30| New chapter

1.6K 213 23
                                    

Quando Billie surtou a primeira vez, com um pouco mais de dez anos, e foi encaminhada para o psiquiatra, ela odiou, ela odiou ser nova e ter que tomar remédios controlados, ela odiou ter que ir para terapia toda a semana, ela odiou o fato de estar doente.

Nos primeiros anos, ela negou muito o que estava acontecendo. Para ela, o surto tinha sido algo normal, que aconteceu apenas uma vez, afinal não era sempre que uma criança dava sinais de bipolaridade. Não era novidade, mas também não tão comum. Ela se negava a tomar os remédios, chorava para não encontrar a doutora Palmer e os surtos começaram a ser frequentes por isso.

Foi só com quatorze anos, que ela começou a tomar os remédios diariamente e ir para a terapia sem chorar.

Hoje em dia, ela se sente mal por não ter ouvido os pais e feito tudo direito desde o começo.

Billie não cometeria mais esse erro, era faria tudo direito dessa vez e por isso, ela estava sentada em frente a doutora, explicando o porquê ela precisava trocar de remédios.

Ela tirou os detalhes. Tirou o fato de que o real motivo era que os remédios mexiam com sua líbido e por isso ela não tinha vontade de transar frequentemente.

Billie queria poder sentir essa vontade toda hora, todo dia, sempre. Porque ela tinha uma namorada super gostosa ao seu lado e queria ser como ela.

Mabel podia ficar excitada assim que olhasse para Billie, e Billie queria sentir isso também. Claro, ela sabia que Mabel era bonita, que era atraente, sexy, gostosa. Ela tinha olhos. Então, por que às vezes a vontade de estar com ela sexualmente não vinha? Não era justo.

Não era justo com Mabel e nem com ela.

— Billie, eu tratei de você por mais de dez anos. Eu sei quando está mentindo. Até mesmo não estando cara a cara — a doutora Palmer riu contra a imagem do MacBook.

Billie suspirou, olhando para a mulher enquanto se inclinava no banco.

— Eu tenho uma namorada — o sorriso de Shirley Palmer se foi, e ela voltou ao seu semblante sério.

Palmer sabe o que houve a última vez que Billie namorou alguém.

— Billie... Nós já tivemos essa conversa antes —

— Mas antes era diferente — antes Debbie só estava com ela para estar próxima de Finneas.

Ela sabia que a vida sexual das duas não mudaria o fim da história que tiveram. Mas com Mabel, sim. Poderia mudar. Mabel poderia se cansar dela, poderia perder o interesse nela se ela não desse o que ela queria.

— Você já conversou com a sua namorada sobre isso? — de algum modo, Billie sabia que uma hora Palmer iria fazer essa pergunta.

Ela também fez quando era com Debbie.

— Eu vou conversar — Billie mentiu.

Era uma péssima ideia, já que a Doutora a conhecia bem demais para saber quando ela estava mentindo.

— Billie... Um dia você vai encontrar alguém que vai te amar independente do seu transtorno. O amor não é algo proibido para você, eu já disse. É só olhar seu pai. Eles está com sua mãe há anos, e eles se amam — era diferente.

Quando se conheceram há milhares de anos atrás, as coisas eram diferentes. E mesmo assim, Billie achava Maggie a pessoa mais paciente do mundo, porque o pai até traiu. Patrick já traiu quando estava em surto, ele chorou um horrores depois que estava consciente, mas a culpa ficou com ele. A mãe entendeu que ele fez isso porque não estava tomando os remédios e o perdôo.

Mas hoje em dia era diferente, se ela surtasse e dormisse com a primeira pessoa que visse em sua frente, Mabel nunca a perdoaria.

— É diferente... — Billie se viu dizendo de novo.

Family Affair |G!P| ✅Onde histórias criam vida. Descubra agora