Entre Laços

Capítulo 10

— Senhora Aminata, me perdoe, a culpa foi toda minha, Akin só tentou me proteger.

— O que aconteceu com o meu filho senhor?—Pergunto desesperada já com o coração na mão.

— Encontrei um grupo de rapazes... Batendo o seu filho, quando cheguei ele mal conseguia abrir os olhos e estava muito fraco... Sinto muito Senhora.— Diz o Senhor que eu soube que resgatou o meu filho.

— E onde ele está?— Digo já com lágrimas nos olhos e com o corpo a tremer violentamente.

— Ainda não sabemos ao certo, eu vim com ele na ambulância e quando chegamos ao Hospital eles mandaram aguardar.— Diz o Senhor.

Me sento numa das cadeiras do hospital, com o coração no peito, fecho os olhos e começo a orar.

— Senhor Deus, por favor...— Oro a tremer— Antes de teu anjo Akin ser meu filho, ele é seu... Proteja-o Senhor, salve-o...— E mais lágrimas.

Abro os olhos e olho para o Senhor e Uriel que se encontravam preocupados.

— Uriel, querido, eu sei que não foi culpa sua, não se culpe pela maldade de terceiros...Vamos ter fé em Deus... —Digo para o rapaz que agora está chorando amedrontado.

— Senhor, muito obrigada por ajudar meu filho, que Deus lhe abençoe, não sei o que seria de meu filho se não fosse pela sua ajuda também, senhor?— pergunto.

— Kauê apenas Senhora, eu também tenho um filho da mesma faixa etária que o seu, eu fiz o que eu gostaria que fizessem comigo ou com um de meus filhos.— Sorri para mim.
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— É sério Akin! Quem dera ter essa tua calma e tranquilidade, eu já estou quase a passar mal com tanta espera, eu espero mesmo que estudei o suficiente. — Diz Miguel sentado ao meu lado nervoso.

— Calma Miguel... — Dou um leve riso e coloco minha mão direita sobre seu ombro — Estudaste o suficiente e vais te sair muito bem, és super dedicado e mereces passar.

— Tu também Akin, do jeito que eu sou, só não perco a cabeça porque estás aqui comigo...-Sorri para mim.

— Eu quero mesmo que passemos, estou tão ansioso, mas vou entregar nas mãos de Deus, se for da vontade dele e eu tenho fé que sim, iremos passar os dois. — Diz Miguel e somos chamados com outros rapazes que vieram fazer o teste para o recrutamento.

Estudamos as matérias que seriam as mais pertinentes nesse teste. O teste se assemelhará a um formulário de respostas de desenvolvimento e múltiplas escolhas. Basicamente, temos que ter um nível académico básico para passar, quando vim me inscrever, havia mais gente de classe média do que de classe baixa, porque geralmente quem possuí menos condições de vida, não estuda, por terem muitas vezes que trabalhar para ajudar seus pais com despesas, mas muitos como eu, procuraram outras formas de continuar a estudar.

Apesar de eu ter ficado com medo desta ideia de me inscrever por inúmeros motivos, devo admitir que me fará ter uma posição melhor na sociedade. Minha mãe está ganhando melhor agora, e posso mesmo sentir que graças à isto, viveremos melhor, ela já pensa a voltar a matricular a Zénny numa escola e Davi e Pedro também.

Sento-me numa mesa escolar individual e à minha frente senta-se Miguel.

— Que Deus nos ajude mano! — Miguel sorri para mim e vira-se.

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O formulário de inscrição, continha muitas informações, dentre elas, a relativa ao teste de acesso, caso passássemos estudaremos na melhor universidade do país que fica perto do Castelo real. Quando li isto tive um leve nervosismo, nunca quis conviver com pessoas que fossem de classe alta ou simplesmente da nobreza, sei que muitos deles têm grande preconceito com pessoas de classe mais baixa.

Tinha uma série de opções de cursos, eu escolhi medicina logo de cara, ao contrário de mim, Miguel escolheu Psicologia. Nenhum de nós após descobrirmos que não é obrigatório, termos treino militar, não nos inscrevemos para isto.

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— Então, como foi? — Pergunta Miguel para Ester.

— Ah foi normal, estou com um pouco de medo, teve algumas perguntas de história que eu não sabia...—Diz Ester reflexiva, ela inscreveu-se no curso de medicina também. Parece que já somos três que gostam da área de saúde, apesar de eu saber que Miguel desistiu de Arquitectura quando não se dava muito bem nas disciplinas exactas.

— Eu tive mais dificuldades em Línguas, gramática não é muito comigo, até chego a preferir os cálculos! — Diz Marcos abanando a cabeça. — Espero mesmo conseguir entrar em Engenharia informática.

— Eu odeio matemática e física... Então, Deus me livre de exactas! — Exclama Rafael a sorrir e levantando os braços. — Fazer Direito me parece mais interessante.

— Também acho Rafael! Eu sei que tudo vai dar certo e todos nós vamos entrar! Eu sinto paz no coração.—Diz Kiara. — Eu super penso que medicina vai combinar contigo Akin, és super quieto e calmo, me pareces ser uma pessoa cuidadosa.

— Obrigado, eu espero! Sempre me interessei por medicina. — Digo sorrindo para ela.

— Sim, eu tenho a certeza que medicina combina muito com ele, lembro-me que sempre que eu tinha algum ferimento, ele vinha logo até mim, preocupado, mas sempre mantendo essa mesma calma. — Diz Miguel sorrindo. — Kiara e Rafael parece que nasceram para debater e argumentar, se sairão muito bem em Direito, de certeza. — Diz Miguel rindo e balançando a cabeça e nós começamos a rir dele.