Cap.23

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6 de dezembro de 2022
Tiradentes, zona leste de São Paulo

Estava olhando pro teto pensando sem conseguir dormir e um pouco desconfortável pelo Robson estar do meu lado só que virado de costas, fazia tempo que a gente não se via fico meio assim de estar tão perto dele. Tô até meio ansiosa e sabe aquele silêncio constrangedor que fica no ar? Então é isso que está acontecendo.

Já somos adultos não precisamos ficar passando por situações desconfortáveis e nem devemos, muitos de nós aprenderam com a vida quando entrar e quando sair em lugares que não nos cabem. E é por esse motivo mesmo que eu vou sair desse quarto agora por que não aguento mais ficar mais um minuto do lado dele.

-Tá indo aonde Yvette? Tá toda fraca ai espera a comida chegar.-levantou um pouco a mão que estava nos olhos pra me ver.

-Eu levanto a hora que eu quiser Robson.

-Não vai ganhar nada com essa ignorância toda não, só tô cuidando de você numa boa porra sem maldade no bagulho e cê fica me tratando igual cachorro? Se liga oh tá achando que eu sou otario?- virou pro lado na maior agressividade, quando ele fica puto não olha nem na cara.

-Você não tem que cuidar de mim a única coisa que você tem que fazer é achar a minha filha.

-Nossa filha!- se sentou rápido na cama e me encarou.- Nossa filha Yvette...aquela menina eu amo mais do que a minha vida e ela é fruto do amor mais verdadeiro que eu vivi e estraguei.- revirei os olhos sem paciência pra essa conversa, eu sei que ele não superou mas eu sim e faz 15 anos.

-Eu vou cuidar dela e de você, eu tô aqui mas meus pit tão lá fora caçando a minha filha até no cu de judas.

-Tá bom Robson, tá bom.- tentei levantar devagar mas ainda sim me apoiando na cama por que sentia que a qualquer momento eu ia desmaiar.

Ele resmungou baixo me xingando me chamando de teimosa.-Por que eu peguei a responsa de cuidar de você? Porra mano, devia ter deixado na conta da ludmilla, deixa que eu te ajudo..duas pertubadas vocês.-coisa mais engraçada é esse homem estressado.

-Cala a boca e me ajuda só fala bosta também.- ele parou no meio do caminho puto da vida e eu fiz o maior esforço possível pra me manter em pé e cruzar os braços com a minha pior cara possível, em seguida ele veio me ajudar a andar.- Aaaah bom mesmo, achei que ia ter que tacar as coisas em você.

Ele respirou tão fundo que eu sei que se ele pudesse me daria uma porrada, ele sempre odiou meu jeito folgado mas sempre foi brincadeira! Não sou folgada assim não mas ele odiava muito por que ele não conseguia me dizer não e sempre fez tudo pra mim, eu sou a rainha da cocada preta dele.
Quando estávamos na cozinha ouvimos a porta bater e graças a Deus era a comida. Ele me colocou delicadamente na cadeira e foi pegar.

-Toma aqui.- colocou em cima da mesa na hora que vi me assustei o cara vai e me compra uma marmita de quase 1 kilo ele acha que eu vou enfiar isso aonde?

-Não tem garfo, não?- perguntei abrindo a quentinha sentindo aquele cheiro gostoso de comida fresca. Ele não falou nada só pregou e me deu o garfo de cara fechada.-Obrigada rob.- dei um sorriso fraco pra ele, chamei ele assim por que era como eu costuma chamar ele, a mãe dele que deu esse apelido pra ele.

Ele me olhou querendo sorri mas só mandou eu comer.-Isso aqui tá bom mas eu queria comer a sua comida...

-Mulher toda problematica, chata pra caralho ainda que essa moral.- alfinetei ele mas no fundo era verdade.

-Quando a minha bebê voltar você cozinha pra gente?- ele me olhou e eu dei um sorriso sem graça pra ele abaixando a cabeça tentado não chorar, estava brincando com a comida. Não conseguia nem comer direito.

-Cozinho nega, pode deixar.- pegou minha mão e apertou meio receioso mas depois eu desvencilhei da mão dele bem na hora que a ludmilla chegou.

-Boa tarde gente, dormiu um pouco mana?- me deu um beijo na cabeça, afirmei com a cabeça e foi colocar as sacolas em cima da pia.

-Milagre que vocês não estarem brigando, parecem adultos agora.

Ele estalou a língua- Passa aí a maionese e a farofa vai!- estendeu a mão pra ela, a vida inteira eles comem comida assim.

-Tá achando que eu sou seus bandidinho filha da puta? Vem pegar eu ein.- olhou feio pra ele é ele foi pegar de cara feia também, era impressionante, esses dois bravos ficavam com a mesma cara.

-Vem me pedir favor pra você ve...- o celular dele tocou, ele pegou rápido atendendo da mesma forma.

-Salve ninja...fala o resumo logo... como assim você não sabe de porra nenhuma? Qual que é a procedência do bagulho?...tu tem ciência dessa magnitude?... então viram ela descendo a rua e braço direito do pitbull foi atrás?Então foi ele...Não tem conversa não, foi ele! Vem pra minha quebrada agora que eu vou desenrola essa fita aí e trás o informante.- desligou o celular e tacou ele longe.

Eu estava extremamente preocupada e previa que o Robson estava preste a matar alguém.

-O que aconteceu com a minha filha?...Fala Robson, porra!- fiquei frente a frente com ele esperando uma resposta e a ludmilla mais atrás também querendo a mesma coisa que eu, respostas.

-É o seguinte, eu preciso que vocês duas se acalma por que o que eu vou falar aqui não é nada bom.- me encarou e depois a ludmilla.- O meu parceiro acabou de me ligar do moro do piolho! Eles foi lá pelo acessos que a Jhay tava pela última vez e... o bagulho é o seguinte, tem um cara lá que é gerente que tava no mesmo baile que elas e ele viu quando ela desceu a rua pra ir fazer não sei o que... ele é meu parceiro e estranhou a jhay e as meninas naquele baile. E ele também viu quando um dos seguranças do pitbull desceu atrás dela...

-Quem é pitbull Robson?- Ludmilla perguntou aflita com a respiração acelerada.

-O pitbull é o maior bandido da zona sul e um sublider do PCC.

-Meu Deus do céu, senhor!-ludmila sentou se apoiando sua cabeça na mão.

-Esse homem levou minha filha pra onde Robson?-eu já estava passando mal.

-Isso eu ainda não sei mas eu vou descobrir, eu prometo.- pegou o radinho e foi em direção a porta mas antes que saísse fui até ele.

-Espera! É só isso que você sabe? Esperai, onde você vai?

-Eu vou achar nossa filha.- falou apenas isso pra mim e saiu me deixando de cara com a porta.

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