Cap.27

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Devia ser umas 8 e pouca da manhã agora, as meninas estavam conversando entre si e fazendo seus cafés da manhã. Tinha vezes que eu entrava na conversa mas ainda sim a maior parte do tempo eu fica quieta, perdida na minha mente.... Até que eu me pego olhando a Sheron ela tinha ido no nosso quarto pegar o celular e estava escorada na parede lateral da cozinha ao lado do frigobar. Não sei se foi só eu, porém reparei que ela estava de cara fechada. Não sei se estava brava...acredito que não mas alguma coisa estava acontecendo.

Levantei disfarçadamente e fui até ela que se preocupou em disfarçar sua feição para uma cara mais simpática quando me viu chegando.

Me aproximei meio sem graça com receio da conversa que ia sair dali.-Eai mulher...- dei um sorriso hesitante esperando que ela já soltasse tudo sem eu precisar perguntar.- tudo bem?...

Ela escondeu o celular atrás da maneira mais sítio possível e me respondeu com um sorriso de teor falso.- sim nega, tudo bem sim... por que?- olhei pra trás me certificando de que não tinha ninguém mais prestando atenção na gente e falei mais baixo.- você tá meio estranha, não sei pode ser coisa da minha cabeça mas tá bom uma carinha meio estranha- inclinei minha cabeça tentando passar segurança pra ela.

Ela suspirou forte, cansada como se o peso nas costas fosse pesado demais e ela esteja chegando ao seu limite. Ela me olhou e desviou- é... algo de família, minha filha sabe como é né?- rio fraco, escondendo algo. Apenas confirmei com a cabeça, não quero invadir o espaço dela porque sei que vamos ser muito amigas ainda é ela vai se sentir confortável em me contar as coisas.

-Beleza, qualquer coisa eu tô aqui, tabom?!- ela sorriu e eu fui pro nosso quarto. Tenho um apresso pelas meninas que me acolheram e ainda me acolhem aqui dentro. Elas são muito atenciosas comigo porque elas sabem na pele tudo que eu tô passando e tentam deixar essa experiência menos mortificante pra mim.

Não aguento mais ficar aqui... eu me sinto suja... suja não, pior, imunda! Eu tô com nojo de mim mesma e de tudo que eu sou obrigada a fazer, eu de verdade não tô conseguindo lidar com essa vida horrível que me enfiaram sem eu querer sabe? Tá muito difícil de se adaptar cara, papo reto. Poxa, as vezes tem cara que vem procurar as meninas até de dia, as vezes é 13 pm e os cara aqui procurando programa. Um inferno, tem umas que gosta, não julgo mas eu? Eu não, eu odeio!

Uma vida sem paz, sem respeito tampouco dignidade. Preciso arranjar um jeito de fugir... fugir sem morrer... mas como?

14:00

Estava varrendo o chão dos quartos onde nós usávamos com os caras, ou melhor como dizem "clientes", até que Peris aparece na porta com uma cara preocupada e ansiosa, até parece até uma criança quando apronta algo e está com medo da mãe. Olhei pra ela esperando ela dizer algo mas ela não... não conseguiu dizer uma palavra? Por que? Que porra tá acontecendo?

-O que foi Peris?- voltei a varrer o chão mas ainda sim esperando ela soltar alguma coisa.- garota tá tudo bem?- ela negou com a cabeça, fazendo uma cara de pena como se tivesse tentando me dizer que "não tem saída pra você".
-Jhay... o cobra veio me passar um recado...
Que o pitbull mandou pra ele...- paralisei, petrifiquei, fiquei estática temendo pelo que de pior podia acontecer. Poucos segundos antes de ela falar qualquer coisa orei em silêncio, suplicando para que não seja nada do que eu estou pensando até que ela finalmente fala- Ele mandou você subir lá pra salinha dele, pra resolver uma parada lá. Ele disse que "cê" tá devendo pra ele. Eu tava com medo de te falar por que sempre que a gente sobe lá pra salinha dele ou a gente apanha ou a gente da pra ele e aí eu tô com medo agora por que quando ele bate ele machuca e eu nem sei o que você deve pra ele o que você deve pra- começou andar de um lado pro outro falando sem parar fazendo eco na minha cabeça se ela não tava conseguindo raciocinar que dirá eu! Senti calafrio pelo corpo todo.

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