— O meu pai me ligou hoje. — falei para a Brooke, sentada do outro lado do sofá. Eu estava distraída alisando a tatuagem que eu tinha no pulso, duas argolas cruzadas que Reed e eu fizemos juntos — Com um atraso de quase um mês, mas ouvi um sermão pelo meu suposto show de horrores na boate. Ele disse que eu deveria tomar cuidado com o que eu faço em público, porque a mídia sempre vai publicar o que quer.
A tatuagem estava ali sempre pra me lembrar, por mais que eu pensasse em esquecer. Além dela eu tinha outras seis. Uma na nuca, uma atrás da orelha, na costela, uma no bíceps interno e outra na clavícula. Nenhuma dessas pareciam tão forte, apesar de cada uma delas ter um significado.
Minha prima estava encarando a tela do celular e deslizando o dedo em algumas fotos, obcecada com alguns vestidos no Pinterest.
Ela fez uma bolha com chiclete e estourou.
— Meu pai disse que ele ficou uma fera e que precisou se segurar muito pra não beber. O que eu acho patético.
— Porque é patético. Ele ficou um ano e pouco sem sequer me mandar uma mensagem e agora acha que pode me dar sermão apenas por dançar?
Brooke abaixou o celular com uma cara confusa, mascou o chiclete e parou novamente, deixando seu rosto imóvel.
Essa era a cara que ela fazia quando tinha ideias brilhantes.
— Ei — seu olhar me alcançou —, você espera que ele seja um pai e que dê atenção. É isso, Aria.... Você precisa fazer coisas que vão chamar atenção dele. Mesmo que de um modo negativo. Então seu pai vai ficar tão zangado que vai estar mais presente. Não é isso o que você quer?
— Eu não quero mais isso.
— Só porque ele tem problemas com o alcoolismo? Você sabe que isso é uma doença, não é culpa dele.
Mas era culpa dele escolher me excluir, sem pensar em como eu me sentiria. Isso era de extrema responsabilidade dele, e eu não estava descartando a ideia de Brooke, embora quisesse evitar Graham.
Fazer isso não chamaria apenas a atenção do meu pai, mas poderia tornar ou não a minha mãe mais presente.
Eu não tinha nada a perder com a ideia da minha prima.
No entanto, eu sabia que ainda parecia uma loucura, quando eu estava tentando ser uma pessoa racional.
— Eu acho que você deveria aproveitar o fato de os tabloides ficarem igual loucos atrás de você. — Ela continuou, e piscou para mim.
— Porque será, hein?
Brooke sabia ao que eu me referia. Nossos pais eram irmãos, trabalhavam na mesma indústria. No entanto ele era um ator de sucesso questionável.
As vezes ele tinha um bom papel, as vezes não e as vezes não tinha papel algum. Nós duas crescermos sendo expostas até certo ponto. Mesmo com a ideia de termos sido criadas longe de Los Angeles ou de qualquer lugar na Califórnia.