Capítulo 30

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Alice não podia acreditar no que ela acabara de ouvir. Seu namorado a estava expulsando?

Não, seu EX-namorado está te expulsando.

E tudo isso por quê? Por ela ter levantado uma faca na cozinha? Quer dizer, como ele sabe que ela teria matado Julia? Nem mesmo ela tinha tanta certeza assim. Agora revendo o momento em sua mente, ela se sentia muito burra. É claro que sua intenção era matar aquela vadia, o problema foi tentar fazer isso enquanto o namorado estava próximo.

Ela devia ter tentado tirar Julia de casa para um passeio antes, ou atacá-la de noite depois de dopar Paulo, nesse caso seria necessário dopar Paulo para que ele não ouvisse nada, mas Alice poderia ter dado um jeito nisso também.

Sério que é nisso que você está pensando ao invés de tentar se desculpar e tentar compensá-lo de alguma forma?

Alice se repreendia, mas no fundo sabia que tinha feito uma grande besteira, algo como aquilo não tinha como ser compensado.

Bem, deve ter um jeito, quer dizer, ela não morreu, morreu? Talvez se ela tivesse morrido não teria como ele me perdoar, mas ela continua viva e bem. O que, por sinal, é uma droga!

Alice hesitou um pouco, mas por fim puxou sua mala do canto onde estava e começou a juntar suas coisas que estavam espalhadas. Paulo saiu do quarto enquanto ela fazia isso.

Ele que vá para o inferno junto com essa vadia. Se ele não me dá valor eu mesma dou.

Quando terminou, ela carregou sua mala pelo corredor e parou na sala, na frente da televisão. Julia estava vendo um filme, um filme infantil diga-se de passagem.

Sério que ele vai me largar porque eu tentei me livrar dessa daí? Seria um favor pro mundo, olha só.

― Parabéns, você deve estar muito feliz agora. Aposto até que o Paulo veio correndo te contar a decisão dele, não veio? - ela perguntou, se segurando para não voar no pescoço dela.

Julia olhou para a mala que Alice carregava e respondeu:

― O quê? Nós já vamos pro sítio? Deixa eu pegar minha mochila.

Julia levantou e ia sair da sala, mas Alice entrou em seu caminho para impedi-la.

― Você é realmente assim, tão burra? Ele me expulsou, ele terminou comigo. E tudo por sua causa. - ela disse.

Paulo entrou na sala, vindo do mesmo corredor pelo qual Alice tinha vindo há dois minutos.

― Viu só? Mesmo agora, depois de eu te expulsar você fica aqui, tentando fazer os outros se sentirem mal. - ele comentou.

― Bem, a culpa é mesmo dela! Se ela não estivesse aqui nada disso teria acontecido.

― Não foi ela que eu vi apontando uma faca para as suas costas. Foi bem o contrário, né?

Alice não ficou ali para escutar o mesmo sermão pela segunda vez. Pegou a mala do chão e foi em direção à porta. Lá ela considerou se deveria ou não olhar para trás, ela decidiu que olhar deixaria a entender que ela estava arrependida, por isso seguiu em frente.

Se havia uma coisa que ela não sentia era arrependimento. Não de ter tentado esfaquear Julia. No máximo ela se arrependia de não ter conseguido.

Te vejo no fim do mundoOnde histórias criam vida. Descubra agora