t r e n t e - s i x

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Ada sempre preferiu motos, mas tinha algo no banco do carona de Sora Ikari que tornava o lugar muito mais especial

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Ada sempre preferiu motos, mas tinha algo no banco do carona de Sora Ikari que tornava o lugar muito mais especial.

Ela observava a paisagem de Tóquio passando rapidamente pelas janelas do Toyota Century e suspirava. De certa forma, ansiava pelo momento em que todas aquelas mentiras poderiam chegar ao fim. Ansiava pelo dia em que poderia contar para Sora toda sua verdade.

Tóquio... a cidade onde Ada nasceu, cresceu e viveu. Apesar de ter muitas lembranças por todo o lugar, ainda assim sentiu-se uma intrusa por anos. Não havia nenhum sentimento de pertencimento, e ela buscou abrigo nos pontos mais abstratos possíveis. No trabalho, no exército, em suas habilidades, na polícia, em sua ambição. Mas ela só encontrou um verdadeiro lar, um verdadeiro pertencimento, ao lado do homem que agora segurava sua coxa com a mão livre enquanto dirigia.

Ela entrelaçou os dedos com os dele e acariciou a pele de Sora. Observando os detalhes dos dedos dele, gostava de como ele estava sempre pálido e como possuía algumas rugas na pele ressecada. Apesar de parecer falta de cuidados aos olhos dos outros, Ada sentia que aquilo o caracterizava completamente. Eram detalhes dele. Pormenores que faziam Sora Ikari ser quem ele era.

Ele tinha uma pele muito seca, seus dedos costumavam ter calos às vezes e as unhas estavam quase sempre um tanto roídas. Ele tinha uma pintinha marrom muito discreta no dedo anelar esquerdo que combinava com a dela no mesmo local. Os ossos eram um tanto proeminentes, mas ainda possuíam certa delicadeza. Sora tinha mãos bonitas e Ada não cansava de observá-las. Ela podia passar muito tempo observando cada mínimo detalhe do corpo dele.

Nunca imaginou que um dia seria capaz de amar alguém a ponto de conhecer cada detalhe assim. Sabia exatamente como ele iria reagir se beliscasse o dedo, e também sabia como ele sempre fazia carinho com o polegar. Sabia que a vermelhidão do dedo fora causada por alguma pele de cutícula que ele puxou com os dentes quando estava ansioso. Ela sorriu ao perceber o quanto ele ocupava a mente dela e não fazia ideia de quando tudo aquilo tinha acontecido. Apenas aconteceu.

— Kimi-chan, qual seu vinho preferido?

— Hãn? Você não sabe?

Sora riu baixinho e olhou para a namorada. Aqueles profundos olhos escuros brilhavam de uma forma divertida e esperançosa.

— Eu sei que você ama vinho, mas você parece gostar de todos. Quero saber qual o seu favorito!

Ela sorriu de canto e suspirou. Não tinha dúvidas de que Sora também a conhecia, mas sempre tinha algo a mais para descobrir.

— Bordô.

— Quase acertei. Eu jurava que era o tinto!

— Eu acho o bordô mais interessante para o paladar. É intenso, forte e mesmo sendo doce, ele tem um gostinho meio amargo. Eu gosto dessa sensação!

Cardeal - Sablier RougeOnde histórias criam vida. Descubra agora