[Livro 02] [Dark Romance]
Ciente de que se envolveu além do que deveria, Ada Miyamura segue em seu jogo duplo, tentando equilibrar a vida policial e o relacionamento com Sora Ikari. Presa num jogo onde pode perder tudo em ambos os lados, ela tenta...
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Algum tempo antes
Sentada no sofá da sala, Trixie estava nervosa com sua caneca de café nas mãos.
Jay King estava dormindo no quarto dela. Ela podia escutar o ronco dele. Só podia agradecer o fato dele ter chegado cansado demais para querer fazer qualquer coisa sexual, portanto, apenas se deitou e dormiu.
Ela precisou pedir para Shantall se hospedar num hotel não muito longe dali. Sabia que King não gostava de visitas, muito menos de Shantall.
Beatrice escondeu todas as coisas possíveis que pudesse indicar que Kuro passava algum tempo ali, até mesmo os itens da casa que eram de boa qualidade. Contou com a ajuda de uma vizinha para deixar tudo numa caixa bem escondida. Trixie era grata por ter pessoas que a apoiavam. De pouco em pouco, ela criava coragem de sumir no mundo junto com Kuro, embora ainda tivesse medo do que Jay King pudesse fazer caso descobrisse.
— Aí, tem café pra mim? — Jay falou, surgindo repentinamente pelo corredor.
— Claro, eu vou pegar — ela se levantou e foi direto para a cozinha.
De diversas formas, queria ficar longe dele, mas precisava se controlar. Sabia que se começasse a agir estranho, ele iria desconfiar, portanto, precisava continuar no papel de namoradinha otária apaixonada.
Passando o café quentinho para Jay, escutou ele atender o telefone e ir para o quarto rapidamente. Trixie estranhou demais.
Em geral, ela sempre ignorava, mas algo dizia que ela deveria escutar. Ela precisava ser corajosa. Kuro estava disposto a levá-la embora, portanto, Beatrice decidiu que seria forte e pelo menos escutaria uma conversa indevida. Talvez ela pudesse saber de algo que ele não sabia.
Aproximou-se lentinho da sala com os pés descalços e segurou a caneca bem firme nas mãos. Estava apenas com um vestidinho roxo e julgou ser por isso o arrepio que sentiu no corpo inteiro. Isso e o medo.
Agradeceu o apartamento ser tão pequeno. Isso facilitava as coisas.
— ...ainda tô aqui com a Trixie — ele falou e esperou alguém responder. — Eu sei, Otto. Eu vou amanhã. Já tô com a passagem comprada.
Por um instante, ela ficou feliz. A estadia de Jay King seria bem mais curta do que ela imaginava. Só precisava aguentá-lo por uma única noite. Era aliviante saber daquilo.
— Eu já falei que não precisa se preocupar. Eu vou descer naquela porra daquela cidade e vou dar cabo das duas — mais um pouco de silêncio. — Sim, em Kamakura. Yukari Watanabe e Harumi Watanabe, né?! Aí, tá vendo. Pode confiar — ele deu uma risada cheia de graça e autoconfiança. — Eu vou matar as duas e mandar as cabeças pro playboy. Ele vai poder rir bastante quando receber a encomenda. Aquele filho da puta...
Trixie cobriu a boca com a mão e sentiu o corpo inteiro tremer com o frio que se originou em sua coluna. Jay King estava viajando para matar alguém. No Japão. As mãos dela começaram a tremer e precisou apoiar a caneca na mesa de centro, mas fez barulho. King começou a falar mais baixo.
