UMA SEMANA― Não sabia que a sexualidade de uma pessoa é tão importante para este país - Henrique murmurou ao meu lado enquanto olhava a revista "Capricho". ― Maldita seja!
Uma pessoa má índole tirou uma foto bem comprometedora do Henrique e com Rômulo, os dois estavam aos beijos no jardim da casa. Eu desconfio de uma pessoa que está do outro lado comendo Nutella com banana. Henrique falou que se encontrou com esse menino às 01:00 da manhã, quase no horário da Maria Cecília que chegou em casa. Verifiquei as câmeras de segurança, realmente bate com as minhas suspeitas. Já faz uma semana que a Maria e a Laura estão hospedadas contra a minha vontade.
Às vezes oro para morrer cedo, mas quando fecho os meus olhos a imagem do Henrique sofrendo nas mãos do Heitor e da Maria surge em minha mente. Não vou deixar o meu bebê no ninho de cobras, mas, por outro lado. O filho da puta não tem mais o poder sob mim, o segredo que ele usava para chantagear foi descoberto. E agora a família Rosenberg estão tentando endireitar as coisas, até agora o Henrique não tentou se matar. Muitos posts negativos no Instagram e Facebook, tirei na escola por causa do seus colegas. Estava sofrendo ameaças e assédio, por parte dos meninos, irônico.
Coloquei uma mecha escura atrás da sua orelha pequena, e beijei a sua bochecha molhada pela lágrima, que descia a cada palavra lida sobre ele. Peguei a revista da sua mão e joguei para longe, o abracei forte.
― Não liga, é importante que você seja apoiado pela sua família.
― Eu não falaria mentiras para o Henrique, Rafaella! - Heitor entrou furioso com o cinto na mão, com instinto de mãe, levantei no sofá e usei o meu corpo para protegê-lo por qualquer coisa.
Percebi logo que o Heitor está consumido pela raiva, suas íris estão escuras e o maxilar retraído.
― O que foi agora? Por que dessa agitação?
Apontei o dedo e respondeu ― Por culpa dele desse viadinho que estou perdendo a popularidade dos meus eleitores. Fizeram uma pesquisa sobre mim, caí 38%. Está satisfeito, HENRIQUE? A sua anormalidade está afetando a carreira do seu pai, seu bostinha.
Tentou atacá-lo com o cinto, mas tentei segurá-lo ficando na sua frente. O cinto de couro preto atingiu em cheio as minhas costas nuas, dei um grito quando senti a forte ardência e um puxão do meu couro cabeludo, meu corpo foi impulsionado para frente. Bati com tudo a testa no chão, fiquei zonza por alguns segundos e para piorar, o meu braço sentiu todo o impacto do meu corpo. Atrás de mim, escuto os gritos do Henrique pedindo a minha ajuda. Levantei o meu corpo ignorando as torturas, e fui pra cima dele com os punhos centrados.
― PARA COM ISSO, ESTÁ MACHUCANDO ELE! — Berrava. ― SEU MONSTRO.
Heitor deu um soco em meu rosto, caio no chão novamente sentindo o gosto do meu sangue e aproveitou-se, deu dois chutes na minha barriga. Gritei. Vi por um instante Maria Cecília correndo para cima, me ajuda irmã.
― LARGA ELA, SEU MONSTRO! — Henrique todo machucado pulou em cima do seu pai, mordeu o seu braço.
― SUA BICHA, VAI ME CONTAMINAR!
Ele jogou o próprio filho para longe, chutando-o a sua cabeça. Sangue saía em sua boca, Heitor fazia repetidas vezes sem intervalo. Daqui dava para ouvir o osso se quebrando, era o som angustiante de escutar.
― NAOOOOOOOO.
Peguei a jarra que estava no centro da mesa, era pesada suficiente para apagá-lo. Prefiro ir para cadeia, ao ver o meu filho sendo morto. Levantei novamente, e taquei em sua cabeça, mas infelizmente não foi suficiente. Só deu ferimentos um pouco grave, senti um arrepio na espinha quando ele virou para trás. Não acredito que uma queda de popularidade virou esse monstro sem se importar com as aparências. Tem alguma coisa errada para tanta violência.
― É tudo culpa sua, ao invés de ser uma dona de casa desde o início. O nosso filho não seria porra de um viadinho.
