Paro de correr quando vejo que já estou demasiado cansado, me recosto na sombra da árvore que tem aqui perto da entrada da casa do Miguel.
Sua casa é um pouco grande e linda, com um jardim de uma diversidade de flores na entrada, inclusive eles têm uma árvore morangueira, cujos morangos são muito saborosos e que em diversas vezes serviu de salvação perante os momentos em que eu e minha família não tínhamos o que comer. Além de refeições que a cozinheira da família proporcionava para nós.
A árvore na qual me encosto está fora do jardim, perto da porta de entrada, a maioria dos moradores deste bairro possuíam um jardim e algumas árvores que davam frutos em suas casas. Miguel vivia no Bairro Acácias, um bairro em que seus moradores eram de nobreza ou eram empresários estrangeiros, diplomatas e pessoas que trabalhavam no palácio, podíamos dizer que a família dele vive bem.
Limpo o suor em minha testa e suspiro, já estou com o corpo todo suado, reviro os olhos e penso que agora minha aparência estava pior, sendo que não tenho das melhores roupas, estando vestido com uma calça desgastada e uma camisa que dantes era branca, mas agora está amarelada por conta do trabalho e por eu não ter tempo para me preocupar com a minha aparência, mas hoje devo estar horrível por conta dessa corrida...
Pelo menos na maioria das vezes, estou apresentável.
Toco a campainha da casa e aguardo. Lucy abre logo a porta pelo altifalante, empurro a porta e abro-a.
Entro e ando até a porta de entrada principal subindo alguns degraus da escada de mármore da casa de Miguel. Lucy abre a porta para mim e eu a cumprimento.
— Boa tarde, Lucy- Sorrio para ela educado.
— Oh, Olá Akin, tudo bem querido? Tu estás com as bochechas meio coradas, menino, ficou exposto durante muito tempo nesse sol. Venha sentar-se um pouco e beber água fresca, anda. — Diz logo fechando a porta e me guiando em direcção à cozinha, com uma mão em minhas costas.
Lucy é a senhora que trabalha na casa, devia ter uns 40 e tal anos, sempre me atendendo de um jeito maternal, ela é muito engraçada e sempre me recebe de maneira aconchegante. Entro na cozinha e me sento na mesa, dando um leve riso com seu jeito.
— Ah, tome meu filho! - deu-me um copo de água fresca que aceitei sem hesitar, estou com muita sede.
— Obrigado, Lucy! - sorrio e bebo a água. Ela insiste que a chamemos de Lucy apenas e não de Dona e nem Senhora Lucy.
"Assim vocês me fazem parecer velha!" reclamava ela e eu e Miguel nos ríamos, ela é uma mulher de cabelos pretos longos até a cintura e costuma amarrá-los em um penteado rabo-de-cavalo, tem a pele bronzeada e hoje está calçada com umas sandálias douradas, calça branca dobrada na ponta e uma bata preta de cozinha. Tinha um jeito jovial e, simultaneamente, maternal.
— Vou já chamar o Miguel, da forma que é dorminhoco, deve estar deitado na cama ainda a dormir, há uma hora dessas. - Revira os olhos e nega com a cabeça. - O almoço já está quase pronto meu filho, já volto com o preguiçoso e servirei o almoço para vocês. — Ela dá um sorriso carinhoso e se dirige em direcção à saída da cozinha.
A cozinha é espaçosa, tinha portas duplas de vidro que davam para uma varanda em direcção ao espaço onde tem a piscina da casa. A cozinha tem paredes de azulejo branca e vários utensílios de cozinha pendurados, tem uma mesa na qual estou sentado de madeira, e cadeiras brancas. O fogão é eléctrico e se encontravam lá algumas panelas, que já agora estão com bom cheiro. Lucy tem mão-cheia, e é uma excelente cozinheira.
— Ahhhh, Bom dia! - cumprimenta Miguel a sorrir atrás de Lucy, já tentando ver o que tinha nas panelas de comida.
— Boa tarde, queres dizer, Miguel. – Digo o corrigindo, enquanto Lucy ri e pega uma colher de madeira numa das panelas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Entre Laços
SpiritualAkin nunca imaginou que sua vida tomaria o rumo que tomou, entre laços de amizade, laços familiares e laços de amor, o jovem rapaz encontra o refúgio e a força que pensou que não existisse, em Deus. Sem pensar no que Deus reservou para ele, Akin ac...