Capítulo 23- A Bruma silenciosa

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2401 palavras

"De repente do riso fez-se o prantoSilencioso e branco como a brumaE das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espantoDe repente dá calma fez-se o ventoQue dos olhos desfez a última chama
E dá paixão fez-se o pressentimentoE do momento imóvel fez-se o drama
De repente, não mais que de repente"Soneto de separação - Vinícius de Moraes 

Música do capítulo: Die first- Nessa barrett

Ao ouvir a voz ao fundo, todos olharam em direção a maltrapilha mulher que acabara de desfalecer. Imediatamente, todos se moveram em sua direção tentando, em vão, despertá-la.

Percebendo o que havia acontecido, Mainá pediu para Sunan levar lady Nana para o quarto, enquanto ia buscar algumas medicações com Somchai no herbário. Pediu para Serafim para chamar nong Ploy para limpar e trocar lady Nana.

Para sua sorte, todos se moveram imediatamente sob seus comandos.

Ao chegar no herbário, Mainá pegou uma caixa preta de veludo que ambas tinham preparado para aquela situação enquanto Somchai pegava as ervas para o unguento que Mainá pediu.

Enquanto separava as ervas que Mainá Pediu, Somchai indagou preocupado:

 — Você está bem?

— Hum? — Indagou Mainá distraidamente procurando a caixa de veludo preta. Encontrando-a na porta falsa feita por Somchai a seu pedido. Para sua sorte, seu marido sempre gostou de fazer esses trabalhos manuais para relaxar. Todo o armário do herbário foi construído por ele para dificultar o acesso das crianças a ervas potencialmente perigosas.

Ao ver o rosto preocupado de Somchai entendeu imediatamente:

— Eu estou bem, meu bem; nossa filha também! Não se preocupe tanto o tempo todo sim? Estamos bem e vamos ficar bem. Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Dessa vez estamos juntos nessa e nada vai acontecer, esta bem?— Murmurou Mainá acariciando o rosto de Somchai em acalento, sorrindo ao ver ele beijando sua mão. — Primeira coisa que vou fazer é cuidar de minha mãe, depois descanso, ok?

Com tudo preparado, Mainá seguiu com Somchai até o quarto onde lady nana se encontra, pediu para todos saírem e ficou sozinha com Lady Nana, que assumiu sua forma original.

Apesar de voltar a possuir o rosto de sua mãe, sua aparência estava assustadora. Diversas marcas que se assemelhavam a chicotadas e cortes estavam distribuídas por todo seu corpo. Mesmo com todos os curativos, a camisola recém-trocada estava com diversas marcas de sangue fresco. Isso não era bom. Um corte normal já teria cicatrizado....

Isolando o quarto completamente para não ser interrompida, Mainá começou a arrumar tudo o que tinha preparado, olhando para lady Nana, às vezes, de forma pesarosa.

— Meu Deus, o que fizeram com você? — Disse Mainá horrorizada com o estado da mãe.

Mesmo naquele estado, lady Nana murmurava palavras inteligíveis, fazendo movimentos agitados em uma tentativa fracassada de tentar se levantar.

Acordando de repente, Lady Naná segurou as mãos de mainá na cicatriz que as unia, fazendo-a gritar de dor lancinante.

Era uma sensação horrível, o ar lhe faltou aos pulmões e seu corpo se retesou todo, fazendo a criança em seu ventre se agitar também.

Seu corpo, em uma tentativa desesperada de conseguir ter o controle de volta, fizeram seu corpo despencar sobre a cama enquanto suas mãos seguravam a madeira em uma tentativa vão de se segurar em algo em busca de segurança e refúgio. Não existia movimento que fizesse para que seu corpo parasse de doer, então seu corpo retorcia sem parar enquanto seus olhos se tornaram brancos e um grito agonizante saiu de seus lábios.

O canto do rouxinolOnde histórias criam vida. Descubra agora