Capítulo 9

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Estava escuro quando cheguei em casa, a casa estava toda em silêncio. Sem sinal de Heloísa, Miguel, Maria Cecília ou as empregadas, é melhor assim, nenhum deles poderiam ver as minhas lágrimas molhando o meu rosto e a vergonha estampada, não queria explicar para ninguém o que aconteceu para me deixar assim. Eu queria morrer, queria ser enterrada viva para aprender ser menos vadia e imoral, eu julguei tanto a sonsa da Ana Clara que agir igual a ela. Mordi o fruto fruto, deixei a cobra maldita rastejar sob a minha pele. Tirei os meus sapatos e deixei ali mesmo, papai paga as empregadas é pra isso.

Subir as escadas com as pontas dos pés, acaso encontre um deles no meio do caminho. Girei o trinco do meu quarto, está todo escuro, provavelmente a Bianca está dormindo. Fui ao banheiro, apertei o receptor, pude ver a minha real aparência no espelho. A maquiagem que a Bianca fez impecavelmente está toda borrada, manchas escuras debaixo dos meus olhos. Estou parecendo uma palhaça de circo.

Fiz bercinho, fechei a porta atrás de mim. Deslizei o meu corpo pela porta chorando silenciosamente, abracei os meus joelhos, estou me sentindo tão culpada que fiz hoje. Poderia colocar a culpa da bebida, porém, não iria adiantar, sou responsável pelas minhas atitudes impensáveis. Respira, Rafaella, ninguém vai descobrir o seu segredinho sujo. Entretanto, tem o Gael, se ele contar para o Heitor? A minha reputação seria manchada, eu seria ridicularizada e escorraçada para fora de casa. Toda a responsabilidade cairia sob mim, sou uma mulher, a culpa é sempre da mulher.

Sentir uma fisgada dolorosa na minha vagina. Tirei a calcinha, está bastante molhada pela lubrificação, gosma transparente e pouquinho de sangue. Pedir a minha virgindade? Abrir as pernas, está implorando por mais, está vermelho e inchado, deslizei dois dedos, sensível demais. Fecho os olhos, aquela sensação dolorosa e excitante distribuindo em todo o meu corpo ainda está ligada por 220 volts.

Comecei a brincar com o clitóris, massageando devagarinho e depois com bastante pressa em círculos. Mordi o lábio inferior, o prazer subia e descia, os mesmos dedos penetraram no hímen. Entrava e saia rapidamente, isso não estava ajudando. Parecia que o prazer estava mais se acumulando, precisava de algo específico para se libertar. Precisava... dele. Dos seus braços, sua boca, seu corpo e a sua ereção, se o Heitor não estragasse o clima. Estaria no paraíso e no inferno ao mesmo tempo.

Chorei mais ainda. Retirei os dedos. Minhas pernas doíam, a minha vagina também, tudo doía, por dentro e por fora. Uma imensa vontade de vomitar surgiu, corri rapidamente para a privada, abri a tampa e vomitei. Qual o motivo disso? É pela culpa ou pela comida horrível que comi? Foi pela comida, o meu estômago não está acostumado a comer algo bastante gorduroso. Ainda sinto o gosto da calabresa.

— Rafaella? Você está bem? — É a Bianca. — Escutei alguém vomitando.

Vomitei pela segunda vez, acalmei um pouco e respondi.

— Um pouquinho, amanhã eu vou te contar. Só me deixa morrer sozinha.

— Tudo bem! Se piorar, vamos para o hospital mesmo você não querendo.

Ouvir a Bianca se jogar na cama. Terceira vez está vindo, vomitei tudo. Pensava que iria morrer, vomitei tantas vezes que acordei até a Heloísa, mesmo que seu quarto seja no final do corredor.

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Acordei com a Bianca cantando a música de Britney Spears "Baby one more time" em frente ao espelho e a minha escova de cabelo é o seu microfone, a ruiva não estava usando nenhuma vestimenta que cobrisse o seu corpo pálido. Exceto as roupas íntimas da cor amarela desproporcional ao seu corpo e o cabelo seu avermelhado. Incomodada com a baixaria de manhã cedo jogo o travesseiro na sua direção e o outro enfiei na minha cabeça. Estou sem um pingo de humor, quero ficar aqui para sempre. Nada de enfrentar o mundo real ainda, quero me esconder dos futuros olhares enojados das pessoas quando descobrirem que deixei um homem me tocar sem estar casada. O ano é 2000, mas o Brasil é o ano de 1950.

ESPOSA PERFEITA - LIVRO 1Onde histórias criam vida. Descubra agora