Capítulo 31

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2022/2023

A queima do meu couro cabeludo traz-me de volta à realidade. Através do espelho vejo a cabeleireira finalizando os cachos definidos, parei de usar alisantes ou qualquer coisa do tipo, e deixei os meus cabelos naturalmente. O natural é mais bonito. O salão está cheio, grande virada do ano, todas querendo ficar desesperadamente bonitas.

A vice-presidente Ana Clara está ao meu lado lendo os contratos da publicidade e álbuns, seu cabelo liso está quase sendo finalizado. Nesses últimos anos, nós nos aproximamos um pouco, uma barreira foi quebrada e o abismo foi diminuindo. Ana Clara teve um aborto espontâneo, e a sua dor, me lembrou quando perdi o meu bebê vinte e três anos atrás. Desde então, viramos amigas e rivais.

— Temos um catálogo atualizado, novas meninas e jovens descobertas. — Comentava folheando os álbuns. — No total, são vinte e sete meninas, e tem uma estrangeira, é da Itália. E você vai conhecê-las depois amanhã.

Olho para as minhas unhas, ainda tenho que fazer o alongamento. Já estão ficando curtas.

— Sim! - Confirmei, olhei-a. — Quero fazer um pequeno desfile, a empresa de jóias L.B Império quer contratar algumas meninas no catálogo, vão apresentar nova coleção.

— Vai ser aqui, no Rio de Janeiro?

— Sim! Vai ser no hotel Copacabana Palace. Várias pessoas importantes e influencers digitais já receberam o convite, vai ser daqui a uma semana.

Seus lábios pintados de vermelho esboçaram um sorriso cínico.

— Você viu a revista Vogue, que o Alessandro Lambert está solteiro e divorciado? Aquele francês é muito... gostoso.

Sorrio...

— O meu irmão iria adorar saber disso.

Ana Clara mostrou a língua para mim.

— Nojenta! Sou casada e não cega, o Miguel é lindo. Mas o Alessandro é lindo demais, tem uma aparência exótica...

— Soube que a sua mãe é mexicana, é por isso que é bonito. Eu não acho os franceses masculinos bonitos, são meio sem-sal ou falta um pouco de tempero.

— E não tomam banho.

— Pronto, senhora Rosenberg. O seu cabelo está belíssimo. — Diz a cabeleireira amassando os cachos.

— Obrigada!

Levantei-me na cadeira giratória, o meu bumbum está dormente, sentada cinco horas no estofado de couro preto finalmente estou livre. Pagamos à recepcionista, e saímos, fui invadida pela brisa do vento. Ana Clara pegou a sua chave dentro da sua bolsa, e entramos no seu carro novo comprada ela mesma, ligou o ar-condicionado e saímos no estacionamento que é reservado para os clientes do salão.

— Vamos para casa do José!

As ruas principais do Rio de Janeiro estão repletas de pessoas e turistas, as ruas ficam lotadas de época de carnaval e Ano Novo, já passei o Réveillon na praia, e eu odiei a experiência, muitas pessoas mal-educadas e fui roubada por dois malandrinhos, foi na época de 2010, sempre tem a sua primeira vez e a última, essa foi definitivamente a última. Ana Clara buzinava para as pessoas saírem da frente, estava irritada, até eu fiquei irritada.

— Pessoas idiotas, a minha vontade é de atropelar todo mundo.

De repente ouço uma batida da janela, me assustei. Deparei com o meu filho de treze anos todo sujo de farinha e ovo, seus olhos azuis estão lacrimejando e o seu lábio inferior tremendo, estava prestes a chorar. Ana Clara destravou a porta dianteira, e imediatamente ele entrou, antes pediu licença e sentou com bastante cuidado para não sujar. Eu e a Ana Clara nos entreolhamos espantada e assustada.

ESPOSA PERFEITA - LIVRO 1Onde histórias criam vida. Descubra agora