Capítulo 43

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Olhar para Clara era como olhar para um raio de sol, o meu coração dava reviravoltas só de vê-la e ouvir a sua voz que me despertava diversas emoções. Nos tornamos muito amigos nos últimos tempos desde o dia em que ela se aproximou com Carlos e Isaac perguntando se eu queria brincar com eles.

Quando éramos mais novos, eu não compreendia muito dos meus sentimentos mas agora sei que estou completamente apaixonado por ela, e me sinto muito triste se o beijo que a dei, terminasse a amizade que construí com ela, eu sei que somos de classes sociais diferentes e sua família nunca iria aprovar o nosso namoro, mas eu estava disposto a pedir a benção de seu pai, por ela eu sentia que eu podia fazer de tudo.

—Clara!— Chamo ela depois de ter ficado à espera que ela saísse de casa para ir a sua aula de ballet como era habitual. Eu queria resolver a situação que tinha se instalado entre nós, e pedir desculpas para ela.

—Akin.... O que fazes aqui?? Se meu pai te vê ele pode chamar a polícia, vem logo!!— Me chama para perto dela com seu jeito carinhoso e protetor e vamos para uma área escondida perto da casa dela que era imensa.

—Eu quero me desculpar contigo, eu sei que prezas muito pela nossa amizade e que eu dei um passo muito grande, e também sei que provavelmente sentes medo de estar comigo por nossas diferenças de classes...Mas eu estou disposto a lutar por ti e a pedir a benção do teu pai se for preciso.— Digo com determinação olhando para os olhos dela e segurando suas duas mãos.

Clara era uma das meninas mais lindas que eu tinha visto, seu cabelo era demasiado cumprido e preto, liso até abaixo da cintura, sua pele era de um tom negro acastanhado, e tinha origem etíope. Seus olhos pretos me olhavam com emoção e ela se solta das minhas mãos, desviando o olhar.

—Akin, sabes que não é assim tão fácil, que minha família nunca aceitaria e eu não sei o que sinto por ti também, mas não quero em hipótese nenhuma que te aproximes do meu pai, não sabes o que ele é capaz de fazer, eu não posso perder-te e-

Encosto meus lábios aos seus e beijo-a. Beijo sua testa e seguro-a pela cintura olhando em seus olhos.

—Não mintas para mim. Eu sei que tu sentes o mesmo que eu...—Olho para ela com as nossas testas coladas e Clara suspira.

—Eu estou apaixonada por ti Akin e te amo muito..—Clara derrama algumas lágrimas.—Mas o nosso amor é impossível, eu não quero te fazer sofrer, o melhor para nós é continuarmos amigos.—Diz Clara.

Meu coração se magoa com o que ela falou mas eu não desisto.

—Eu sei que é assustador mas vamos ficar bem, eu vou fazer de tudo para que fiquemos, eu vou tentar voltar a estudar, estudo e trabalho para ter uma vida melhor e tentar superar as nossas diferenças sociais.—Digo acariciando seu rosto.

Clara volta a me beijar e me abraça.

—CLARA???? O QUE SIGNIFICA ISTO???— Uma voz grossa e severa se ouve atrás de nós e eu a solto devagar, enquanto vejo o pânico nos seus olhos.

—Pai??? Calma, eu posso explicar...—Diz ela se colocando a minha frente para ir falar com o seu pai que a segura pelo braço de maneira brusca e a coloca atrás dele.

—O que fazes com a minha filha?? SEU IMUNDO! Então é contigo que ela anda aos passeios?? O Carlos tinha razão de ter me alertado.— Diz o pai dela com ódio nos olhos e eu mantenho a minha postura séria, enquanto ele me dá um soco no rosto.

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Maribel e as 4 vozes, é realmente uma peça fascinante, explica muito bem como podemos nos deixar influenciar por nossas emoções, muitas das vezes somos mais tendentes a agir de forma impulsiva, com o coração, em vez de agirmos de forma racional.

—Foi muitooooo bom pessoal, que mensagem forte né? Eu me assustei quando ela foi encurralada! Realmente foi interessante terem criado personagens para cada componente do interior de Maribel, acho que essa estória serve de um alerta positivo sobre como deveríamos analisar melhor o contexto antes de decidirmos fazer alguma coisa.— Diz Weza expressando sua opinião.

