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IRIS sentia-se flutuando em uma escuridão absoluta. Seus cabelos agitavam-se envolta da cabeça, enquanto os pés balançavam no ar.
- A corte está na minha cola. Vocês precisam o trazer vivo.- Iris ouviu a voz do rei Olavo distante. - Não deixe que Sebastian o mate, ou a situação do seu amigo vai ficar ainda mais feia.
Uma forte luz ao longe começou a puxa-la, e Iris teve que piscar algumas vezes para se acostumar com o clarão que a atingiu em cheio. Ao se acostumar com a claridade, notou que estava de volta ao Quartel General, olhando o rei e Iury conversando baixinho dentro da sala de reuniões.
- O que vai acontecer com Sebastian se ele for pego?- Iury perguntou.
- Ele obviamente vai para a corte. Não consigo nem imaginar as coisas terríveis que ele veio fazendo nesses últimos meses.
- Vão o condenar a morte, não vão?!
Iris levou as mãos a cabeça, sentindo-a rodar, e por um momento sua visão escureceu. Ela respirou fundo, tentando oxigenar seu cérebro, e ao se recompor, voltou a prestar atenção na conversa a tempo de ouvir as próximas palavras do rei.
- Mas se Sebastian matar Wolfgang, não poderei fazer nada. Nós precisamos daquele crápula vivo. Ele é a chave para muitas perguntas.
Aquelas palavras ficaram cravadas na mente de Iris enquanto ela caminhava pelos corredores do esconderijo subterrâneo. Desviando dos ataques dos Desertores, e muita das vezes recebendo cobertura de algum Guerreiro do exército, Iris se via sendo puxada em uma direção desconhecida. Algo dentro dela dizia para onde seguir, para onde virar, como se uma linha invisível a puxasse para Sebastian.
Ela tinha urgência. Precisava encontra-lo antes que ele colocasse um fim na vingança.
Iris havia entrado em uma sala sem janelas e com paredes cinzas, vendo do outro lado do cômodo dois corpos sem vida jogados no chão de concreto. Entretanto, o que chamou sua atenção foi Sebastian indo até Wolfgang com um redemoinho em mãos.
A garota agiu rápido, indo até eles e conseguindo lançar Sebastian na parede, o impedindo de cometer aquele erro e assinar sua própria sentença de morte.
Ela o olhou, o analisando, depois de tanto tempo. Percebeu que ele fazia o mesmo com ela, e notou nos olhos dele como estava surpreso em vê-la ali.
Só então Iris se tocou que até aquele momento, Sebastian achava que ela estava morta. Depois de quase morrer com a névoa venenosa, o Iunitateme havia sido desfeito e ele não soubera que na verdade ela não tinha morrido, mas estava viva.
Os dois se encararam até Wolfgang abrir a boca, e toda a raiva que estava estampada no rosto de Sebastian anteriormente retornar com força total.
Iris sabia que não podia deixa-lo matar Wolfgang.
Mas antes que pudesse pensar em uma forma de o deter, Sebastian já estava indo até o velho com uma velocidade assustadora, e a única coisa que ela pode fazer foi entrar na frente.
Iris sentiu quando o redemoinho de fogo a atingiu em cheio um pouco acima do peito, queimando sua pele e seu osso. Uma eletricidade percorreu todo seu corpo, descompensando todos os seus órgãos. Seu cérebro parecia que estava em curto-circuito, e em sua visão apareceram pequenos pontinhos pretos.
Seu corpo amoleceu, e ela já não sentia mais nada. Ela ouviu uma risada ao longe, sendo seguida por gritos chorosos, mas não sabia dizer a quem pertenciam.
Suas forças se esvairam, e desde então ela se encontrava naquele breu, flutuando.
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SEBASTIAN olhou para as mãos, vendo-as algemadas por um material preto e pesado. Era uma pedra densa, que dissipava o poder de um Dominator, o proibindo de usar seus elementos. O nome era Ônix, e era comumente usada nos crimimosos.
Ele levantou os olhos para a lâmpada amarela sobre a cabeça, a única iluminação daquela sala minuscula que só tinha uma mesa e duas cadeiras, uma delas já ocupada por Sebastian. A porta estava fechada, e não havia janelas. Ele sabia que estava no subsolo da prisão na Capital, em uma das salas de interrogatório.
