Capítulo 33

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GAEL MILLER

A metade dos meus homens foram para cidade curtir ou descansar, hoje foi um dia muito cheio. Tive uma pequena reunião com o Pablo, o dono do bar sobre o ponto de vendas, decidimos aumentar a mercadoria por vinte euros. A nossa clientela aumentou nesses últimos anos, muitos jovens usam drogas até entupir o cu de pó, não me importo se são crianças ou não. Os seus vícios são dinheiro no meu bolso, e são eles que pagam as contas de lá de casa.

Vinte e dois anos depois.

Sou subchefe, controlo a saída e a entrada das drogas, e armas também. Recebi a confiança dos meus ex-alunos, Lúcio e Enzo Ganzarolli. Antes de eles assumirem a cadeira eu era apenas um Capo. Treinava e retrucava os novos membros da associação. Os ensinavam o que era preciso, e também castigavam se for preciso. Engoli a minha indignação e enterrei a minha humidade quando entrei, aqui na organização não tem vez pro bonzinhos. São os primeiros a ser engolidos.

Presenciei muita escuridão, em algum momento tive que fechar os olhos para não enlouquecer. E quando fechava, via a minha adorável ratinha, seus lindos e grandes olhos verdes. Tão gentil, tão doce, tão meiga. Os seus sorrisos iluminam a minha vida, o seu perfume alivia as dores do meu corpo e a alma, sou imundo perto dela. Agora, Catarina está estudando no Canadá, a maioria das vezes mando ela para longe. Sendo mulher, não fará parte da organização criminosa. Entretanto, qualquer membro que esteja ocupando a cadeira de maior liderança se apaixonar pela ratinha, serei obrigado a dar a sua mão a ele.

Seria uma traição se não entregasse a ela, teria duas opções: Serei expulso e perderia tudo o que conquistei, dinheiro, casa, respeito e eu seria um prato cheio para os inimigos. E tem a segunda opção, seria torturado e morto logo em seguida, nas mãos que recusei o pedido. Dificilmente seria a primeira opção, e uma dessas regras seria: a minha filha morreria.

Guardo alguns papéis importantes dentro da gaveta, são contratos de publicidade da empresa da vagabunda. Todos esses anos nunca vou esquecer o que ela fez comigo, e principalmente com a Catarina, a coitadinha quase morreu por três vezes. Se não fosse o Vincenzo cuidando dia e noite, ela não estaria aqui, sou eternamente grato por ele. Falando em diabo, Vincenzo entrou no meu escritório.

― Soube que você quer entrar na organização. Por que o motivo? Nunca gostou dos negócios da família.

Vincenzo até agora está solteiro, nunca se relacionou com ninguém a sério. Coleciona belíssimas mulheres, modelos, médicas, enfermeiras e etc. Mas, ninguém chegou ao seu coração, é presidente do hospital e dono, aos vinte e seis anos conseguiu comprar um hospital caindo aos pedaços onde fazia a sua especialização e logo dos anos transformou o hospital de referência aos transplantes múltiplos e mais capacitado da Itália.

― Estou querendo expandir os negócios.

Aproximou-se na mesa, puxou a cadeira e sentou, cruzando as pernas.

― Não me diga que vai traficar os órgãos, ou já trafica? — Arquei uma das sobrancelhas.

― Ainda não, mas estou pensando. O rim vale o equivalente ao valor de uma Ferrari, milhares de pessoas na fila de espera. E várias delas são pessoas bem ricas, desesperadas para viver e fazer qualquer coisa. Entreguei um dossiê para o Lúcio falando sobre esse negócio e a minha entrada.

Coço o meu queixo, fiquei pensativo. É um negócio bastante lucrativo apesar de que terá bastante morte encomendadas, ou podemos ser mais inteligentes, oferecer o mísero dinheiro para pessoas de baixa renda. O país ideal é a Índia, com superlotação e pouquíssimos recursos. Trocar pelo iPhone pelo rim, ou comida, roupas ou óculos escuros. São pessoas que nem sabem interpretar ou escrever o seu próprio nome. Terei que marcar uma reunião com o Lúcio, dependendo dele seria cadáveres e cima de cadáveres, o do meu jeito é mais silencioso e indolor.

ESPOSA PERFEITA - LIVRO 1Onde histórias criam vida. Descubra agora