As pessoas caminhando com seus respectivos filhos, cachorros, barulhos, motos andando em duas vias eram uma distração bem-vinda enquanto saboreava o meu sanduíche natural e uma Coca-Cola bem geladinha, hoje o interior de Portofino esquentou. Dou outra mordida, estou empurrando o máximo de mordidas para o meu estômago, hoje estou trabalhando no hotel próximo onde estou. Eles recebem muitos franceses neste verão, o meu francês foi essencial para conseguir este emprego. Pelo menos eu trabalho sentada e um ar-condicionado debaixo da minha cabeça. E a comida deles são divinos, e bem higienizados.
Observo um casal feliz com seu filho, aparentemente um ou dois anos, estão tão felizes. Lembro da conversa que tive com Gael, fui dura demais e sincera, foi melhor assim, eliminaria qualquer sonho que o americano tem comigo.
Vivemos num mundo totalmente diferente, as nossas vidas são diferentes, nossas línguas, nossas culturas e principalmente a conta bancária, eu nasci pra ser dona de uma mansão e cheios de empregados e não dona de uma simples casinha bonitinha. Que tenho que lavar louças, varrer casa, estender a roupa no varal e criar os meus próprios filhos, sem ajuda de babás. O Gael é lindo, gentil, e carinhoso, mas esses adjetivos não ajudarão a pagar as contas. Se for escolher dinheiro e amor, eu escolho definitivamente o dinheiro, sem dúvida. Posso ser até estúpida, porém, estarei usando Chanel, Miu Miu, Gucci, Louis Vuitton e etc...
Quando acabei, levantei na calçada. Um incômodo atrás e a frente surgiu, Gael pegou muito pesado. Estava com raiva da nossa conversa e logo depois tivemos um segundo round. Aquele sofá vai precisar realmente de uma limpeza bem profunda e também a poltrona. Limpo o vestido atrás de mim, arrumo o meu cabelo e saio, joguei a latinha e a embalagem no devido lugares.
O meu dia começou cedo, ser independente tem o seu alto custo, a hora dessa no Brasil eu estava dormindo ou tomando um delicioso café. Isso sim, era vida, e eu devo continuar com essa vida. Mesmo que arranque o meu coração ou jogo a razão fora. Dei graças a Deus quando vi o Leonardo vindo em minha direção com a sua moto motorizada. Abro o sorriso gigante.
— Bom dia, senhorita! — Leonardo fala o português muito bem, ele é parte brasileiro por parte do pai. — Quer uma carona?
— Quero! - Respondo sem pensar duas vezes. Subi na sua garupa e agarrei o seu trono magro. — Obrigada!
— Não precisa agradecer, Rafinha!
Léo deu a partida, e saímos, o vento batia contra o meu rosto. O aroma do mar salgado invadia as minhas narinas, uma imensa vontade de abrir os braços e gritar bem alto. A andar de moto é tão legal, talvez eu compre uma moto para mim, tento não sorrir. Foi uma piada muito engraçada, com o trânsito caótico do Rio de Janeiro vai ser uma aventura e tanto, a primeira coisa que vou exigir é que o Heitor contrate um motorista particular.
Em poucos minutos, Leonardo estacionou a sua moto em frente ao Hotel. O segundo trabalho é um lugar bem bonito, charmoso e uma ótima arquitetura. Desci no veículo, arrumei o meu vestido e o meu cabelo bagunçado pelo vento.
— Muito obrigada! — Beijo a sua bochecha.
— Que tal na boca? — Deu piscadela.
— Meu menininho, quando você crescer.
Virei e fui à caminho.
— Mas, eu sou homem.
— Tem apenas dezessete anos. — Retruquei sem olhar para trás. — Até o final do dia.
Algumas pessoas olharam para nós para descobrir qual a língua que nós estávamos falando. Abri a porta, o sino tocou e fui recebida pelo ar frio do ambiente. Ah, que refrescante! A pequena pousada ainda não tinha ninguém, olhei o relógio na parede, ainda nem deu 08:00 horas, daqui a pouco este local vai encher de turistas.
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ESPOSA PERFEITA - LIVRO 1
RomantizmRafaella Cavalcanti cresceu no mundo de privilégios, sempre teve o que queria. Sempre foi uma boa filha e obediente, uma visita inesperada na festa de Ano Novo fez questionar o seu dever e as ordens do seu pai. Desde então, vive no prazer desconheci...