Estou praticamente fugindo dessa casa, estou pegando só os necessários e colocando em três malas. Depois daquela revelação da Ana Clara, fui pra dentro de casa, encontrei Ricardo e Luíza na sala conversando com o meu pai. Pude ver nos seus olhares sentimento de pena, raiva e solidariedade quando me viram. Não quero este sentimento, odeio isso, é o pior sentimento que existe do mundo. Os dois propôs um acordo, queriam me hospedar em um dos seus melhores hotéis na Barra de Tijuca, eles deixaram isso bem claro a sua reprovação e o seu comportamento de lidar com as situações improváveis. Que poderia causar uma situação catastrófica para ambos. E é claro, José reprovou essa ideia, eu só poderia sair dessa casa quando estiver casada.
Peguei o meu passaporte, alguns documentos e coloquei na bolsa. Bianca estava pesquisando alguns destinos internacionais, quero ir bem longe daqui, daqui a pouco ela vai chamar um táxi.
— Rafaella, você está levando três malas grandes, para de ser doida e leva só uma, você precisa sair daqui para que ninguém perceba. Leva só os necessários, e eu achei o seu destino, vai para Itália. No interior da Itália, no aeroporto você vai comprar as passagens de classe econômica.
— Classe econômica? Eu nunca andei na classe econômica, poderia ser na executiva?
— Não, Rafaella! Vai ser pobre mesmo, e desfaça as suas roupas, não leva nada caro.
Suspirei, escolhi as melhores roupas e coloquei tudo na mala de novo. Meu coração está cheio de expectativas, e a ansiedade me matando aos poucos, nunca imaginei ir ao lugar tão longe do Brasil. Principalmente sozinha, meu pai nunca me deixou, sempre dizia que era perigoso demais uma mulher desacompanhada em um país desconhecido. E agora, vou sozinha pra Itália, fugir dessa situação e viver um pouco mais da minha vida... finalmente!
— Está chorando porque? — Bianca perguntou.
Nem percebi as lágrimas, enxuguei rapidamente e a ignorei, ainda tem muita coisa pra arrumar. Fui ao closet, tirei o meu vestido, as cintadas ainda estão doendo. Escolhi uma calça jeans, uma blusa rosa, uma jaqueta de couro, um par de botas e calcei. Fui na penteadeira, abri a primeira gaveta, peguei um papel limpo e comecei a escrever, quero deixar bem claro em forma de palavras o motivo da minha saída.
— O que você está fazendo? - Bianca saiu da cama, e ficou atrás de mim. — Uma carta? Original, não esquece de ocultar algumas informações.
— Eu sei disso, Bianca! Não sou burra! — Terminei de escrever, e coloquei no espelho com adesivo.
Vou ficar um tempo fora, no máximo seis meses. É tudo que preciso, antes de assumir todos os compromissos. Estou nem aí se eles não vão entender, é problema deles.
— Vamos Rafaella, está na hora! — Bianca pegou a mala grande. — Vamos jogar no jardim, você vai sair pela janela. Não é muito alta, vamos para casa da minha tia e lá eu ligo pro táxi.
Tenho imensa vontade de chorar, não mereço isso. Estou fugindo como se fosse criminosa, a verdadeira criminosa está lá embaixo servindo cafezinho com sorriso do rosto. Que raiva, a minha vontade é de esganar essa criatura insignificante. Rata! Tenho uma bomba nas mãos e não vou nem usá-la. Abro a caixa de jóias, pego alguns que possam ser úteis de vender. Estou levando só dois mil reais para me sustentar em alguns dias na Sicília, mesmo que seja muito dinheiro, quando chegar ao meu destino penso mais com clareza.
Levantei, ajeito a calça jeans. Pego a minha bolsa, Bianca e eu fomos na janela, a ruiva tem razão sobre a altura. Por sorte, a janela fica debaixo de seis ajustes que facilitará a queda e minimizará o possível barulho. Jogamos a primeira mala, caiu entre elas.
— Tô com medo! — Digo. — Se eu cair e me machucar feio?
— Vamos Rafaella, não temos tempo. Ou você quer ficar aqui? Olhando a cara do seu pai?
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ESPOSA PERFEITA - LIVRO 1
RomanceRafaella Cavalcanti cresceu no mundo de privilégios, sempre teve o que queria. Sempre foi uma boa filha e obediente, uma visita inesperada na festa de Ano Novo fez questionar o seu dever e as ordens do seu pai. Desde então, vive no prazer desconheci...