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Manter limites era importante. Especialmente quando eu estava tentando manter um equilíbrio natural entre a universidade e a vida pessoal.
Pessoas normais da minha idade vão para a faculdade longe de casa, na maioria das vezes sem que os pais precisassem ficar pressionando para saber como os filhos estavam o tempo todo. Mas com tanto perdido dos meus pais, eles achavam que era hora de eu ser a garotinha indefesa que os preocupava.
Eu delimitei esse limite com a minha mãe e disse especificamente os dias e horas que ela podia me ligar. No entanto, desde que descobriu sobre os almoços mensais que eu tinha com Graham, eu ganhei duas ligações diárias de uma Ann desesperada, dizendo que queria mais do que isso.
Eu pressionei o celular contra meu ouvido, enquanto ela tagarelavam eu estava no chão com metade do meu corpo enfiado debaixo da cama a procura do meu chinelo. Eu achei um pé e o outro eu não encontrava de jeito nenhum, e eu não gostava de andar descalça pela casa e nem arrastar as minhas meias quentinhas e limpinhas pelo chão.
Quando finalmente achei o pé do meu chinelo, me levantei e me calcei com pressa para sair do quarto, ajeitando a minha calça de moletom azul celeste e o cropped preto de alça, que provavelmente seria a próxima roupa que eu mandaria para a doação. Estava começando a ficar apertada.
Eu engoli em seco quando percebi que ela havia ficado em silêncio, já fazia um tempo que eu não estava prestando atenção na sua reclamação.
— Achei que você fosse a primeira pessoa a torcer pra eu dar uma chance a Graham.
— Sim, mas antes de você entrar na faculdade nós ainda tínhamos um tempo juntas e agora eu tenho duas ligações por semana, contabilizadas.
Eu saí do quarto para o corredor, desci as escadas e encontrei Reed sentado no sofá usando o videogame.
Eu ainda estava evitando ele, e nunca me senti tão estranha por me aproximar do meu melhor amigo.
— Eu não tenho tanto tempo assim disponível. — falei pela milionésima vez.
— E se eu for até aí ver você? — sentei ao lado de Reed, mordendo meu lábio com força a fim de pensar numa desculpa pra fugir disso. — Podemos almoçar juntas amanhã.
— Amanhã eu tenho duas aulas pela manhã, e quatro a tarde.
— Tenho certeza que você tem um espaço na hora do almoço, querida.
— Amanhã eu vou fazer compras. É o único horário que tenho disponível.
Eu tinha a desculpa perfeita. Acho que foi a primeira vez que eu estava agradecendo que minhas roupas estivessem começando a ficarem pequenas.
— Você pode adiar as compras, meu amor. Nem é a sua coisa favorita.
Soltei um suspiro, ela era tão insistente. E eu não estava querendo ser injusta com a Ann.
