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·Emily Alencar

Eu me aproximei de Priscilla lentamente, ela estava na varanda de um dos quartos do segundo andar da casa, me pus ao seu lado para observar a paisagem junto a ela.

- Já escolheu um lado? - ela perguntou me fazendo a olhar, neguei - Sério? Por que não? - sua pergunta foi feita em completa ironia.

- O que aconteceu? - eu perguntei e ela me olhou.

- A Carol não confia em mim - ela disse simples, eu neguei novamente.

- Não é isso.

- Vai defender ela? Desde quando viraram melhores amigas? - perguntou começando a ficar irritada.

- Desde que ela me prometeu te proteger - respondi e a ruiva me olhou novamente.

- Ela me ignorou, se afastou de mim e depois veio brigar comigo por algo besta - estávamos de frente um para outra, eu respirei fundo.

- Não vou mentir, quando ela me contou que ficou com ciúmes por saber que você e a Elana dormiram na mesma cama, eu também pensei que era bobagem, porque amigos dormem na mesma cama - Priscilla foi rápida em concordar - Mas você deveria saber que para ela seria diferente.

- E por que? A Elana é só a minha amiga e nada aconteceu entre a gente, e nem nunca aconteceria, eu estou com a Carol, e somente com ela.

- Já mentiram para ela falando que nada havia acontecido, tenho certeza que a Carol confia em você, mas o que aconteceu antes deixou uma mágoa e ela não pode evitar de pensar que poderia acontecer de novo - vi o olhar de Priscilla cair, ela finalmente entendeu, a ruiva bateu a palma da mão na própria testa.

- Como eu pude esquecer?

- Sei que não foi a sua intenção machucá-la, mas eu juro que ainda quero te dar um soco por fazer ela passar por isso - ela me olhou incrédula - Tem outros quartos na sua casa, porque não mandou Elana dormir em um deles?

- A gente sempre dorme juntas quando ela vai lá pra casa, ficamos assistindo filme e dormimos - ela me responde e eu apenas concordo - O que eu faço, Emy?

- Sou o que? Tua mãe, pra te dizer o que fazer? - perguntei e ela me bateu.

- Quero falar com ela direito sobre isso.

- Você sabe onde fica o quarto dela - respondi e me levantei, mas antes de sair dei um tapa forte no braço dela, ela me olhou querendo me matar, e eu apenas virei as costas indo em direção ao quarto em que eu ficaria com a Malu.

Ela ainda estava dormindo com a bochecha sendo esmagada pelo travesseiro formando um biquinho fofo em seus lábios, tirei meus sapatos e fui até a cama com meu celular em mãos, estava olhando alguns relatórios quando senti uma mão no meu braço, olhei para o lado vendo Malu me olhando.

- Iai, no que deu? - ela perguntou, eu sorri, curiosa.

- Eu conversei com as duas - falei travando o meu celular e me deitei na cama - Elas não estavam erradas, mas a falta de conversa acabou complicando as coisas, no final elas acabaram magoando uma a outra sem ao menos querer.

Malu suspirou pesadamente e se aproximou de mim colocando a cabeça em meu peito, meu braço esquerdo cobriu seu corpo, com a mão direita eu comecei fazer carinho no braço dela que estava em cima da minha barriga, ela não demorou muito a pegar no sono novamente.

...

Acordei com um barulho estranho, abro os olhos percebendo que estava de noite, Malu ainda dormia em meus braços, com cuidado eu me levantei da cama, não queria acordá-la agora. Sai do quarto na ponta dos pés, o corredor estava vazio, desci as escadas tentando não fazer barulho, vou em direção a cozinha que estava com a luz ligada.

Ao entrar no local vi uma Carol atordoada mexendo em tudo de forma apressada e ansiosa, ela não estava bem, claramente.

- Carol - eu chamei por ela, que me olhou rapidamente, eu pude ver suas narinas se dilatando cada vez mais rápido.

- Eu estava, eu estava... - ela não conseguia falar, eu me aproximei dela e segurei em seus ombros fazendo ela parar e me olhar nos olhos.

- Tá tudo bem - falei calmamente, Carol me agarrou com força e eu retribuí no mesmo momento - Tá tudo bem...

- Eu estraguei com tudo, não foi? - ela perguntou com a voz entrecortada - Eu fui idiota.

- Não, você não foi idiota, Carol, não foi. É compreensível o que você sentiu, eu te entendo, vai ficar tudo bem, eu estou aqui com você - falei a apertando nos meus braços e fazendo um carinho nas costas dela - O que acha de fazer brigadeiro? - perguntei e ela levantou a cabeça para me olhar.

Carol concordou, então eu arrumei um pouco da bagunça que ela fez e peguei somente o que usariamos, nós duas passamos a madrugada fazendo brigadeiros, ela se sentia um pouco melhor por ter algo ocupando a sua mente. Escutei um barulho vindo das escadas quando eu e Carol colocamos o brigadeiro em um pote, logo Malu apareceu com cara de sono.

- Oi, ou bela adormecida - brinquei fazendo Carol rir e Malu estirar a língua em minha direção.

- Vocês fizeram brigadeiro? - ela perguntou, se animando e se aproximando.

- O sono até sumiu, olha - falei para Carol e recebi um tapa de Malu.

- Idiota, muito idiota - Malu falou e já foi pegando um colher para atacar o bricadeiro, fui até ela e peguei a colher de sua mão - Ei! - reclamou.

- Ei nada, está quente bonitona, vai queimar a boca - ela cruzou os braços fazendo Carol ir até ela e a abraçar, Malu retribuiu o abraço fazendo drama, eu revirei os olhos.

- Olha ela, Carol.

- Emily, deixe ela em paz - Carol brigou comigo, eu fiz uma careta - Assim que esfriar, você vai ser a primeira a comer - Carol falou para Malu.

Olhei para a porta da cozinha e vi Priscilla nós olhando, Carol e Malu estavam de costas para ela então não a viram, a ruiva olhou nos meus olhos com uma feição triste, fiz um sinal com a cabeça para ela se juntar a nós, ela olhou para Carol e negou indo embora, provavelmente achando que incomodaria Carol se aparecesse ali, eu suspirei e voltei a minha atenção as garotas.

Family Issues | MalufcaOnde histórias criam vida. Descubra agora