—Obrigada Akin!—Agradece a pequena Alice com seu sorriso meigo que me faz lembrar de minha irmã Zénny.—Não me lembro de ter comido assim, alguma vez na minha vida.—Eu também!—Diz Gabriel.—Você foi muito gentil, não temos o hábito de sermos tratados tão bem, principalmente por alguém da cidade.—Ele olha para mim em gratidão.
—Eu sinto muito que as pessoas vos tenham maltratado...—Digo sinceramente com um semblante triste.
—Não fique triste Akin, esse é um dia bom para nós, graças à ti! Ainda teremos esperança nas pessoas da cidade, porque tu nos ajudaste...—Diz Alice de forma doce e eu sorrio para ela.—Eu queria muito te dar um abraço de agradecimento mas não quero que minhas roupas sujem as suas e também não quero lhe deixar com um mau cheiro...—Diz ela baixando a cabeça em preocupação e tristeza.
Estávamos há alguma distância do restaurante depois de termos almoçado. O senhor que descobri ser dono do restaurante, ficou furioso quando viu que eu queria almoçar com as crianças que ele tinha maltratado, tinham alguns clientes no restaurante que olharam para Alice e Gabriel como se fossem de outro mundo, olhavam para eles como muitas vezes eu fui olhado. Mas aquilo não me perturbou, segurei firmemente em seus ombros e os guiei em direção a mesa, enquanto o dono do restaurante me olhava em puro espanto, assim como os atendentes de mesa e os clientes que lá estavam, levei Gabriel e Alice em direção ao lavabo, e ajudei-os a lavarem os braços e seus rostos, assim como suas mãos para poderem comer.
—Alice...Podes dar-me um abraço, eu não me importo...—Digo me abaixando e abrindo meus braços e ela dá-me um abraço apertado, fecho os olhos com o seu abraço, que me lembra todas as vezes em que as crianças da escola dominical me abraçavam. Olho para Gabriel que nos olha com um sorriso e abro um de meus braços para acolhe-lo no abraço e ele vem nos abraçar.
—Eu realmente gostaria de poder ajudar-vos mais...Eu moro num condomínio universitário, não é difícil de encontrar fica perto do parque Santa Cruz, vocês podem ir até lá se precisarem de alguma ajuda, eu prometo ajudar-vos com qualquer coisa que estiver ao meu alcance. Por favor, não tenham medo de procurarem por mim.—Digo preocupado e triste por não saber o que fazer para ajudar mais, infelizmente o governo não faz nada, nunca se importou com as pessoas que passam por essas dificuldades.
Cantilhena é a cidade onde moram boa parte dos estrangeiros, onde mora a família real, uma cidade tão colorida e vibrante, em que toda a gente parece ser tão feliz, menos os escondidos, claro. E para não perder o costume, como sempre tem um bairro oculto do restante da cidade, o bairro para os marginalizados.
—Obrigado Akin, tu és mesmo uma boa pessoa, minha mãe nem vai acreditar quando lhe contaremos que conhecemos um moço assim tão bondoso.—Gabriel sorri alegre para mim e Alice também.
—Onde vocês moram?—Pergunto.
—Praticamente na rua, num bairro meio distante daqui, ninguém da cidade vai lá.—Alice encolhe os ombros.—Nós vivemos em barracos lá, para termos acesso à água geralmente vamos ao rio, nem sempre estamos sujos ou com as roupas sujas, temos acesso muito limitado à várias coisas....—Diz Alice parecendo envergonhada e triste.
—Eu prometo não vos esquecer, me expliquem onde fica o vosso bairro, eu vou ajudar-vos com o que precisarem.—Digo sorrindo fraternalmente.
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Entre Laços
SpiritualAkin nunca imaginou que sua vida tomaria o rumo que tomou, entre laços de amizade, laços familiares e laços de amor, o jovem rapaz encontra o refúgio e a força que pensou que não existisse, em Deus. Sem pensar no que Deus reservou para ele, Akin ac...