Capítulo 11

16 7 2
                                    

— Bom dia Senhora Aminata.— Cumprimenta um senhor parado na porta do quarto do hospital.

— Senhor Kauê, entre por favor!— Diz minha mãe emocionada e feliz por ver o senhor que até o momento eu não sabia quem é.

— Eu vim com o meu filho, ele insistiu tanto para vir que eu tive que o deixar me acompanhar até aqui, mas prometo que não incomodaremos.— Diz o Senhor.

— Miguel venha e não o encha de perguntas!— Diz o senhor para alguém ao seu lado no corredor do hospital.

— Entrem, entrem!— Convida minha mãe acolhedora para o Senhor e para o menino...— Akin já está melhor, vai ficar aqui mais alguns dias em observação, mas felizmente, ele está bem.— Diz minha mãe aliviada e tranquila.

— Que bom! Fico muito feliz em saber... Eu sou Kauê, Akin. Esse é o meu filho Miguel.— Diz o Senhor apresentando o seu filho, eu tive que esforçar o meu olhar para a figura que eu vejo a minha frente.

— Eu conheço-te!— Dizemos em simultâneo, eu estava surpreso e ele parecia curioso com um sorriso.
**********************************************


— Então?! — Perguntei para Miguel já estando um pouco inquieto e nervoso, apesar de eu ter passado os dias tentando não pensar no teste que poderia mudar muito o rumo da minha vida se o resultado fosse positivo, agora que me encontro no quarto de Miguel sentado na cama, a espera que me dissesse o resultado, estou com um frio na barriga.

— Passamos!!!—Diz Miguel levantando dando pulos e vindo me abraçar.

Por um momento fiquei feliz e logo em seguida meio perplexo.

Eu passei? Mesmo?

Miguel notando a preocupação de meu rosto, para um momento sua comemoração e me observa e logo senta-se ao meu lado.

— Eu sei que isto é novo para ti, e para mim também, não tenhas medo irmão, Deus estará connosco e eu estarei contigo também. — Me tranquiliza abraçando meus ombros e eu sorrio para ele.

— Eu sei Miguel, mal posso acreditar nisto...

— Eu sei! É a primeira vez que iremos ter a oportunidade de estudarmos na mesma escola, mesmo que em turmas diferentes, não importa! Eu estou muito feliz! — Diz Miguel continuando com seu entusiasmo, e eu sorrio com o jeito dele, que é tão familiar para mim.

O telefone de Miguel toca algumas vezes com notificações de mensagens. Miguel olha para a tela do seu telemóvel e seu sorriso abre ainda mais.

— Parece que temos mais boas notícias! Ester entrou em medicina!!! — Diz Miguel em animação. Ester tinha dito que seu sonho sempre foi ser médica, desde que seu avô morreu de cancro da próstata, ela disse que quer salvar vidas com a ajuda de Deus. — Marcos, Rafael e Kiara também passaram! Opaaa parece que a nossa turma está completa mesmo, muito obrigado Deus! — Levanta seus braços animados para o ar, olhando para cima com um sorriso.

******************************************

— Boa noite meu filho! Que bom que já chegou! — Minha mãe vem até mim depois de eu ter fechado a porta de casa. Dá-me um abraço bem apertado, como sempre e eu dou um sorriso tranquilo, sentindo o seu cheiro habitual de lavanda. — Tenho boas notícias! Venha comer querido, assim te conto.

Nós sentamos na mesa, Pedro corre para o meu colo como de costume quando nos sentávamos todos para comer, dou-lhe um beijo na testa e minha mãe começa a oração e mais uma vez sinto um ar esquisito e dessa vez um toque no meu coração que eu não sei explicar o que foi, ignoro e começo a comer.

— Finalmente temos uma melhoria de vida! Hoje mesmo consegui matricular Zénny, Pedro e David! — Diz minha mãe emocionada e feliz, as crianças comemoram começando a imaginar como seria estudar na escola e se as aulas seriam parecidas com as da escola dominical. Eu fico muito feliz com a notícia, eu sei o quanto Zénny quis voltar a estudar, eu consegui ensiná-la a escrever e a fazer cálculos de matemática, mas nem sempre era fácil dar-lhe aulas por conta da minha rotina que era bem mais apertada. David e Pedro se entristeciam quando viam outras crianças irem à escola e eles questionavam minha mãe o porquê que eles não podiam ir também porque querem aprender e estudar igualmente.

Olho bem para a minha família na mesa e um aperto surge no meu coração, como farei eu para viver longe deles, por não sei quanto tempo...

******************************************

— Mãe? — Chamo entrando em seu quarto. — preciso falar com a senhora... — Digo já meio cabisbaixo e angustiado.

— Filho.....—minha mãe vem em minha direcção.—O que foi filho? Pareces triste... Estiveste meio quieto durante o jantar, digo, mais quieto do que o costume...—Dá um leve riso e eu mostro um sorriso fraco para ela.

— Mãe, eu... Entrei na Universidade de Cantilhena do Castelo real.—Digo e minha mãe dá-me um abraço tão apertado e eu abraço-a e algumas lágrimas caem de meus olhos.

— Oh! Meu filho, o teu pai estaria muito orgulhoso de ti, como eu estou agora, eu sabia! Que bom! Meu menino Akin.—Diz minha mãe ainda me abraçando e em seguida olha para mim, segurando meu rosto, carinhosa, eu começo a chorar e ela me dirige até a cama para que nos sentemos.

— Filho...—Chama me observando com ternura enquanto acaricia meus cabelos.

— Tenho medo, mãe...—Digo suspirando e limpando algumas lágrimas de meus olhos.

— É normal, teres medo meu filho, afinal é uma experiência nova e nunca estiveste longe da tua família, mas tenha fé e acredita em Deus, não deixes que o medo te impeça de alcançares coisas boas na vida. Tenha calma meu príncipe, vai dar tudo certo! Eu estarei aqui a orar por ti todos os santos dias, eu amo-te muito, e mesmo que eu esteja te incentivando eu sentirei imensas saudades tuas Akin. Me lembras tanto o teu pai, tua humildade, tua gentileza, tua forma de tratar as pessoas, o teu calor humano... Tu és um bom menino, meu primeiro filho... Eu falava contigo ainda quando estavas no meu ventre. — Minha mãe começa a rir de maneira calma e divertida e me abraça novamente e eu retribuo o abraço tão reconfortante e acolhedor de minha mãe.

Entre LaçosOnde histórias criam vida. Descubra agora