Capítulo 57

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HENRIQUE ROSENBERG

Um arrepio forte desceu pela minha coluna quando o Ruan sussurrou ao meu ouvido me orientando para tirar o alvo. Que está a nossa frente por poucos metros, nesses últimos dias o cubano está me ensinando a usar armas e como lidar com as mercadorias do seu pai, ele quer entrar na Famiglia. Ser filho de um associado não está mais satisfazendo, o Ruan quer mais. E eu? Quero ter mais contato com ele, desde o vi pela primeira vez senti uma sensação estranha, a mesma sensação que tive com o Rômulo. Eu não queria terminar o nosso relacionamento, mas infelizmente as circunstâncias nos obrigam.

Agora consegue tirar no alvo? ― Suas mãos firmes apertaram na minha cintura Vamos, você consegue.

Sentia os seus lábios encostando na minha orelha, o meu corpo sente arrepio perto dele. Não quero ser considerado estranho vindo dele ou deste país, vou me assegurar no máximo possível para conter a minha sexualidade. Seria tão fácil se fosse um hétero, o mundo é cruel demais que são diferentes. Fiquei ereto, com o revólver de calibre 38, tinha o seu nome gravado nele. Mirei no alvo, o alvo era uma latinha de Coca-Cola cheia, fechei um dos olhos e atirei, incrível que pareça acertei o alvo.

Sem perceber abracei o Ruan, senti o seu corpo ficar tenso... Merda, Henrique! Se controla viadinho. Afastei-me, todo sem graça e olhando para outro lado.

Desculpa, empolguei demais ― Tento consertar a situação E então, vai me ensinar a reconhecer as drogas?

Virei o corpo, peguei a sua mão e devolvi a arma.

Quer sair hoje à noite?  Perguntou olhando para os meus olhos Vai ter uma festa na casa de um amigo, bebidas e mulheres gostosas. Há dias, eu não como ninguém.

Arregalei os olhos ao ouvir isso. Já fiz sexo com o Rômulo, foi extremamente doloroso e rápido, me entreguei a ele antes daquela bomba entrar em nossas vidas.

Pode ser! Eu adoraria, às que horas?

Envio uma mensagem, fique de olho nas notificações.

Pode deixar!

Nós sorrimos um ao outro.

Cheguei na residência nova, e fui direto para o meu quarto. Aos poucos estou gostando da rotina desta casa, exceto os fusos horários, joguei a mochila azul na cama. Fui na escrivaninha, sentei na cadeira e liguei o notebook, mamãe não sabe mas às vezes vejo as notícias sobre a gente. É inevitável, principalmente sobre mim, é terrível ler as mensagens dos alunos da escola onde estudava, ódio gratuito. Já sofri bullying antes disso, e agora, sofro de todo mundo. Vou direto para o Instagram, vejo as mensagens privadas, as maiorias eram dos garotos que infernizava a minha vida.

"Gostosinha, quero foder você todinha!"

"Libera o seu cuzinho para mim"

"Se entrar no Brasil, te arrebento sua aberração".

Ignoro essas mensagens, e vejo uma que é realmente importante para mim.

"Henrique, eu gosto de você. Porém, envolver com você foi algo perigoso, excitante e irracional, a minha vida virou de cabeça para baixo por causa daquela foto íntima. Ninguém quer contratar a nossa mãe, e nenhuma escola quer me matricular, estou sem rumo e dinheiro, mesmo que a sua mãe deu uma enorme quantia para gente. Está acabando, daqui a pouco vamos para rua e pedir esmola, e por isso que nós decidimos ir ao México por enquanto e tentar atravessar ilegalmente a fronteira. Eu sei que loucura é perigosa, mas infelizmente está difícil para nós morar no próprio país. E estou escrevendo essa carta para saber os motivos por que não entrarei em contato com você. Quero que seja feliz, e ame outro homem na sua classe social, assim terá menos dor e mais aceitação. Não me arrependo de nada de viver um romance proibido com o filho da patroa, seja feliz! Com amor, Rômulo!"

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