O canto do rouxinol

Capítulo 36- Porto seguro

1374 palavras

Música do capítulo: Partilhar- Rubel e AnaVitória

"O amor é a única coisa que pode transformar a vida em uma obra de arte." - Oscar Wilde

Os dias que se seguiam e uma tranquilidade fervilhante envolveu a casa das duas famílias, outrora marcada pela destruição.

O sol brilhava sobre a estrutura que ficou, deixando um vislumbre do futuro e um convite à renovação. Entre os escombros e a destruição, surgia uma nova história.

Não era a primeira vez que todos eles se levantavam dos escombros, mas cada recomeço era cada vez mais especial por renovar em seus corações tudo que sentiam e, por todas as vezes, escolherem sempre uns aos outros como uma família.

A cada passo da reforma, todos se lembravam do caminho que os guiaram até ali.

Cinco anos se tornaram um lapso de tempo que parecia abranger décadas de experiências, emoções e conquistas.

A vida, com suas infinitas possibilidades e caprichos, reescrevia cada passo para que eles se encontrassem novamente.

A estrada de cada reconstrução foi pavimentada com um turbilhão de emoções que poucas pessoas conseguiriam viver em apenas uma vida. Cada pedra, cada prego, ecoava histórias de amor, dor e superação. Cada olhar para a casa nova que se erguia era um novo risco escrevendo uma nova história.

O lar, que outrora era um sonho, se erguia como um monumento à resiliência, desafiando as sombras do passado. O vento sussurrava segredos nos ouvidos dos sobreviventes, lembrando-os de que, mesmo nas profundezas do caos, a esperança pode renascer.

Haviam reconstruído para si, mais de uma vez, muito mais do que uma casa; haviam reerguido sonhos e revivificado alegrias após a tempestade.

Com mãos entrelaçadas, o amor desafiou a distância, a morte e o tempo. Cada obstáculo vivido era uma oportunidade para reafirmar a vida, para reacender a esperança.

Nessa jornada, descobriram que o amor não é apenas um sentimento, mas uma escolha diária, uma luta constante para superar o inimaginável.

Eles se escolheram. Todas as vezes.

- O que você está fazendo aqui sozinho? - indagou uma voz conhecida ao fundo, tirando Sunan de seus devaneios - Estou olhando nossa casa. Venha aqui. Sente-se comigo - Respondeu, fazendo um gesto com a mão para Serafim se sentar sem tirar os olhos da casa.

Com um sorriso, Sunan percebeu que seu pedido foi ouvido ao sentir a cadeira balançando levemente e uma pequena mão se entrelaçando a sua.

- Seus olhos estão distantes demais para estar apenas olhando a casa. - comentou Serafim

- Talvez a casa me lembre de quando nos conhecemos... - Respondeu com um suspiro saudoso

Serafim o olhou confuso como se ele estivesse um pouco louco e Sunan riu e explicou:

- Dizem que uma casa deixa de ser apenas uma construção para se tornar um lar, quando ela se torna seu refúgio construído passo a passo com riscos da nossa história. Estava pensando que essa casa é um pouco como nós dois que, mesmo sendo destruídos diversas vezes, ainda conseguimos manter a fundação para reconstruir todas as vezes. Eu sempre achei que ficaria sozinho para sempre por não me encaixar em lugar nenhum e por não ser aceito em lugar nenhum. Minha casa, para mim, era apenas uma construção vazia, sombria e solitária como a minha vida até te conhecer. - Com um sorriso apaixonado, Sunan beijou a testa de Serafim que o escutava com atenção. - Conhecer você trouxe luz a minha vida. Eu, que nunca pensei que teria um final feliz, encontrei mais do que um amor. Encontrei minha família. Graças a você ganhei além do amor, ganhei irmãos, sobrinhos e filhos maravilhosos. Minha casa deixou de ser uma construção e se tornou um lar quente e barulhento. Cada detalhe é um pouco da nossa história. Pra mim, não há nada mais lindo do que olhar para está casa e saber que este foi o lar que eu construí com você.