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- MEU amor, que bom que chegou.- Érika disse assim que abriu a porta da casa. Ela abraçou Iris apertado, e se afastou, abrindo espaço para que a garota passasse.- Entre, vou tirar o frango do forno e já comemos.
Sua mãe voltou depressa para a cozinha, deixando Iris por um momento sozinha no pequeno hall da sua antiga casa.
Fazia quatro meses que ela não entrava ali, e parecia uma eternidade.
As lembranças da última vez que esteve naquela casa quiseram a invadir, mas Iris as mandou para um lugar bem longe.
Ela precisava seguir em frente.
Pelo menos sobre Érika.
Os olhos da garota vagaram pela sala de estar, vendo que nada havia mudado. Tudo estava no mesmo lugar, até mesmo suas fotos de quando era criança.
- Se quiser, pode ir ver seu quarto.- Érika voltou para o hall ao perceber que Iris não havia a seguido.
- Seria bom pegar algumas peças de roupa no meu armário.- A garota sentiu as bochechas corarem.
Sua mãe tinha a colocado para fora com uma única mala, na qual tinha colocado roupas aleatórias. Graças a isso a Sra. Duncan precisou a levar para fazer compras, a emprestou dinheiro, e ela embarcou no treinamento para a Prova Soldado para pagar a velhota.
Graças a isso também Iris pode criar uma amizade divertida com Gabriel, já que o príncipe vivia tirando sarro das suas roupas nada combinando.
- Vamos almoçar?- Érika disse animada, tentando mudar de assunto ao perceber o clima estranho que começava a se instalar.
- Claro. Estou morrendo de saudades de comer sua comida.
As duas comeram o delicioso frango assado com salada de batata conversando e rindo sobre algumas presepadas na qual Iris se colocava quando era pequena. Com uma coisa levando a outra, após terminarem de organizar a cozinha, foram para a sala ver alguns álbuns de fotos.
- Você era tão fofa quando pequena. A mais linda da sua turma. - Sua mãe alisou uma foto em que Iris tinha cinco anos e estava com algumas amiguinhas do pré. - Os cabelinhos quase pretos e os olhos azuis.
- A vovó e o vovô tinham olhos claros também?- Iris perguntou passando as folhas do álbum, em busca de uma foto dos dois para conferir.
- Seu avô tinha olhos verdes como eu, e sua a avó olhos castanhos.
- Nada de olho azul, então?- Iris disse divertida.
O sorriso de Érika morreu aos poucos, seu rosto escurecendo. Logo o sorriso da garota também sumiu de seus lábios ao sentir a atmosfera ficando pesada.
Sua mãe demorou longos segundos antes de voltar a falar.
- Seu pai tinha olho azul.- Sua voz saiu falha e rouca.- A cor me lembrava o céu. Eu amava ficar os admirando.
Iris levou um tempo para digerir aquelas palavras.
Sua mãe nunca falava sobre seu pai. Nunca.
Quando era mais nova, e Iris a questionava sobre ele, Érika ficava com um humor terrível e sempre desconversava. Ela apenas tinha explicado que Andrew tinha a abandonado dias antes dela descobrir que estava grávida sem razão alguma, e não tinha dado mais notícias.
- Como ele era?- Iris assumiu o risco da pergunta.
Ela queria saber mais sobre eles.
Na verdade, queria saber tudo.
Iris pensava em ir com calma com sua mãe sobre essa conversa, mas agora que tinham entrado nela, iria se agarrar a esta oportunidade com unhas e dentes.
-Ele era gentil, e muito amável.- Novamente Érika a pegou de surpresa.
Iris só não soube se por ela estar a respondendo, ou se pelos adjetivos daquele que tinha a abandonado.
Essas não eram as características de um homem mau caráter.
- Estava sempre querendo ajudar o próximo, fazer o bem para as pessoas ao seu redor.
- Como vocês se conheceram?- Iris fez uma das perguntas que mais quis fazer na vida.
Ela sempre se perguntava como seus pais tinham se conhecido e se apaixonado.
- Andrew um dia entrou na minha floricultura, e quando nossos olhares se encontraram, foi como se tudo fizesse sentido. Ele então voltou no dia seguinte, e no seguinte. Até começarmos a namorar.- Os olhos de sua mãe estavam distantes, perdidos em memórias do passado.
Iris ponderou se deveria encostar nela, tentar ver suas lembranças como tinha feito com Miles, mas logo descartou essa idéia.
Ela não iria usar poderes em sua mãe. Érika não iria gostar.
Então, decidiu ir pelo caminho mais difícil.
- Sei que é um assunto delicado para a senhora, mas eu tenho que perguntar. A senhora tem certeza de que ele não era um Dominator?
- Imagina. Eu quero que você descubra mais sobre ele, para saber de onde vem seus poderes.
Sua mãe desviou o olhar, encarando suas mãos entrelaçadas em cima do colo com uma expressão chateada.
- Você sabe que eu nunca gostei de Dominators. E seu pai era igual a mim. Ele também os detestava. Andrew não tinha essas tatuagens que vocês tem no braço, e nunca fez nada fora do normal.
- Mamãe...- Iris disse calmamente, sabendo que estava cada vez mais próximo de cutucar o vespeiro.- Não há ninguém que saiba aonde meu pai está?
Iris sentiu as esperanças escorrer por seus dedos quando Érika negou com a cabeça.
- Não. Seus avôs paternos morreram quando seu pai ainda era jovem, e ele não tinha irmãos ou tios. Pelo menos foi o que ele me disse.
A garota sentia-se frustrada, mas não demonstrou. Sabia que já estava sendo difícil para sua mãe falar sobre aquilo, não iria deixar a situação ainda mais desconfortável.
- Então não havia nada de diferente nele?- Iris perguntou com um último fio de esperança.
Érika pensou por alguns instantes, refletindo sobre o passado. E a cada segundo que passava, Iris sentia o coração bater mais rápido e a ansiedade aumentar.
- Ele tinha uma tatuagem. Eu sempre achei estranho, já que Andrew sempre foi bem conservador.- Sua mãe coçou o queixo, pensativa.- Mas acho que isso não vai ajudar em muito.
- Uma tatuagem? Como ela era?
- Era uma paisagem. Com um lago e montanhas.
Érika se inclinou para frente e pegou um pedaço de papel e um lápis em cima da mesa de centro da sala. Ela desenhou trés montanhas com uma onda na frente. Atrás das montanhas havia a metade de um sol, simulando o nascer do sol, e acima da onda tinha pássaros voando.
- Era uma tatuagem comum, mas sempre me chamou a atenção.
Iris olhou para o desenho a sua frente e engoliu em seco.
Montanhas.
Onda.
Sol.
Pássaros.
Os quatro elementos.
O coração da garota batia descompensado ao concluir que seu pai sabia sim ser um Dominator.
***
Até!! ;)
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Lost Hope
RomanceIris Agnes Parker observou seu mundo desmoronar pela segunda vez... Com dificuldades para aceitar o rumo que os acontecimentos tomaram, ela se apega a uma nova pista que surge sobre seu pai desaparecido... Paralelamente, a garota tenta desvendar seu...