v i n g t - s e p t

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O semblante de Ada era uma mistura de raiva e mágoa

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O semblante de Ada era uma mistura de raiva e mágoa. O coração de Sora se partiu em dois ao vê-la daquela forma.

— Kimi-chan...— sussurrou, estendendo a mão para ela.

— Saiu escondido de mim? Não ia nem se despedir? — O queixo dela tremia, e o tom era tão cheio de amargura que fez a garganta de Sora formar um nó.

— Achei que seria mais fácil.

— Não, Sora. Não foi mais fácil.

Os dois olharam ao redor e perceberam que ainda haviam algumas pessoas próximas. Ada e Sora caminharam até um canto um pouco mais afastado e finalmente se viram sozinhos, longe dos ouvidos curiosos do público.

— Amor, eu sei que você está triste comigo, que está magoada pelo que eu fiz, mas, por favor... por favor, Kimi-chan. Olha pelo meu lado pelo menos dessa vez — Sora tinha lágrimas nos olhos, e sua voz embargada denunciava o choro prestes a sair. — Eu não quero te colocar em perigo, eu não quero que você se machuque, eu não quero que você sofra nada, Kimi-chan. Meu amor, se alguma coisa acontecer com você, eu não vou conseguir lidar, eu não vou conseguir aguentar!

— Sora...— ela fungou, segurando firmemente as lágrimas ardentes nos olhos. — Olha pra mim. Ergue o queixo e olha pra mim, meu amor.

Os dois se encararam por um instante, mergulhando na profundidade do olhar um do outro. O encontro do céu noturno mais escuro e das mais profundas águas do oceano. Misturavam-se um no outro, num abraço não tocado, silencioso e choroso.

— Eu pareço uma princesa indefesa, meu amor? — Ela perguntou, em sussurros.

— Kimi-chan...

— Pareço?

— Jamais — ele riu, sem graça.

— É porque eu não sou, Sora. Eu não sou uma princesa indefesa que fica na torre, esperando ser protegida enquanto o herói luta para me salvar — ela acariciou o rosto de Sora com o polegar, observando cada detalhe dele. — Eu entendo a sua dor, mas... me deixar aqui é me fazer definhar, Sora.

— Eu me culpei por noites a fio só de lembrar que tentaram te assassinar só por ser minha mulher, Kimi-chan.

— Não devia se culpar. Eu aceitei ser sua mulher sabendo do fardo e dos perigos que isso me traria. E você aceitou ser meu homem sabendo que eu não era uma garotinha indefesa. Lembra do que me disse quando finalmente viu meu rosto?

— Que queria você ao meu lado dali em diante.

— E é ao seu lado que eu quero ficar, Sora. Seja no nosso quarto na casa da Canis, seja num cassino lutando pela vida. Não importa onde, eu quero estar ao seu lado!

Ikari respirou fundo e segurou o rosto da mulher com as duas mãos, tentando decorar cada mínimo pormenor que ali havia. O coração dele batia forte e quente no peito sempre que olhava para ela.

Cardeal - Sablier RougeOnde histórias criam vida. Descubra agora