Capítulo 21

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Alice saiu do quarto, não sabia o que seria pior, ficar ali enquanto o namorado fingia que nada estava acontecendo ou sair e enfrentar a maluca ex-namorada dele. Ela não conseguia entender porque raios Paulo tinha aceitado que ela ficasse com eles tão facilmente. Será que ele era tão apegado à tal promessa que tinha feito tanto tempo atrás ou tinha alguma coisa que ele não estava contando?

Afinal, se fosse comigo, será que ele faria a mesma coisa?

Por mais que odiasse fazer isso, era impossível para Alice não se comparar aos outros. Quer dizer, de uma forma geral ela não odiava ser comparada, porque geralmente ela era melhor do que os outros, ou era o que ela gostava de acreditar. Só que isso era quando os outros faziam as comparações, quando era ela quem estava se comparando, normalmente ela colocava todos os seus defeitos e fraquezas na balança, algo que os outros não faziam porque ela não se permitia mostrar defeitos e fraquezas em público.

Ela chegou à sala, não tinha ninguém lá e a televisão estava desligada. Foi até a cozinha, pegou uma maçã para saciar a fome repentina que estava sentindo e agradeceu mentalmente que Julia também não estava ali. Alice resolveu fazer uma ronda pela casa, não havia ninguém no corredor, nem no quarto de hóspedes, nem no banheiro. De repente ela começou a se sentir melhor.

Será mesmo que ela simplesmente foi embora? Ou será que ela evaporou? Pessoalmente eu prefiro a segunda opção, assim não tem forma alguma de ela voltar.

Alice se jogou no sofá, segurando o riso de contentamento. Será que ela deveria ir até o quarto para contar para Paulo que a ex-namorada inoportuna tinha desaparecido? Não, melhor não, se ela o fizesse ele ia ficar nervoso e saíria para procurá-la. O mínimo que podia fazer era esperar que ele resolvesse sair da cama e descobrisse por si mesmo. Pelo menos assim, Julia já estaria longe demais para ele achá-la.

Pegou o controle e ligou a televisão. Diferente de Paulo, ela nunca gostou muito de novelas, filmes eram aceitáveis, pelo menos alguns, mas novelas não eram para ela. Foi alternando entre os canais para tentar encontrar algo interessante: notícias, notícias, novela, notícias, notícias, notícias não relacionadas com o que estava acontecendo, novela, filme de quinta categoria.

Alice acabou se rendendo a um dos jornais, se era para ficar ali, sozinha, que pelo menos conseguisse descobrir alguma coisa nova.

"As notícias que surgem nesse momento, vindo de uma universidade do interior, são preocupantes e ao mesmo tempo parecem ter saído de alguma história de ficção", dizia a âncora, "A universidade, conhecida pelo seu desempenho no desenvolvimento de projetos científicos afirmou a poucos minutos por seus meios oficiais que vários animais que foram infectados para uma das pesquisas em andamento conseguiram fugir depois dos estragos causados pelo terremoto, que acabaram afetando as estruturas da universidade. A infecção presente nos animais, que era o foco da pesquisa, é causada por um fungo chamado Ophiocordyceps camponoti-rufipedis, esse fungo é conhecido por transformar seus hospedeiros em zumbis. A universidade afirma que é necessário ter extremo cuidado pois as variantes desse fungo que estavam sendo estudadas podem ser potencialmente perigosas para outros animais que entrem em contato com os animais que fugiram do laboratório. A universidade disponibilizou um serviço específico para a captura desses animais e reiterou o pedido de cuidado para a população, eles também disponibilizaram uma imagem que mostra como o fungo aparece depois de se instalar no organismo do hospedeiro."

Alice viu uma sequência de fotos de animais diferentes, de insetos e outros animais como cães e gatos e até mesmo uma pássaro silvestre. Em todos eles era possível notar uma estrutura saindo das costas dos hospedeiros, quase como uma antena, segundo o jornal, aquilo era formado pelo fungo, depois de já ter o controle do hospedeiro.

Sua mente vagava entre a tentativa de não passar mal com aquelas imagens e tentar entender o que aquilo poderia significar.

Zumbis criados por um fungo? Sério? O que vai acontecer agora, será que os mortos vão levantar dos túmulos e começar a dançar como naquele clipe de música?

Quando pensou nisso, sua atenção voltou para a televisão, como se aguardando uma confirmação da sua ideia, afinal, ela conhecia a Lei de Murphy muito bem. Talvez agora fosse a hora de se levantar e chamar Paulo para ver o que ele achava daquilo, talvez ele quisesse adiantar sua viagem para o sítio.

Te vejo no fim do mundoOnde histórias criam vida. Descubra agora