Capítulo 28

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Como seu toque é gentil. Como sua voz é serena. Coloco a mão onde sua mão estava há algumas horas atrás. Seu jeito de falar, sempre muito educado. Sempre muito calmo.

Tu és muito bonita.

Fico desconcertada só de me lembrar de suas palavras.

Sento-me na cama retirando meus acessórios, enquanto espero Cléo sair da casa de banho, para eu poder tomar banho. Sempre que me lembro dele, meu coração fica aquecido. Eu quero falar mais com ele, saber mais dele...Quero saber tudo sobre ele.

Zuri...

Eu ouço tanta gente dizer o meu nome, chamar o meu nome....Mas quando ele me chamou daquele jeito, minha postura quase desarmou. Eu fui vulnerável na frente dele, sendo que o conheço há tão pouco tempo, ele poderia me achar esquisita ou sensível demais....Será que eu fui estranha demais? Talvez eu devesse deixar de agir desse jeito. Será que agora ele vai me enxergar de uma forma diferente?

Eu tenho sempre essa mania de pensar nas ações que eu tive, naquilo que eu disse, como me comportei, e fico a me preocupar excessivamente. Preocupo-me com o que os outros pensam de mim, isso é péssimo, eu deveria só me importar com o que Deus pensa de mim. Eu não sei o que Akin estaria a pensar sobre mim.....Eu queria tanto ser amiga dele, mas não sei se ele gosta de mim o suficiente para me querer como amiga.

— No que pensas Zuri? Ainda não me constaste o que tanto falavas com Akin, para estares desse jeito.—Diz Cléo enxugando suas tranças húmidas com a toalha.

— Como assim me deixar desse jeito?—Pergunto, não entendendo o que ela quer dizer.

— Zuri! Desde que saímos da festa, tu estás como se estivesses a navegar nas nuvens, estás super distraída, nem sequer tenho plena certeza se estás consciente desde que acabaste de falar com ele.—Diz ela a sorrir.

— Eu não estou nas nuvens! Eu estou super consciente também, eu só estava um pouco... Pensativa.—Respondo com insegurança, eu estava mesmo dentro da minha bolha, ela tem razão.

— Vai! Conta-me tudo! Sobre o que vocês conversaram?—Ela senta-se na minha cama e me espera falar.

— Ahhhh, não falamos sobre tanta coisa... Começamos a conversar sobre o jardim onde estávamos e sobre como o céu estava lindo e depois sobre a festa, e ele estranhou o facto de eu ter estado no jardim, sozinha e afastada da festa, porque ele pensou que eu já estivesse habituada a frequentar ambientes como aqueles.—Respondo.—E num momento contei-lhe sobre uma parte da minha infância quando ele disse que eu não pareço ser introvertida... simplesmente, contei-lhe que eu gaguejava, que eu era tímida e que por isso minha família meio que me "escondia"...—Acabo de dizer olhando para a janela do nosso quarto, vendo a noite lá fora.

Eu fiz questão de insistir para que meu pai me deixasse partilhar o quarto com a Cléo, e como sempre, tive "quase" uma discussão com minha mãe porque ela não aceitou muito bem a minha escolha de permanecer na residência universitária enquanto estudo, mas seria muito mais fácil e sinceramente eu já estava cansada de ficar presa no Castelo real, sendo controlada, nos meus mínimos gestos, nos alimentos que quero comer, se vou sair ou não, ou com quem vou estar se eu sair. Além disso, eu queria saber como era ter contacto mais frequente com jovens da minha idade e não me sentir tanto a princesa. Meu pai mostrou-se preocupado, mas acabou por aceitar, sendo que o Castelo nem é tão longe da Universidade, eu poderia ir visita-los sempre que eu estivesse disponível.

— Oh! Zuri, eu sei que este assunto é muito delicado para ti, ele julgou-te por teres lhe contado isto ou algo do tipo? Porque se ele fez alguma brincadeira, eu juro! Que vou fazer questão de dizer-lhe umas boas—

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