Minha mãe dizia que eu não era uma adolescente comum, apenas por não ter fazer compras como um hobby. Não era que eu não gostasse de roupas, eu gostava. Só Nam eram as minhas prioridades.
Acho que talvez porque eu tivesse esse tipo de coisas nas mãos. Ela era uma modelo respeitada, estava no topo mesmo perto dos quarenta anos de idade. Isso sempre me dava o privilégio de conseguir antes de todo mundo as melhores das melhores grifes. Sem fazer o esforço de ir num shopping e passar pelo perrengue do que é escolher, experimentar, decidir se vou levar ou não.
Mas Reed achou uma boa ideia praticamente exigir que eu fosse as compras com ele. A mãe dele disse que ele estava precisando de um terno novo, principalmente para a faculdade que estava no próximo ano.
Era essa coisa dos jogos de hóquei, ele precisava se vestir formalmente.
Ele achou que se me intimasse a ir com ele, me animaria. Ele estava se esforçando, e eu estava animada sim de poder ajudar ele.
Estávamos em seu carro a caminho da loja de ternos, ele foi atencioso em me deixar escolher a playlist, e estava sendo atencioso em fazer as minhas vontades na última semana. Contudo, a nossa amizade com benefícios parecia revogada.
Ele não encostou em mim desde que eu me tornei uma garota solteira, o que estava me sufocando aos poucos.
Será que eu deixei de ser gostosa e me tornei desinteressante? Talvez. Talvez por isso Bryce tenha me traído e pode até ser que desinteressante eu sempre tenha sido. Por isso os meus pais não se importavam.
Talvez se alguma coisa acontecesse comigo eles mudassem de ideia. Ou talvez seria uma vantagem, eles não precisariam se importar que ainda tinham uma menor de idade ainda dependendo da atenção deles.
Eu queria fugir. Fugir da minha mente me sabotando com tantos pensamentos que não deveriam estar ali. Me estiquei para aumentar o volume do rádio de Reed, e balancei ao som de Gimme More.
Reed olhou pra mim e sorriu, estava satisfeito mesmo que sempre chamasse minha playlist de Britney de lixo, ao invés de fazer isso dessa vez, ele cantou junto comigo não se preocupando com o quão ruim era a sua voz.
Eu ri da sua dancinha desleixada no refrão da música, era como se não tivesse mais ali. Por mais que fosse um curto momento e que na maior parte das vezes nas últimas semanas eu tivesse deixando ele longe da minha cabeça.
No final da música, eu abaixei o volume e olhei para ele, colocando meus pés para cima de seu banco de couro.
— Você já recebeu alguma visita de olheiros pra faculdade?
— Você está tacando sal na minha ferida, Aria. — cantarolou. — Parece que eu não sou tão bom assim pra receber essas visitas.
— Porque não? Eu ouvi dizer que você leva o time nas costas.