|| PARTE DOIS ||
POR MIM || Entre a vida e a morte, eu o escolho. Posso ter errado com muitas coisas ao longo de minha medíocre existência, amor, mas eu sei que nunca errei ao amar você. De sempre para sempre sua, Rebecca.
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Encarei o céu limpo, e me senti quase me fundindo ao chão, imóvel e afundada na areia, as ondas do mar alcançam meus pés, mas eu não faço ideia se a temperatura é fria ou quente. Passaram-se dois dias desde que acordei, é estranho ver que eu nunca mais fecharia os olhos para dormir, não sinto a necessidade.
O barulho relaxante das ondas quebrando ocupou-me por horas a fio. Ficar aqui me dá uns flashes mínimos dos tempos em que morei com minha mãe. A voz dela soa distante, tentando ser alegre, não passando de um embaraço. Eu não me recordo de nada significante mais.
Jasper me deixou em paz, mas seguia sempre de olho em mim, eu sentia. Ele me levou para caçar na ilha vizinha, matei mais do que achei ser necessário.
— Eles fedem— franzi o nariz, Jasper mantinha os olhos negros fixos em nossas presas, estava com muita mais sede do que eu.
— Não melhora muito, mas você aprende a ignorar— me olhou de canto sentindo meu nervosismo— Não pense demais, está sentindo pena do que você comia de carne em um mês.
Fiz careta para ele.
— Vamos, meu amor, se entregue aos seus instintos, você vai se sentir melhor— ele me incentivou com um sorriso.
— Vá na frente— falei. Não precisei pedir duas vezes.
Ouvi os passos pesados e lerdos dele se aproximando, sua pele cintilava sob a luz do sol. Ele é um anjo e meus olhos humanos nunca chegaram aos pés da sua beleza, a perfeição em pessoa, mesmo com as cicatrizes de guerra. Ao fixar meus olhos nos seus, avistei meu reflexo que me encarava curioso e interessado. Recolhi um pouco as pernas, fazendo meu vestido branco subir sutilmente. Ele se sentou na areia acima de onde minha cabeça estava deitada e respirou fundo, olhando o mar na nossa frente. Girei para me sentar e o encarei após sacudir os cabelos para me livrar da areia. Alguma parte dos meus instintos ainda me atiçavam a fugir dele toda vez que olhava suas cicatrizes. Ele podia mudar isso, usando seus dons para me fazer mais confortável, mas ele também havia me prometido que não usaria nenhuma máscara.
Ou eu me acostumo ou não. Tudo vai depender de mim.
Engatinhei para mais perto dele, o canto dos lábios dele se repuxaram num sorriso mínimo. Não havíamos ficado muito tempo perto um do outro desde que fora decretado que os contos sobre minha vida desde o momento em que me lembro não seriam mais necessários.
— Onde as garotas estão?— perguntei.
— Se preparando para nos deixarem— ele comentou me encarando, brilhávamos nos olhos um do outro. Era tanta magia envolvida que eu me perguntava como eu podia ter perdido algo dessa magnitude por tanto tempo.
— Por que?
— Alice previu que você não vai mais tentar me matar— ele deu de ombros, baixei a cabeça por um momento, sem saber o que falar, não me desculparia apesar de tudo— Mandei-a embora já que ela tem tanta certeza que eu estou seguro.
