Capítulo 3

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Eu deveria ter tomado alguma bebida alcoólica para encarar a situação. Todos estavam me esperando, queriam conhecer a filha favorita do José Cavalcanti. Porém Heloisa emitiu uma informação importante, tinha um homem desconhecido ao lado do Heitor, me encarando numa forma intimidante, quase vacilei ao descer as escadas. Ele é alto, loiro, um porte físico invejável. A sua fisionomia não parece ser de um brasileiro, estrangeiro, é a palavra correta.

— Rosenberg, apresento a vocês Rafaella. Minha menina!

Desço o último degrau da escada.

— Boa noite! — Cumprimentei.

Os reconheci na mesma hora o casal Rosenberg, estão diferentes na última vez que os vi. Poderia ser a vestimenta, parece mais comum com cores vivas. O patriarca tem uma expressão dura no rosto, é a versão mais madura do Heitor, e a sua esposa me olhava desconfiada. Mesmo com seus olhares nada agradáveis lançados sobre mim, não tirava a sua beleza. Parece mais jovem, o seu cabelo preto estava preso com um coque único e os lóbulos das suas orelhas seguravam um par de brincos de safira. Mesma cor dos seus olhos e do seu filho.

— Realmente não poupou os elogios, José. A sua filha é belíssima, uma joia rara. — Heitor pela primeira vez se pronunciou.

Nunca na minha vida fiquei tão envergonhada que fiquei neste instante. Tudo nesse homem exalar poder, o seu perfume importado, seus gestos e principalmente a sua boca fina. Heitor é tão influente e respeitado, não é à toa que ganhou no primeiro turno. Agora eu sei porque a revista descreveu o Heitor Rosenberg "O homem mais bonito do Brasil", ele é realmente o homem mais bonito que eu vi em toda a minha vida. Seus olhos são tão azuis quanto os brincos da sua mãe.

Entretanto, tem esse homem desconhecido ao lado dele que não parava de me encarar. Seus olhos são verdes, cabelo corte militar e uma barba bem aparada. Realmente ele é estrangeiro, não sei qual país.

— Prazer, Gael Miller! — Estendeu a mão — Prazer em conhecê-la.

Cumprimentei, peguei a sua mão. A sua mão é firme e áspera, imagine essa mão pegando o corpo de uma mulher, o estrago que ela faria. Sentir o carinho no dorso, e também percebi que ele tem um sotaque carregado.

— Você é americano?

— Sim! — Soltou a minha mão.

— Sr. Miller é um primo distante da nossa família, veio passar alguns dias no Brasil. — Diz o Ricardo, seus olhos olharam para cima. — Uau, quem é essa beldade?

Ah? Seguindo o seu olhar, virei o pescoço. Cecília estava no topo da escada, parecia mais uma beldade, uma virgem e inocente, seus cabelos longos estavam perfeitamente ondulados. Nem as mechas verdes atrapalhavam a sua aparência, como este vestido parecia uma mulher com classe. Olhei para o Heitor, estava hipnotizado, a sua boca levemente aberta, quando a Maria Cecília começou a descer em câmera lenta.

O Heitor passou por mim e esperou a Maria Cecília descer o último degrau com a mão estendida. Lágrimas inundaram os meus olhos quando as suas mãos se tocaram, primeira vez senti um patinho feio diante da Maria Cecília. Sempre fui o centro das atenções, sempre fui a mais bonita da festa... sempre fui a mais desejada. Até os olhares que eram lançados com desconfiança sobre mim, agora são lançados com fascinação por Maria Cecília. A senhora Rosenberg a olhava com ternura, tinha um sorriso de satisfação.

— Que linda! É caçula da família? — Perguntou — A caçula é sempre a mais bonita da família.

Fiquei sem chão. Como ousa? Maria Cecília não passa de uma encrenqueira suja e mal educada, eu deveria ter deixado o papai ver essa arte do seu cabelo quando chegou em casa, agora estaria com as costas marcadas e vermelhas, trancada no quarto. E não seria capaz de usar este vestido e não roubaria o meu momento. Engolir o choro e a raiva, borrar a maquiagem não faz parte do show.

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