A segunda semana de fevereiro passou como uma lesma, e era como se eu precisasse evitar qualquer mídia. Estavam sempre vindo atrás de mim, eu era conhecida como a filha de uma estrela problemática.
Eu ouvi os burburinhos na escola, nas redes sociais e mal podia ligar a televisão, porque esse assunto me assombrava.
Reed e Brooke me chamaram pra sair, mas minha decisão foi ficar em casa porque não importava onde eu fosse, as pessoas ainda sabiam quem eu era e me encaravam como se eu fosse um problema.
Estava sozinha no escuro de casa fumando um baseado, precisava relaxar e tirar todo esse peso da minha cabeça. Ouvi o barulho da porta de entrada, não me movi, não estava nenhum pouco curiosa.
Dei uma tragada no baseado e soltei a fumaça, tombando a cabeça para trás.
— Aria....? — ouvi a voz da minha mãe, e alguns minutos depois ela apareceu na sala de estar segurando duas malas grandes.
— Não sabia que viria pra casa hoje.
— Não tenho trabalho pela próxima semana inteira, até eu precisar ir pra Paris na semana que vem. Quis ficar com você.
— Milagres acontecem. — Resmunguei, e levei novamente o baseado a boca para mais uma tragada.
Ann franziu o nariz, deixou as malas na entrada da sala e caminhou rápido em minha direção.
— Você está fumando?
— Você quer? — ofereci na esperança de ela deixar de ser uma hipócrita.
Eu tinha certeza que ela fumava na minha idade e poderia ter feito o mesmo enquanto iniciava a carreira.
Ninguém é completamente sã, principalmente nesse mundo. Ela não era.
Aceitou o baseado, e confirmando a minha pergunta, ela sabia exatamente como fazer.
— Você não deveria estar fumando aqui dentro. — ela reclamou.
Eu ri, porque não era como se ela se importasse. Se estivesse mesmo interessada nesse tipo de coisa, estaria dentro de casa e não fora o tempo inteiro.
Eu peguei o baseado da mão dela, traguei e soltei a fumaça.
— Como você conheceu o Graham?
Por incrível que parecesse, essa havia sido a primeira vez que eu me interessei pela história deles, porque no geral eu teria fingido que nós não éramos uma família disfuncional. Eu preferia ter fingindo que não éramos uma família.
Mas toda essa história de reabilitação me deixou curiosa pra saber se Ann realmente conhecia o homem com quem já foi casada.
— O seu pai?Eu revirei os olhos.
— O doador de espermas.
— Eu estava começando a crescer na minha carreira, acho que havia sido o desfile mais importante pra mim na época. Seu pai estava na after party....