Após ser algemado ainda no esconderijo de Wolfgang, ele foi sedado, e quando acordou novamente, estava ali, sentado e com as algemas ainda no pulso.
Já fazia algumas horas que Sebastian estava mofando naquela cadeira, e se perguntou quanto tempo mais o fariam ficar ali, com seus próprios pensamentos.
Sua cabeça latejava um pouco devido aos remédios fortes que lhe deram para apagar por dois dias até que voltassem para a Capital. E sua mente o torturava com a memória de Iris sem vida em seus braços repetidamente.
A porta da sala foi aberta sem aviso prévio, e Iury passou por ela segurando uma pasta em mãos. Sebastian olhou o melhor amigo nos olhos, e se inclinou para frente, cuiroso.
- Iury.
- Sebastian...- O homem sentou-se a sua frente, e se inclinou para trás, apoiando uma das pernas no joelho.- Finalmente te encontrei.
- Estava me procurando?
- Você sabe que sim.
Sebastian desviou o olhar, assentindo.
Ele sabia que Iury estava a sua procura, pois faria o mesmo pelo melhor amigo. Sebastian o procuraria até o fim do mundo para o trazer de volta se fosse preciso.
- O que vocês vão fazer comigo?
- Você sabe o protocolo, já foi um de nós.
Sebastian balançou a cabeça mais uma vez em afirmativa.
- Vão me interrogar e me mandar para a corte. Então serei condenado a morte por meus crimes.
- Não se precipite. Ainda pode haver uma redenção para você.
Sebastian sorriu sarcástico, na verdade querendo rir de Iury, mas não o fez. No fundo, não havia graça.
- Eu matei muitas pessoas, torturei inúmeros humanos inocentes, assim como Guerreiros do exército. Acha ainda que eles terão piedade de mim?
- Se você colaborar com o interrogatório, falar tudo o que sabe sobre os Liberatores, pode...
- E por que eu faria isso?- Sebastian ergueu uma das sobrancelhas, e riu fraco. - Não tenho razões para estar vivo. Matei a garota que eu amo e minha vingança foi um fracasso. Talvez a melhor opção seja eu ser condenado a morte.
- Iris se sacrificou justamente para que você vivesse.- Iury elevou a voz com a menção da garota.- Ela sabia que precisávamos de Wolfgang vivo, e que se você o matasse, você não escaparia da sentença de morte. Ela fez aquilo por você. Não jogue os esforços dela no lixo como se não fosse nada.
Sebastian desviou o olhar do dele, cansado demais para o responder.
Ele não queria mais viver, não queria mais existir em um mundo onde Iris não estava, mas sabia que o amigo estava certo.
Iury se levantou, o olhando de cima com um olhar afiado.
- Iris não morreu.- Aquelas palavras fizeram Sebastian voltar a olha-lo com interesse. Iury sorriu sem mostrar os dentes.- Aquela garota é dura na queda.
Sebastian também se levantou, fazendo a cadeira arranhar o piso. Seu coração batia descompensado, e suas mãos tremiam.
- Eu exijo vê-la.
- Vocês não possuem mais o Iunitateme. Você não tem mais esse direito.
Aquelas palavras foram como um soco no estômago de Sebastian.
Havia uma lei criada há muito tempo pelo primeiro rei que compartilhou o Iunitateme com uma humana, e o responsável pelo Tratado da Paz. Essa lei proibia qualquer um de impedir as duas pessoas que compartilhavam o Iunitateme de se verem. E isso incluía o exército e a realeza.
Mas como não possuíam mais o elo, Sebastian não podia mais exigir ver Iris.
Iury levou a mão até a maçaneta da porta, mas antes de sair, se virou para Sebastian por sob os ombros.
- Pense bem nas suas próximas ações, pois elas custarão a sua vida.
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Lost Hope
RomanceIris Agnes Parker observou seu mundo desmoronar pela segunda vez... Com dificuldades para aceitar o rumo que os acontecimentos tomaram, ela se apega a uma nova pista que surge sobre seu pai desaparecido... Paralelamente, a garota tenta desvendar seu...