☁︎23☁︎

1.4K 132 5
                                    

A água morna bateu nas costas largas do arquiteto, ele respirou fundo afirmando o que já sabia — Precisava urgente de um banho fervente — O cheiro de erva-doce se espalhou pelo banheiro assim que ele pegou o sabonete. Era um cheiro fraquinho, mas não podia se comparar com cheiro do shampoo importado que ele usava.

Ele respirou fundo e olhou para suas mãos trêmulas. Só mais um pouco. Seus músculos ardiam de tanta tensão passada nos últimos dias. mais um pouco. Ele olhou o abdômen vendo as marcas ali. Só mais um pouco. Nenhuma delas doíam realmente, seu coração doía mais. mais um pouquinho...

Maybe it's the way you say my name
Maybe it's the way you play your game
But it's so good, I've never known anybody like you
But it's so good, I've never dreamed of nobody like you

And I've heard of a love that comes once in a lifetime
And I'm pretty sure that you are that love of mine — Cantou baixinho de olhos fechados.

Era como se ele pudesse escutar a voz de Prapai cantando em seu ouvido, a voz rouca e aveludada que lhe arrepiava o corpo e dizia juras de amor em seu ouvido todas as noites — Mesmo com a distância — A mesma voz que lhe disse que tudo ficaria bem depois de cada crise, aquela voz que com todo carinho lhe segredava o quanto o amava e depois podiam se amar de forma quente — Eram tão entregues um ao outro — Era aquela mesma voz que lhe prometeu panquecas pelo resto da vida.

— Deus, eu sei que sou falho e cheio de defeitos — Começou baixinho — Buda misericordioso, eu sei que sou falho e cheio de defeitos — Respirou fundo — Eu não sei mais a quem recorrer, só por favor não deixe o meu amor morrer, ele é a única coisa que me faz ter vontade de viver — Uma lágrima se camuflou na água morna do chuveiro — Eu não posso perder ele, eu já perdi a mamãe e a Moon, não me deixa perder ele!

***

Phayu sentou ao lado do amigo e lhe ofereceu um copo de chá de bolhas. Os dois ficaram em silêncio, estavam exausto e o mais novo parecia um caco. Sky tinha olheiras enormes abaixo dos olhos, seu corpo sumia no moletom que seu sogro lhe emprestou pela manhã para não ter que usar o mesmo que havia dormido.

— Você dormiu com ele? — Perguntou baixo.

— Não consegui, eu nem entrei no quarto — Confessou baixinho sentindo um aperto no coração — Plerng dormiu no meu lugar, eu fiquei aqui no corredor.

— Seis dias seguidos dormindo em uma cadeira vai acabar com suas costas — O mais novo sorriu mínimo.

— Eu aguento.

Os dois voltaram a ficar em silêncio, Phayu segurou a mão de Sky entrelaçando os dedos dos dois e lhe olhou com carinho — Sky merecia o mundo e o seu mundo estava desabando — O mais velho lhe ofereceu o ombro e o mais novo deitou.
O chá com leite estava tão doce e tinha o mesmo gosto dos chás que Prapai lhe mandava todas as manhãs no trabalho. Lágrimas silenciosas começaram a escorrer pelos olhos do arquiteto mais novo, ele apertou a mão de Phayu quando uma lágrima que não era sua caiu nas mãos juntas.

O silêncio pareceu confortável demais, estavam tão cansados de fingir que eram fortes, era tão ruim ser algo que não era. Phayu estava um caco, não aguentava mais ter que ficar por aí procurando Mork, não suportava mais se esconder do marido para chorar sozinho, não aguentava mais saber que seu melhor amigo estava lutando para acordar e que seu irmãozinho de consideração estava por um fio de explodir, estava cansado.

— Ele vai ficar bem — Foi Sky quem disse bebendo mais um gole do chá.

— Ele tem que ficar — Garantiu afagando os cabelos macios do amigo.

Se separaram quando ouviram passos, secaram os rostos rapidamente — Ninguém precisava ver as lágrimas — Se levantaram vendo Ple vim na direção deles. A garota estava bem vestida, mas nem a maquiagem forte foi capaz de esconder o quão mal ela estava.

— Swadee P's — Juntou as mãos se curvando — Eu trouxe comida, papai disse que nenhum de vocês haviam comido — Esboçou um sorriso gentil e um tanto tímido.

— Obrigado Nong Ple — Abraçou a cunhada a deixando surpresa — Você já comeu?

— Ainda não, eu estava na faculdade e vim direto para cá.

Os três se sentaram em uma mesa no final do corredor e começaram a comer em silêncio. Ple observava Sky uma vez ou outra, ali ela percebeu que toda sua aversão pelo arquiteto havia desaparecido porque ele era uma pessoa incrível e não saiu do lado de seu irmão desde do ocorrido. Mesmo que o cansaço pintasse o rosto do arquiteto, ele estava ali firme e forte e estava segurando sua família com as palmas da mão — Ele não reclamou uma vez sequer.

Sky estava cansado demais, mas sorria leve toda vez que alguém lhe perguntava algo — Eram sorrisos que ele queria ter recebido — Sky havia sustentado todo mundo, mas não deixava ninguém lhe sustentar — Parecia alguém inabalável

***

Mandy acariciou o rosto pálido do filho com cuidado e carinho, os lábios grossos parecidos com o seu estavam pálidos e levemente arroxeados, os cabelos estavam secos pelos medicamentos e ele parecia tão...frágil.

— Ah meu amor...se você soubesse o que ele está fazendo por você — Sorriu pequeno tirando os fios escuros do rosto do filho.

Amanda sentiu sua cintura ser abraçada e sorriu leve sentindo o perfume forte do marido. Ela repousou suas mãos em cima das mãos másculas do companheiro e ficaram em silêncio observando o filho. Amanda sentia seu coração pequeno dentro do peito, seu filho que havia sido criado com tanta vaidade, estava ali com o brilho apagado — Era cruel demais.

— Ele vai ficar bem, nosso garoto é forte — Korn disse baixo a virando para si — Ok? — Segurou o rosto delicado em suas mãos e limpou uma lágrima teimosa que escorreu pela bochecha de sua mulher.

— Ok!

Me Deixe Entrar Em Seu Coração-Prapai e SkyOnde histórias criam vida. Descubra agora