão os envolvia e o ar se tornava escasso.

Enquanto isso, a mulher continuava seu monólogo alheia aos gritos de terror de Paithoom e Daniel, que viram pelo vidro do caixão a terra os cobrir aos poucos.

O canto do rouxinolOnde histórias criam vida. Descubra agora