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·Emily Alencar

- Sam, e aí - falei ao telefone, já fazia um tempinho que eu não falava com o meu irmão, e fiquei muito surpresa ao ter ele me ligando.

- Oi, Emy, tô morrendo de saudades de vocês - ele falou com uma voz manhosa e eu ri.

- Também estou com saudades, garoto, mas você inventou de querer morar no Canadá por um ano - falei e ele bufou do outro lado da linha, eu sorri.

- Você é má, ao invés de me consolar, me dá bronca - ele reclamou.

- Quer consolo? Namora - falei brincando e ele ficou em silêncio do outro lado da linha - Sam? - o chamei sabendo que ele tinha algo a dizer.

- Então maninha - ele começou, mas antes que continuasse eu o interrompi.

- Você tá ai a três meses garoto - falei.

- Estamos nos conhecendo ainda, ficando um pouco - fiz uma cara indignada.

- Meu irmãozinho não pode namorar - eu falei e vi Malu entrando no meu apartamento com sacolas na mão.

- Eu já tenho dezessete anos, Emily, não surta - bufei inchando as bochechas e soltando o ar, Malu me olhou querendo rir.

- Eu proíbo você de namorar - falei com autoridade.

- Quero ver se você vai vir até aqui para me afastar dele - ele falou e eu estava prestes a retrucar, mas então parei para raciocinar.

- Peraê! Ele? - perguntei e Malu me olhou vindo se sentar ao meu lado, ela pegou o meu celular e colocou no viva voz.

- Ahm... Não? - saiu como uma pergunta, Malu riu - Essa é a minha cunhada? - ele perguntou.

- Bom, tecnicamente não, considerando que a sua irmã não me pediu em namoro - ela falou e eu a olhei rapidamente.

- Não vamos mudar de assunto, desembucha Samuel - mandei e ouvi ele suspirar.

- É, Emy, eu tô ficando com um cara - eu fiquei em silêncio, Malu me olhava - Tudo bem? - ele perguntou, eu ouso dizer que tinha medo na voz dele.

- Claro que não, eu odeio gay, foi por isso que expulsei a Priscilla da minha casa - eu falei e Malu me deu um tapa.

- Muito engraçado, palhaça, eu tô falando sério - ele falou e eu fiquei séria.

- É claro que tem problema, tem um marmanjo querendo tirar o meu irmãozinho de mim - fiz manhã - Vai me abandonar por ele?

- Vou - respondeu simples e Malu riu.

- Você só sabe rir? - perguntei e levei um tapa.

- Não se preocupe, cunhadinho, sua irmã é trilionária, você vai poder visitar o seu namorado sempre que quiser quando voltar - Malu falou sorrindo.

- Por que vocês não ficaram juntas de uma vez em? A Malu é perfeita, e Emily.... Enfim... - Malu riu da minha cara.

- Lindo, muito lindo os dois se unindo contra mim - falei.

- Sam, eu estou tentando convencer a sua irmã de ir ao Canadá, o que acha da ideia? - ela perguntou para ele enquanto me olhava nos olhos, Deus eu sou apaixonada nesses olhos.

- Eu acho ótimo, tragam a Carol e Prica com vocês, quero matar a saudade - ele falou animado.

- Vai recusar, Emy? - Malu me perguntou em desafio.

- Depois dessa encarada, eu não - respondi me encostando no sofá.

- Já sei quem é que manda - Sam comentou.

- Ah, claro - eu ri e ganhei outro tapa - Mulher eu vou te denunciar por agressão.

- Lei Maria da penha aí.

- Ela merece, Sam - Malu falou.

- Não tenho objeções.

- Era para você estar do meu lado - reclamei e ele riu junto a Malu.

Ficamos mais um tempo conversando com o Sam, até que ele precisou desligar. Desde que voltamos do Rio, a Malu ficou aqui em casa, de vez em quando a Priscilla aparece junto com a Carol para passar o tempo, mas elas andam ocupadas com as coisas delas. Falando em Priscilla, ela não me deixa esquecer do que viu e nunca perde a chance de zoar a mim e a Malu, mas aí eu lembro a ela que ainda estão reformando a minha cabana depois da "lua de mel" dela com a Carol.

Eu agora estava na cozinha preparando o almoço para mim e para Malu, eu estava cortando algumas coisas quando sinto braços circularem minha cintura, Malu apoiou a cabeça nas minhas costas.

- Querida? - a chamei.

- Hum?

- Eu vou ter que ir à empresa hoje - falei um pouco hesitante.

As sessões de terapia iam bem e a minha terapeuta me liberou para trabalhar, mas Malu, Carol e Priscilla acharam melhor que eu fosse aos poucos, apenas um ou dois dias na semana, elas não queriam que eu voltasse de vez e ficasse sobrecarregada.

- Emily, não - ela resmungou e me soltou.

- Malu, eu...

- Emily, já conversamos sobre isso, trabalho te deixa estressada e o estresse te deixa ansiosa e.... - antes que ela continuasse com o seu monólogo, eu a puxei e a beijei fazendo ela calar a boca.

Soltei tudo em cima da bancada e passei um braço pela sua cintura, enquanto com a outra mão segurava o rosto dela fazendo um carinho. Malu cedeu rapidamente meu beijo desistindo de falar, eu me separei dela deixando dois selinhos em seus lábios, me afastei um pouco vendo ela de olhos fechados, sorri e deixei mais um selinho em seus lábios, ela sorriu e abriu os olhos.

- Odeio quando faz isso - ela fala e deita a cabeça no meu peito.

- Não odeia não - eu afirmo e ela volta a me olhar, agora com um semblante mais sério.

- É importante? - perguntou e eu assenti.

- É uma reunião importante, mas se fizer você se sentir melhor, você pode estar presente - eu falei.

- Não vai ter problema se eu estiver participando de uma reunião? - ela perguntou preocupada e eu sorri me afastando dela e voltando ao que fazia.

- Claro que não, você vai estar comigo, e sou eu quem manda - falei com um sorriso convencido no rosto e a olhei sorrindo de lado.

Malu sorriu e negou com a cabeça me olhando.





















Passei minha vida inteira almejando o seu fim, pois não via mais sentido nas coisas que fazia e me perguntava o que eu fazia aqui. E foi quando ELAS caíram que eu percebi, as duas pessoas que eu mais amava caíram e fui eu a ampara-las, ela precisavam de mim. Foi nas lágrimas de minha mãe e irmã que descobrir o motivo pelo qual eu tenho que viver.

Family Issues | MalufcaOnde histórias criam vida. Descubra agora