Depois da peça ter terminado, decidimos nos dirigir em direção à uma barraca perto dali em que vendiam lanches e aperitivos, como doces, salgadinhos e pipocas, enquanto estávamos na fila à espera da nossa vez, cada um expressa aquilo que achou da estória que assistimos há alguns minutos atrás.

—Concordo com a Weza... Mas ao mesmo tempo, a Maribel simplesmente foi por curiosidade também né? Imaginem ela não analisou o perigo que poderia ser para ela simplesmente entrar naquela caverna, ela não calculou os riscos que poderia correr.— Diz Ester ao lado de Weza.

As meninas estavam a frente de Miguel e Marcos, que se encontravam na fila com elas, enquanto eu e o Rafael estávamos ao lado do grupo, sem estar na fila porque não queremos pegar nada para comer nesse momento.

—Por acaso é verdade, podemos muitas vezes cair em ilusões e não saber diferenciar aquilo que é real e aquilo que é uma fantasia.—Diz Marcos.

—Bem pensado! Quantas vezes tropeçamos na vida por esse mesmo motivo? Na peça foi teatral e figurativo mas muitas das vezes nossa teimosia e falta de prudência pode nos levar a caminhos inimagináveis e muitas das vezes, perigosos mesmo, além de que claro o coração é enganoso. Ainda bem que confio todos os meus passos à Deus, assim sei que ele me dará o discernimento necessário para não cair em nenhuma armadilha do mal.—Diz Miguel de forma assertiva.

Todos olham para ele e sorriem.

—Olha Miguel.... Confesso que às vezes as tuas palavras tocam mesmo ao coração, o que disseste foi muito sábio!—Diz Kiara sorridente e todos concordam com ela.

—Obrigado, mas a sabedoria vem de Cristo, eu sou apenas um instrumento.—Miguel abre seu sorriso modesto.

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Depois de sairmos da barraca de lanches, Weza insistiu para que fôssemos a uma outra atração. E essa me parecia muito pouco confiável.

—Ahmmm, pessoal vocês têm a certeza que deveríamos subir nessa?— Diz Marcos parecendo receoso.— Não quero ver minha alma a sair do corpo tão cedo...

Weza começa a rir de maneira assustadora e engraçada, enquanto todos nós rimos com ela do comentário de Marcos mesmo sabendo que estamos todos nervosos com a altura da montanha-russa, eu particularmente não me sentia nada disposto em subir numa coisa destas.

—Va lá!!! Amigossss, não tenham medo! Vai ser super divertido, não podem me deixar ir sozinha também né? —Diz Weza fazendo um olhar de coitada, e eu reviro os olhos sabendo que todos nós iríamos contra a nossa vontade.

—Eu acho que vai ser uma super experiência! Vamos lá! Estou animado!— Miguel dá um high-five à Weza tão entusiasmado quanto ela, sim isso é bem o estilo aventureiro dos dois.

—Não temos mesmo outro remédio....—Diz Kiara suspirando.

—Senhor, vamos querer 7 bilhetes por favor!!— Diz Weza animada para o senhor que vendia os bilhetes no balcão.


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Todos nós estamos devidamente acomodados nas cadeiras com os cintos de segurança em volta das nossas cinturas assim como as barras de segurança, as cadeiras têm uma estrutura aberta e os assentos são ergonómicos, provavelmente feitos para proporcionar suporte e conforto mas sinto que serei projetado pelo ar e respiro fundo porque não quero ter um mal-estar antes de arrancarem.

—Preparados???!!!— Pergunta Weza, estamos todos acomodados, ela está ao lado de Miguel, Ester, Marcos e Kiara.

—Nem um pouco!! Já me arrependo!— Diz Ester com os olhos já fechados.

Zuri está sentada no meio entre mim e Rafael, ao seu lado direito estou eu e ao seu lado esquerdo está Rafael, fomos os últimos a subir então ficamos os três nos lugares de 5 pessoas com duas pessoas que não conhecíamos ao lado esquerdo de Rafael.

—Vai começarrrrrr!— Grita Miguel.

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