Deslizei o dedo em cima da nossa foto, fomos pegos em flagrante em frente ao restaurante. Capturaram no momento certo quando os seus lábios molhados tocaram na minha bochecha. Nós estávamos se despedindo, estava prestes a entrar no carro quando ele segurou a minha mão e beijou o meu rosto, fiquei anestesiada. Pensei que iria infartar ali mesmo, na calçada suja. Dois dias se passaram, ainda sinto o peso dos seus lábios na bochecha. Pus a revista no meu peito, e suspirei sonhadora. Daqui um ano serei uma Rosenberg.
— Errado, Cecília! — Proliferou Heloisa — Costas eretas, caminha suavemente. Ergue-se a sua cabeça, tá parecendo uma corcunda.
Realmente falei certo em ensinar a Maria Cecília ser uma dama de elite. Daqui um ano estarei ocupada para satisfazer as vontades do papai, então esse trabalho cabe à ela. Observando as aulas, realmente vai dar muito trabalho para alcançar o patamar que é exigido pela sociedade de classe alta.
— Oi, Ana!
Escutei a voz do Miguel, tirei os meus óculos de sol. Os pombinhos indecentes estavam muito próximos um do outro, se quiserem esconder o relacionamento deles tem que aprender a ser discretos. Se Heloísa desconfiar, adeus amor proibido, no momento estou quieta do meu canto. Tenho outros problemas em minha vida, nada pode tirar a minha atenção. E esse relacionamento não durará muito tempo, Miguel só está curioso com essa menina... e nada mais.
— Meus pés estão doendo, vamos pelo menos descansar? Assim, vou morrer! — Reclamou Cecília, quase chorando. —Tá difícil, não sei como Rafaella aguenta, são muitas regras. Credo!
— Porque a sua irmã treinou bastante, ao contrário de você que estava vadiando. Anda, vamos recomeçar de novo.
— Eu estou aproveitando a minha vida, que aliás, tenho só uma. Então me desculpe, sua chata e insuportável, vou ao banheiro. Ah... quer dizer, vou ao toalete.
Maria Cecília saiu da área da piscina quase caindo por causa dos sapatos altos. Heloísa olhou para mim com expressão chorosa.
— Não tem salvação essa menina, Rafaella.
— Calma, vocês só estão treinando há dois dias. Relaxa um pouco, Cecília vai aprendendo aos poucos.
— Tomara... — Heloísa saiu bufando. Tadinha, não está acostumada a lidar com desafios. Quando era a minha vez, eu era uma excelente aluna. Aprendi na primeira aula.
— Eu não posso — Ana Clara afastou o Miguel perto dela com simples empurrão. — Me desculpa!
— Ana Clara.. — A chamei. — Acabou o meu suco, vai pegar, agora.
Saiu com os pés tropeçando. Tadinha! Miguel vem na minha direção com passos apressados, hum, tá nervosinho. Com esse sol lindo, com a temperatura elevada, ele está mesmo usando uma jaqueta de couro preta? Pegou os costumes das pessoas de lá, só pode.
— Não gosto que fale assim com Ana Clara. Tenha mais um pouco de respeito, Rafa. - Bufou.
Sorrio incrédula.
— Ela é uma empregada, é normal ela receber ordens dos seus patrões. — Digo -— Miguel, às vezes me pergunto qual mundo você está habitando. Desde que você chegou no exterior, está agindo muito estranho. Virou hippie? - Debocho.
— Fiquei três anos fora, as pessoas mudam com o tempo. Mas com você, Rafaella. Continua a mesma, mimada e mesquinha.
— As suas palavras não me incomodam mais, Miguel. Eu sou assim, fui criada assim, queira ou não sou a sua irmã. Infelizmente não descobriram como eliminar o parente na árvore genealógica. Até lá, tenho que aturar as suas birras e suas ideias ideológicas.
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ESPOSA PERFEITA - LIVRO 1
RomanceRafaella Cavalcanti cresceu no mundo de privilégios, sempre teve o que queria. Sempre foi uma boa filha e obediente, uma visita inesperada na festa de Ano Novo fez questionar o seu dever e as ordens do seu pai. Desde então, vive no prazer desconheci...