Ada se levantou pela manhã e calçou a bota ortopédica e a pantufa assim que se levantou.
Seu tornozelo ainda não estava completamente curado, mas ela era um soldado treinado, aguentava um pouquinho de dor tranquilamente. A pior parte já tinha passado.
Quando chegou na cozinha, notou que quase ninguém estava acordado, e caminhou saltitante até a bancada para preparar uma boa xícara de café. Cantarolava baixinho a música que Sora dedicou à ela e sorria de canto, ainda boba sempre que olhava para sua mão esquerda e via um anel de noiva.
— Bom dia, bailarina saltitante — a voz de Hanna surgiu logo atrás dela.
A albina apareceu ainda com cara de sono e com o bebê no canguru. Ela se sentou à mesa e Ada prontamente preparou uma xícara de café para a cunhada.
— Deixa eu ver? — Hanna perguntou sobre o anel e Ada prontamente esticou a mão, rindo feito boba. — Que lindo!
As duas começaram a falar sobre a beleza do anel e das joias, comentando com risadinhas e sorrisinhos de canto. Ada bebericava o café vez ou outra, mas sempre voltando os olhos para a joia. Estava tão encantada!
— E onde ele pediu sua mão? Esse safado não me contou nada — Hanna fez um beicinho e pegou a xícara dela.
— No Shibuya Sky.
Hanna ergueu as sobrancelhas como quem havia entendido tudo. Aparentemente, o distrito de Shibuya tinha um significado especial para os Ikari. Ada já sabia que foi o primeiro lugar que eles conquistaram, mas eles deveriam ter sentimentos bem mais profundos quanto a isso.
No mesmo instante, Ada lembrou-se de antigas informações. Tanto da equipe policial quanto do vovô Ikari. Ela percebeu que tinha ali uma deixa muito interessante para conseguir informações que usaria no futuro para provar sua lealdade.
— Hanna, eu posso te fazer uma pergunta? — Ajeitou a postura, tentando demonstrar mais seriedade.
— Claro — a Ikari ergueu o olhar.
Por um instante, as duas se encararam.
Ada não gostava de admitir, mas aqueles olhos num tom de vermelho e outras vezes lilás, de Hanna, passavam um perigo muito maior do que o de qualquer outro irmão Ikari. Mesmo Sora, em seus momentos de maior ferocidade, não amedrontava tanto quanto aquele pacifismo de Hanna.
A presença dela era como uma estalactite de gelo. Silenciosa, rígida, mas extremamente ameaçadora. Ada sabia que não podia pisar errado, ou aquele pingente de gelo cairia bem no topo do crânio dela.
— Eu não quero soar intrometida, mas...— resolveu seguir uma política mais discreta — Agora que eu vou entrar para a família oficialmente, eu queria conhecer um pouco mais sobre a história dos Ikari.
Hanna ficou em silêncio por um instante, parecendo ponderar se Ada era digna ou não das respostas. Por fim, relaxou os ombros e acariciou a cabeça do pequeno Alma.
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Cardeal - Sablier Rouge
Romance[Livro 02] [Dark Romance] Ciente de que se envolveu além do que deveria, Ada Miyamura segue em seu jogo duplo, tentando equilibrar a vida policial e o relacionamento com Sora Ikari. Presa num jogo onde pode perder tudo em ambos os lados, ela tenta...