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A mulher de cabelos curtos andava rapidamente pelo corredor de paredes de madeira, seus saltos batiam rudemente no chão de porcelana e sua bolsa quase caía de sua mão devido a rapidez de seus passos. Ela arrumou o blazer quadriculado antes de adentrar o escritório sem bater na porta.

— Senhorita o que...

— Quando ia me contar que aquele desgraçado vai sair da cadeia?! — Ela o cortou de maneira rude.

— Se acalme Senhorita, meu dever é avaliar tudo minimamente antes de repassar qualquer coisa — O advogado se levantou e serviu um copo de água.

— Não me importa! Seu trabalho é manter gente como ele na cadeia!

— Senhorita Jane é complicado esse caso, só consegui prendê-lo por causa do testemunho do entregador — O advogado suspirou tomando um pouco de água — O Sr.Sky é homossexual e isso interfere diretamente no caso...

— O que? — Jane sentiu seu olho esquerdo dar um toque nervoso.

— O Sr.Chimetikul também é homossexual, estou tentando não dar brechas para que o advogado dele alegue qualquer relação amorosa ou o juiz pode simplesmente descartar o caso e isso passe apenas a ser algo que possa ser resolvido com uma multa a vítima e uma medida protetiva — O advogado.

— Se aquele filho da puta chegar perto do Sky, faça o favor de me representar no tribunal, por que eu vou matar ele! — Jane avisou séria.

O advogado arregalou os olhos vendo a morena sair batendo a porta com força. O advogado apenas pegou o telefone e disse para sua secretária trazer os arquivos da caso.

Jane atravessou o saguão e trombou forte com um corpo menor que o seu, no reflexo ela segurou a cintura fina da garota e sentiu as mãos pequenas agarrarem sem blazer.

— Me desculpa senhorita eu... — As palavras morreram nos lábios de Jane.

A garota a sua frente era muito bonita, os olhos eram de um verde escuro e intenso, os cabelos eram de um tom de mel mais escuro e a pele era bronzeada. Ela usava um vestido vermelho e um casaco preto devido ao frio que fazia do lado de fora, suas roupas estavam salpicadas de água da chuva e tinha alguns pingos em seu rosto.

— Tudo bem, eu que trombei em você — A garota sorriu revelando um sorriso gentil e bonito.

— Está esperando um táxi? — Jane perguntou olhando a placa amarela.

— Estou, mas ainda é cedo e acho que não tem nenhum — Murmurou frustrada.

— Qual destino?

— PR&S Architeture.

— Eu trabalho lá, posso te dar uma carona.

— Sério? Estou tentada a aceitar — Ela sorriu novamente.

— Eu vou pegar o carro, me espere aqui — A garota concordou soltando o blazer de Jane.

***

Sky respirou fundo, era o primeiro dia que ele acordava sozinho depois de semanas. Ele se encolheu na sua cama e suspirou não encontrando o quarto cinza que ele gostava tanto. O arquiteto abraçou os próprios joelhos os trazendo contra o peito, ele não queria estar sozinho...

Sky pegou o celular e discou o número da única pessoa que ele queria, mas não teve coragem de apertar o botão verde para ligar. O arquiteto jogou o celular no tapete do quarto tentando se livrar da vontade de ouvir a voz — rouca matinal, com um toque gentil e transbordando carinho e amor — Sky chutou o ar e se esperneou na cama.

— Por que você mandou ele embora? AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA — Ele gritou em plenos pulmões se esperneando na cama — Que droga!

O celular apitou. Sky levantou rapidamente e acabou se enrolando nos lençóis e caindo no chão. Sky se apoiou de mau jeito com as mãos e um estralo mínimo foi ouvido.

— Ai! Meu dedo — Sky choramingou olhando o dedo que estava meio torto.

***

— Te deixo sozinho um dia e você quebra dois dedos — Prapai assinou o comprovante de responsável por Sky — Tá doendo muito? — Sky concordou.

O empresário suspirou, ele não imaginava que começaria o dia com uma ligação desesperada do arquiteto gritando que havia quebrado o dedo. O que deixou o empresário sem reação foi encontrar o arquiteto apenas de cueca correndo igual um doido pela casa e gritando de dor. Prapai nunca havia dirigido tão rápido em toda sua vida, ele havia feito um trajeto da sua casa até a casa de Sky e depois até o hospital em 40 minutos, ele sentia o peso da multa dos sinais vermelhos ultrapassados em seu bolso.

— P'Pai, eu não queria ter dito aquilo ontem — Sky murmurou baixo.

— Sky, eu não quero apressar as coisas com você, tudo no seu tempo. Se não se sente confortável para tentar algo agora eu espero tranquilamente, mas não me peça para ir embora — O CEO suspirou — Doeu de verdade.

— Desculpa — Sky sussurrou abaixando a cabeça.

— Não é fácil para você Sky — Prapai ajoelhou na frente dele e segurou a mão boa — Eu vou te apoiar em tudo, briga comigo quantas vezes quiser, mas não me manda embora por favor — O arquiteto concordou.

— Não vamos apressar as coisas, eu vou ficar na minha casa e se quiser me ver é só ir até lá — Arrumou um fio rebelde dos cabelos macios de Prapai.

— Ok!

Depois de algumas recomendações da médica que havia o atendido, Sky pediu para que Prapai fosse na frente e comprasse algo para ele comer. O arquiteto seguiu para a internação VIP do hospital e mordeu o lábio inferior incerto de sua decisão antes de entrar no quarto. Ele sentiu o olhar de desaprovação queimar seu corpo, mas mesmo assim caminhou até estar próximo o suficiente da cama.

— Eu tenho uma exposição importante na sexta-feira — Começou a dizer com a voz baixa — Eu...eu vou cuidar da sua empresa até que esteja bem — As palavras tinham um gosto ruim na boca de Sky — Eu vou tirar dois meses de férias, então eu vou fazer o meu melhor.

— Você teria um futuro brilhante se tivesse ficado ao meu lado!

— Eu tenho e estou vivendo um futuro brilhante, o senhor só fecha os olhos diante do meu sucesso.

— O que aconteceu com sua mão? — Sky sorriu de lado olhando o gesso.

— Quebrei dois dedos hoje de manhã. Tenho que ir...

— Sky, por que arquitetura?

— Se me conhecesse de verdade saberia o porque — Sky sorriu minimamente e saiu do quarto.

Me Deixe Entrar Em Seu Coração-Prapai e SkyOnde histórias criam vida. Descubra agora