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·Emily Alencar

Fazia uns vinte minutos que havíamos chegado na casa, Vivi fez a divisória dos quartos, e como eu sou sortuda pra caralho, fiquei no mesmo quarto que Malu, Dani, Priscilla e Carol, e para melhorar, havia apenas duas camas, e era óbvio que eu não dividiria com Dani e Malu, mas pensando bem, Carol e Priscilla parecem estar no cio, tô fudida.

O Sam ficou com o Coutinho, Peixinho e Joãozinho em um quarto, eu já havia arrumado as minhas coisas e nesse momento eu estava, puta da vida falando com o meu advogado pelo telefone, o Dr. Fletcher estava de férias cuidando do meu avô, ele me deixou o contado de outro advogado da empresa, que eu acho que pode ser demente.

- Dr. Keaton, isso não será capaz de acontecer - falei tentando ser o mais educada possível.

- Mas, senhora, isso seria uma grande aquisição para a empresa - ele insistiu e nesse exato momento Carol entrou na cozinha.

- Eu já disse que não, e não volte a me importunar com isso, se eu ouvir esse assunto sair da sua boca mais uma vez, está demitido - disse e desliguei o telefone respirando fundo.

- Cê tá bem? - ela perguntou tomando água, eu a olhei pronta para responder, mas parei ao ver aqueles olhos, ela apenas estava preocupada, não posso ser grossa com ela por causa daquele inútil.

- Sim, é só que.... - respirei fundo - Odeio quando tenho que ficar repetindo algo, e aquele advogado tava de palhaçada com a minha cara - disse meio exaltada no final.

- Por que não vai por um biquíni, vamos a praia espairecer - ela sugeriu e eu a olhei pensando um pouco, estamos aqui para nos divertir, e eu me estressado com trabalho.

- Vamos sim, quem mais vai?

- Vou chamar a Pri e o Sam, e ver se o pessoal quer ir - ela disse enquanto saímos da cozinha juntas.

- Ok, vou me trocar.

·Narrador

Emily subiu para o quarto, enquanto Carol foi até a sala, quase todos estavam lá.

- Gente, eu e a Emily decidimos ir na praia, vocês vão? - ela perguntou.

- Vai ser legal - Clara diz e Lucas concorda com ela, logo todos concordam.

- Cadê a Malu? - perguntou não vendo a garota ali.

- Foi atender o telefone - Dani disse recebendo um revirar de olhos vindo do Samuel.

- Sam, posso falar com você? - perguntou apontando para trás de si, ele concordou e os dois saíram juntos para a parte de trás da casa, Carol observou o lugar vendo se estavam sozinhos.

- O que foi, Carol? - Samuel perguntou.

- Podemos deixar o lance da Dani de lado por hora? - ela perguntou - Sei que ela errou, mas eu não quero confusão, e também já falei com ela.

- Não é fácil, Carol. Quem ela pensa que é para dizer que eu e Emily estamos exagerando, ela não sabe o que nos aconteceu durante todos esses anos - Samuel falou de forma áspera, Carol o olhava de forma triste - Com sete anos de idade eu aprendi a fazer curativos, sabe por que? - seus olhos estavam marejados - Por que a minha precisava de mim, tinha dias que abrir os olhos era doloroso, ainda mais para ela, Carol, a minha irmã é o motivo de eu estar vivo hoje, você não tem noção de quantas vezes ela me mandou correr, mas ficou e apanhou no meu lugar, eu me escondia no guarda-roupa dela, como sempre combinamos, mas eu conseguia ouvir ela gritando, e quando ela aparecia na minha frente toda machucada, ela pagava pelos meus erros, MEUS ERROS! - uma lágrima escorreu pela bochecha de Carol, que tinha os olhos vermelhos.

- Eu sinto muito - ela disse baixo e abraçou Samuel.

- E aí, vem aquela garota e diz que é exagero. É exagero passar todos os dias de sua vida temendo cada passo dado? É exagero não conseguir dormir por pensar que pode ser um sonho e que quando eu acordar eu vou estar lá de novo?

- Shhhhh.... - Carol tentava o acalmar.

- Eu sei que a Emy tem pesadelos até hoje, ela apenas esconde bem, foi necessário aprender a esconder os nossos sentimentos, não é um dom, é um fardo - ele disse sentindo Carol o apertar.

Malu que havia escutado desde o início da conversa quando voltava para a sala, tinha os olhos arregalados, seu coração batia fortemente, e a única coisa que ela pensava em fazer, era correr até Emily e a abraçar fortemente, e nunca mais soltar.

[QUEBRA DE TEMPO]

Todos que iam a já estavam na sala, menos Emily, essa estava na cozinha atendendo a outro telefonema, ela usava um short jeans e uma blusa branca, além do biquíni por baixo da roupa, assim que desligou o celular voltou a sala, tendo todos os olhares sobre si.

- Vocês ainda estão aqui? Achei que já tinham ido - Emily falou guardando o celular.

- Não iríamos sem você, e também os meninos foram pegar a bebida - Priscilla respondeu vendo o Emily sorrir.

- Eles não devem demorar muito - Clara disse percebendo que Priscilla, Carol e Samuel não tiravam os olhos de Emily.

- Por que não os esperamos lá fora? - Malu falou e todos concordaram.

Priscilla, Carol e Samuel ficaram na sala, eles esperaram todos saírem para ficarem sozinhos com Emily, ela estava seria, seu olhar não ficava preso em lugar só, ela olhava entre os três que a encaravam preocupados.

- Quem era no telefone? - Samuel perguntou fazendo Emily prender a respiração, um nó se formou na garganta dela, por um segundo ela fechou os olhos tentando se recompor.

- Era o Dr. Fletcher, ele está em Cuba - Samuel franziu o cenho, Cuba? O garoto arregalou os olhos quando percebeu, não podia ser.

- O vovô queria ser enterrado em Cuba - sua voz tremeu, Emily andou até o irmão e o abraçou.

- Sinto muito, sei que não teve muito tempo com ele - Samuel ainda não sabia como reagir, assim como Emily, não sabia lidar com aquela dor.

Priscilla e Carol não sabiam o que fazer, aquele era um momento de fragilidade para os dois, então elas apenas se aproximaram e embalaram os dois em um abraço em grupo, naquele abraço os irmãos relaxaram, e as primeiras lágrimas caíram de seus olhos, eles podiam tentar ser fortes, podiam até enganar muita gente, mas no fim eles só precisavam de amigos como aquelas duas, que já eram parte da família, da pequena família que eles haviam criado para si.

Eles não ficaram muito tempo ali, ao se separaram do abraço, resolveram ir a praia mesmo assim, Emily pegou um óculos escuro para esconder o seu olho que estava vermelho, os quatro saíram da casa e se juntaram aos outros, os irmãos um pouco mais quietos que o normal, mas mesmo assim estavam no meio das brincadeiras, eles não queriam viver o luto, principalmente Emily, por que ela sabia que agora uma enorme tempestade viria, ela queria adiar o máximo que conseguisse.























Último capítulo do ano pessoal, desejo boas festas a todos, e nos vemos ano que vem. BEIJOS

Family Issues | MalufcaOnde histórias criam vida. Descubra agora