Naoto nunca tinha visto Yoko sorrir tanto quanto naquela noite. Pelo visto, ela realmente gostava de lutar.
Ele dirigia com calma, sem pressa em chegar ao clube de luta, pois sabia que precisava manter a naturalidade. O rosto e o nome dele eram conhecidos demais, e ir para um antro de bandidos não era lá a mais confortável das missões, mas ele mantinha o foco.
Yoko estava no banco traseiro, já com a roupa pronta para a luta e estralando os dedos sempre que podia. Parecia ansiosa para entrar no ringue.
Há alguns meses eles tinham se infiltrado com muito sucesso. Yoko tinha se destacado o suficiente para ser chamada para as lutas mais interessantes e com pessoas mais importantes.
Yoko era a lutadora, Hayato era o treinador dela, Amelie era a médica e Maya fazia o papel da auxiliar. Naoto era o motorista que dava um jeito de se infiltrar e observar todos de longe, já que ele não podia arriscar ser reconhecido de forma alguma.
— Chegamos — ele informou assim que parou o carro na frente do clube de luta. Por fora, apenas um bar qualquer, mas os fundos eram um local inacreditável.
— Toma cuidado — Amelie falou, dando dois tapinhas no ombro do motorista e desceu.
Naoto seguiu para estacionar e o resto da equipe entrou no bar. O dono observou-os e apontou com a cabeça para a entrada, já reconhecendo o rosto de Yoko o suficiente. Eles atravessaram sem dar muita importância, mas Amelie manteve a guarda alta o suficiente para perceber que alguns clientes os observaram com mais cautela do que ela achava confortável.
Percebeu o olhar demorado de um homem sentado sozinho no canto. Magro e discreto, mantinha no rosto os óculos retangulares enquanto girava a colher na própria xícara de café.
"Vir para um bar para beber café?" Amelie pensou, mas rapidamente o homem desviou o olhar e voltou a atenção para o próprio celular.
— Por aqui — Hayato falou, abrindo a porta e permitindo que Yoko e as outras mulheres entrassem primeiro. Quando foi fechar a porta, deu uma discreta olhada no ambiente externo, observando todos com cuidado.
Seguiram pelo corredor escuro, mas já conseguiam sentir a vibração da música. O bar ficava num local afastado, e o clube tinha uma acústica maravilhosa, portanto, assim que chegaram na porta de entrada, o som alto invadiu-lhes os ouvidos, arrepiando cada pelo do corpo.
Música alta, conversas animadas e o som de diversas pessoas gritando. Aquele clube era imenso, e tudo parecia ter uma importância elevada. Luzes fortes, tudo muito novo, e um ringue muito bem filmado, com câmeras e telões em todos os ângulos possíveis.
— Vamos para o vestiário — Hayato falou, guiando o grupo para o caminho que Yoko deveria seguir.
Passaram antes que o público pudesse vê-los, seguindo diretamente para o local onde poderiam se arrumar e conversar com um pouco mais de privacidade.
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Cardeal - Sablier Rouge
Romance[Livro 02] [Dark Romance] Ciente de que se envolveu além do que deveria, Ada Miyamura segue em seu jogo duplo, tentando equilibrar a vida policial e o relacionamento com Sora Ikari. Presa num jogo onde pode perder tudo em ambos os lados, ela tenta...