― Mamãe... - A sua voz está fraca.
― Heitor...
Veio em minha direção, fechei os olhos. Agarrou o meu pescoço e fui jogada, minha cabeça bateu violentamente contra o chão. Subiu em cima de mim, me enforcando sem piedade.
― Vagabunda! — Rosnou.
Arranhava o seu rosto com as minhas unhas, deixando marcas. Aos poucos estou perdendo a consciência, penso algo muito bonito. Os meus filhos se conhecendo e sendo amigos, compartilhando segredos, medos, alegria, insegurança... e morte. Escuto um disparo, e depois outro. Os respingos de sangue suja o meu rosto, o seu corpo cai sob meu. Algo molhou o meu vestido... era sangue dele. Sinto alguém se aproximando, olhei para cima. Era Maria Cecília segurando uma arma, estava chorando e tremendo toda.
― Eu não fiz por você. Fiz pela minha filha, ele ofereceu a minha filha para o Mustafá Al-Madini por três noites. E agora morra, sua miserável de merda. Vejo você no inferno.
Maria Cecília apontou a arma em minha direção, balancei a cabeça e chorando muito. Não quero morrer assim.
― Aqui é a polícia, abaixe a arma.
Um fio de esperança cresceu no meu peito. A casa foi invadida por policiais, virei o pescoço, eram dez. Dez anos anjos que vieram me salvar.
GAEL MILLER
TRÊS DIAS
Estou sentado esperando notícia da Rafaella e do Henrique, fiquei sem reação ao ver o noticiário sobre o ataque do Heitor. Soube pelos terceiros que ele foi provocado por deputados e senadores, e mais manifestações contra o seu governo de apoiar a comunidade LGBT, por causa do seu filho é homossexual. Mas, mesmo assim, um cargo de alto nível que o Heitor ocupa. Deveria ser mais discreto. Não é assim que os políticos resolvem? Tudo debaixo do tapete, ou mandam fazer.
― Coitado do meu filho. — Luiza se lamentava ― Era um bom menino, culpa da Rafaella e daquele garoto.
Tia Luiza não queria cair na real que o seu único filho não é tão inocente e puro assim, o Heitor sabia exatamente o que estava fazendo e as consequências dos seus atos, como uma pessoa pública seria incapaz de cobrir a violência contra a própria família. O seu ataque homofobico recurpetiu algo negativo no exterior, até as manifestações pararam de acontecer. Ficaram chocados quando descobriram que o presidente do Brasil espancou a mulher e o filho e teve um caso com a própria cunhada e tem uma filha fora do casamento. Vários vídeos íntimos da Rafaela, Maria Cecília e do Heitor estão na internet. O Brasil está de cabeça para baixo de tantos escândalos um atrás do outro graças a Maria Cecília.
― Gael? - Escutei o meu nome ser chamado.
Levantei a cabeça, era Bianca escondida no cantinho. Olhei para os meus tios que estavam alheios à sua volta, e levantei, fui à direção dela. Bianca me puxou no canto mais reservado, olhou para os lados se não tinha ninguém e começou a falar algumas coisas bem cabeludas.
― Eu sei vários motivos da sua raiva, o Heitor está falido. Fez alguns negócios arriscados usando a Maria Cecília e perdeu todo o seu dinheiro.
― A família Rosenberg está falida?
Negou ― Por sorte! Porque o Ricardo ainda está no poder nos negócios dos hotéis, se não fosse isso, com certeza estariam falidos e mendigando na rua.
― Como você soube disso, parece confidencial! ― Perguntei, é muita informando no dia só.
― No hospital não é lugar para este assunto, vamos esperar a poeira baixar e contarei tudo que eu sei.
― NÃOOOOOOOOOOO!
Nós nos assustamos com o berro da Luísa. Saímos no esconderijo, e fomos à sala de espera reservada só para a família. A coitada está no chão chorando e berrando, Ricardo com lágrimas escorrendo tentando acalmá-la a todo custo. Então soube que Heitor Rosenberg acabou falecendo.
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ESPOSA PERFEITA - LIVRO 1
RomanceRafaella Cavalcanti cresceu no mundo de privilégios, sempre teve o que queria. Sempre foi uma boa filha e obediente, uma visita inesperada na festa de Ano Novo fez questionar o seu dever e as ordens do seu pai. Desde então, vive no prazer desconheci...