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·Carolyna Borges

Algumas semanas já haviam se passado, a Priscilla não estava mais na minha casa, ela ficou no apartamento dela com a Malu, eu sempre ia visitar as duas e acabava passando o dia lá algumas vezes. Falei com a Emily praticamente todos os dias, eu estava muito preocupada com ela, e sempre que ela demorava a me atender ou me responder, eu entrava em surto.

O Samuel estava bastante animado para a viagem, que será em dois dias, ele chegou a me puxar até o shopping junto a Priscilla para comprarmos roupas para ele levar, já que o clima no Canadá é bem frio, acabou que levamos a Malu junto, Emily não foi, estava ocupada com o trabalho.

Hoje era o dia da festa de despedida do Sam, já que depois ele ficaria ocupado resolvendo as coisas da viagem, seria na casa da Amanda como combinado, e seria somente a gente eu, Priscilla, Amanda, Malu, Emily e obviamente Samuel. Preferimos assim, só os mais próximos.

Eu estava em casa me arrumando para ir, quando o meu celular toca, pego ele vendo o nome de Emily brilhar na tela, atendo no mesmo minuto.

[Ligação on]

Cruela? - falei assim que atendi e pude escutar ela bufar.

Oi Minion, só queria saber se já está pronta, eu e o Sam estamos saindo de casa agora - ela falou, como Priscilla e Malu já estavam na casa da Amanda, pedi carona a Emy, que aceitou sem nem pensar.

Quase pronta, Devil - falei e ela riu.

Gostei desse, Pocoyo - ela devolveu a implicância e desligou a ligação.

[Ligação off]

Ok, ela estava alegre e de bom humor, menos mal, ela teve um pequeno surto quando contei que a Malu tava voltando, ela simplesmente travou, não sabia como reagir, Priscilla me contou o que aconteceu entre elas e o motivo de não ter ido para frente, eu resolvi não comentar essa parte com nenhuma das duas.

Assim que terminei de me arrumar, saí de casa e fui esperar Emily chegar no carro, o que não demorou muito a acontecer, entrei no carro e a garota me olhou, parecia me analisar, ela sorriu e deu partida no carro.

- O que foi? - perguntei confusa e comecei a me olhar, será que tinha algo errado?

- Tudo isso para a ruiva? - perguntou e riu, bati nela e ouvi o Sam rir no banco de trás.

- Deixa ela, Emy. Ela quer impressionar a ruivinha dela - Samuel disse e eu me virei para o olhar, estirei o dedo para ele que deu língua.

- Crianças se acalmem - Emily brincou prestando atenção na estrada.

Eu coloquei uma música e fui o resto do caminho cantando junto ao Sam, a Emily ficava apenas rindo de nós dois, quando chegamos no prédio onde Amanda morava, Emily estacionou o carro e todos nós descemos, entramos no prédio e esperamos nossa subida ser liberada, assim que fomos liberados para subir, entramos no elevador.

- Nervoso? - perguntei ao Sam e ele me olhou.

- Um pouco - sorriu - Vai ser a última vez que vamos nos ver, por um longo tempo - ele disse e se virou para frente, notei a feição de Emily mudar, ela parecia ter entrado no mundo da lua após a fala do irmão.

Me aproximei dela e agarrei o seu braço a despertando de seus pensamentos, ela me olhou e sorriu fraco, logo olhando para frente. Chegamos no andar onde a Amanda mora, saímos do elevador e fomos até o seu apartamento, tocamos a campainha e esperamos alguém abrir, e quem abriu foi a Malu, ela estava sorrindo, mas seu sorriso diminuiu ao ver Emily ali, que não sabia o que fazer.

- Oi gente - ela falou dando espaço para entrarmos.

- Oi Malu - eu e Sam falamos juntos.

- Oi Malu - Emy a cumprimentou e seguiu para a cozinha - Ruiva, Mandinha - Emily chamou pelas duas que logo apareceram e foram abraçar ela.

- Ai meu Deus, que saudade - Amanda falou para ela e logo se virou para o Sam - Nossa! Oi Sam, você tá grande.

- Já faz um tempo né, Amanda - ele diz e vai abraçá-la.

- Tempo demais, super-homem - ela fala e eles se separam.

- Am, eu convidei o pessoal da Chango, tudo bem para vocês? - Pri perguntou com um pé atrás.

- Tudo bem, Pri. Vai ser legal - Emily tranquilizou ela - Ainda bem que mandei fazer um banquete.

- Pois é, até parece que você já sabia - Priscilla falou como quem não quer nada, Emily a olhou e sorriu - Como?

- Você é previsível, ruiva - falou dando um beijo na bochecha de Priscilla que riu.

- Ata - revirou os olhos e me olhou sorrindo - Oi benzinho - veio até mim.

- Achei que tinha me esquecido já - fiz um leve drama para ela.

- Nunca mi amor - falou afinando a voz e apertando as minhas bochechas.

·Emily Alencar

Já havia se passado um tempo e a casa da Amanda estava cheia de pessoas, o pessoal da Chango está aqui e alguns deles trouxeram acompanhantes, vi o Sam conversando de forma animada com os meninos, a Carol e a Pri estavam em uma bolha só delas, Amanda tava conversando com algumas pessoas no balcão da cozinha.

Suspirei sentindo um peso em meu peito, peguei a minha bebida e fui em direção ao banheiro, precisava de um lugar sem toda essa gente por pelo menos alguns segundos, quando ia fechar a porta do banheiro vi uma mão me impedindo, era a Malu, ela me olhou e entrou no banheiro fechando a porta atrás de si, fiquei olhando para ela ainda em silêncio.

- Tá tudo bem com você? - perguntou e eu franzi o cenho.

- Sim, eu estou bem, por que? - perguntei vendo ela se aproximar de mim, uma de suas mãos tocou a minha bochecha de forma leve, meus olhos não conseguiam desgrudar dos seus.

- Sabe que pode falar comigo, não é? - ela perguntou, parecia preocupada.

- Eu sei - respondi baixinho.

- Sinto muito, Emy - ela disse tirando sua mão da minha bochecha.

- Você não fez nada para estar se desculpando - falei e ela abaixou a cabeça.

- Eu estava um pouco confusa, e acabei jogando tudo em cima de você, trouxe o nosso passado de volta e... Usei você, não foi justo - ela disse e eu não me atrevi a interrompê-la - Só não quero que se afaste como da última vez.

- Não vou - dei um leve sorriso que foi retribuído por ela.

Malu se virou e saiu do banheiro me deixando ali sozinha, fechei os olhos sentindo o meu coração bater mais rápido que o normal, engoli em seco e tentei suspirar e foi somente aí que percebi que minha respiração estava falha, comecei a me desesperar. Carol, preciso da Carol, mas não posso estragar a noite dela, eu não posso.

Se controla Emily, se controla sua inútil.

Me virei para a parede com raiva e dei um soco nela, senti meus dedos estalarem e minha mão inteira doer, mas fiz de novo, e de novo e de novo, até que a sensação de estar sendo esmagada passou, lavei a minha mão vendo pequenos machucados no meu punho, sai do banheiro como se nada tivesse acontecido.

Family Issues | MalufcaOnde histórias criam vida. Descubra agora