Barulhos de campainhas geralmente são irritantes que é para que a pessoa não demore a atender, ou para chamar a atenção. Eu sempre entendi exatamente assim.
Mas era perturbador quando a pessoa não sabia usar ou quando desrespeitava o limite das pessoas. Um ou dois toques era o suficiente, mas afundar o dedo naquele botão como se não houvesse algo mais divertido era o ápice do absurdo.
Eu desci as escadas gritando para a pessoa do lado de fora esperar, mas Ann estava parada diante da porta, como se estivesse esperando a pessoa desistir.
Ela encarou o relógio, se virando pra mim. Minha mãe parecia exausta, vestia uma calça legging, com uma camisa social larga e estava descalça. Talvez tivesse pulado do quarto direto para a porta pra saber quem era.
— Que isso? — perguntei descendo o último degrau — Porque você não abre a porta? Vão acabar queimando essa porcaria.
— Eu cheguei aqui antes de ele apertar....
Olhei para a porta, distraída pelo som irritante.
— Aria — era a voz de Reed — Eu ouvi você. — ele disse, ainda empenhado em fazer barulho.
— Você é vidente, agora?
— Não. Eu estava na sacada, e antes que ele começasse, eu corri pra cá, eu disse pra ele te dar um tempo, mas esse garoto é cabeça dura.
— Ele é insistente, não vai embora a menos que eu fale com ele. — eu andei até a porta, mas antes que eu alcançasse, ela me segurou.
— Não. Você está indo muito bem longe dele, e não quero que ele machuque você.
— Eu só vou dizer que eu não quero falar com ele.
— Você não vai, filha. Você não vai, porque ele consegue te influenciar com facilidade. Eu mesma falo com ele.
— Você acabou de dizer que já fez isso.
— Eu posso tentar outra vez. Agora ele vai ter que me escutar.
Eu concordei balançando a cabeça.
Reed era do tipo insistente, e minha mãe era do tipo persuasiva. Se ela quisesse, fazia qualquer pessoa aceitar as palavras dela.
Ann me soltou e passou a minha frente, eu a segui e encostei na parede atrás da porta, quando ela abriu.
— Querido, acho que você deveria voltar pra casa, está fazendo papel de ridículo.
— Eu só queria.... — ele travou — eu queria vê-la. Queria falar com ela.
— Deveria ter pensado nisso antes de fazer promessa que você não estava disposto a cumprir.
— Eu quero pedir desculpas, Ann.
— Quantas vezes você vai pedir desculpas a ela pra depois magoa-la? Eu adoro você, Reed, mas eu amo a minha filha e se for preciso eu a mando pra outro lado do planeta para ela não ter que lidar com você e com o quão inconstante você pode ser em relação a ela.