Capítulo 7

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Levei o dedo indicador à boca, mordiscando em público e descascando o esmalte branco enquanto esperava o Heitor pagar os ingressos para o senhor de meia idade, e que de vez em quando olhava através dos seus ombros, aposto que está me reconhecendo. O senhorzinho é dono da barraca de revista, atrás dele várias revistas estampando o meu rosto.

Estou inquieta pela demora e ansiosa para o segundo encontro, na quarta-feira me telefonou querendo saber se tenho interesse nele ainda, ficamos em silêncio por trinta segundos. Estava achando o ar dos meus pulmões ao escutar a sua voz grossa através da linha telefônica. Se eu ainda estivesse interessada nele. Se não fosse a minha insegurança me impedindo, casava com ele hoje mesmo.

O Heitor estava vindo, aproveitei e alisei a saia curta com estampa xadrez que mal cobria as minhas pernas longas. Está fazendo 29° graus, o sol a cada indivíduo, ele também estava usando uma camiseta branca e um calção azul florindo, tipo havaiano. Quase aproximando-se de mim, levantou a mão esquerda com os ingressos. Um gesto de "finalmente conseguir".

— Pensava que tinha de implorar para ele... de joelhos.

Coloquei uma mecha do cabelo atrás da minha orelha, sorrindo.

— É sério? Mas, por que? — Perguntei.

Deu dos ombros.

— Não sei! Porém, só vendeu porque reconheceu você nas capas das revistas. Você é a famosa, Rafaella.

Finjo de ficar sem graça. Estou acostumada com essa atenção, sou uma celebridade da zona sul. Às vezes aproveito da minha reputação e consigo coisas das outras pessoas, o que eu quero consigo num piscar de olhos. Demitir pessoas, principalmente garçons, por não me satisfazer os meus caprichos. O Miguel tem razão, sou mesquinha e mimada, a pergunta é: Quem não ficaria desse jeito vivendo o mundo cheio de privilégios?

— É mesmo? Nem percebi! — Agarro a minha bolsa firmemente, tem bastante malandrinho nessa área. — Vamos?

Heitor ficou do meu lado, começamos a caminhar. Sua mão grande agarrou a minha mão com firmeza, senti as minhas pernas ficarem bambas. Respira, Rafaella! Pensa em outra coisa. Você está bastante acostumada com os homens bonitos ao seu lado.

— Nossa, que lindo!

Escutei um comentário de uma mulher, virei o pescoço. Uma jovem olhava fixamente para o Heitor, junto com a sua amiga que estava ao seu lado. Babando. Revirei os olhos, garotas acesas, olhei discretamente para ele. Realmente, tenho que concordar, ele é realmente maravilhoso, e ele é só meu. Virei o pescoço novamente, dei uma piscadela quando as duas me viram. Ficaram envergonhadas, e saíram debaixo de uma árvore.

Nos aproximando da fila, haviam poucas pessoas à nossa frente. Fiquei olhando ao meu redor, pessoas desconhecidas passeando com seus cachorros, filhos, esposas, maridos, moradores de ruas sujando a paisagem bonita que o Rio de Janeiro tem de oferecer. Porém, duas pessoas me chamaram a minha atenção. Estavam rindo e com as mãos dadas.

Gael Miller está muito bonito. Pessoas, principalmente mulheres, olhavam ele passar. Ao lado dele tinha a prima do Heitor, Clarisse. Também a loira não ficava para trás na questão de beleza, aqueles dois realmente são um casal bonito. Estão namorando? Os olhos verdes dele me fitaram, o mesmo olhar que conheci na primeira vez. A sua acompanhante está alheia, nem percebeu que o Gael está olhando fixamente para frente. Tento ignorar, olho para o Heitor. Ele também estava olhando em outro lugar.

— Heitor, meu priminho! — É a voz da Clarisse.

Droga!

Sou obrigada a me virar e cumprimentar o casal, mal-educada da Clarisse passar por mim e abraçar o Heitor, um abraço bem apertado. Sinto a presença do Gael atrás de mim, meu coração começou a palpitar. Porquê disso?

ESPOSA PERFEITA - LIVRO 1Onde histórias criam vida. Descubra agora