Cap. 36

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-FALA! conta o desenrolo todinho que é daqui pro forno, seus filha da puta.- agarrou Fidelis pela gola o empurrando pra dentro batendo a porta.

-Ch-chefe, en-tão, 'nois tava chegando l-la né?! Ai...- o nervosismo impedia qualquer capacidade de fala desse homem.

-Fala direito porra, virou gago agora? Não brinca comigo não que eu tô no ódio!- ou esbravejou pitbull, gesticulando com a arma na mão o que fez eles estremecerem.

-Quando a gente chegou lá, a gente foi ver os contêiners , vistoria normal aí quando a gente abriu tava vazio.- ele explicou pra ele implorando a Deus secretamente pra não ser assado feito uma leitoa.

-Tava vazio mas deixaram um bagulho, chefe, mostra pra ele...- Rato disse enquanto rasgava a blusa e amarrando na perna, tentando parar o próprio sangramento.

pitbull olhou pra eles, com uma raiva que não cabia dentro dele e transparecia na sua cara, pensava que todo tempo treinando eles e ensinado todas as manhãs de precauções não serviram de nada por que no final, os imbecis iam lá e comprometiam o plano como se fossem novatos. Ficou ainda mais nervoso por saber que eles eram os mais antigos dali, sua vontade mesmo era matar todo mundo, incluindo eles, mas é óbvio que seria o ápice da desinteligencia. E assim, optou por ouvir.

Fidelis tirou do bolso uma carta, antiga, parecia uma carta de baralho de "Tarot". Havia um cachorro, completamente preto de orelhas bem levantadas, uma expressão que poderia facilmente ser lida como "assassina" com os caninos a mostra. E o tal cachorro, babando, como se estivesse sedento pela presa! Pitbull encarou aquela carta por tanto tempo que nem se deu conta, parecia que o cachorro estava encarando ele, ameaçando ele.

Mais a baixo tinha uma escrita "insanus oris", não fazia ideia que língua era aquela e estava nervoso demais pra querer saber. Ia rasgar a carta até que Fidelis o impediu.

-Ch-chefe, o-lha atrás da carta.- ele- o olhou desconfiado e em siga olhou pra carta virada, uma coloração vermelha viva como sangue escorrendo de fundo e duas armas cruzadas, indiciando uma guerra, um aviso. Em baixo, da mesma fonte da frente da carta estava escrito "BokaLoka". Agora tudo faz sentido, soldados sumindo, comunicação uma merda murmurou consigo mesmo "Como esse filha da puta me passou a perna", e essa é a questão... Como?

Amassou a carta como se fosse uma misera folha e jogou longe. Transtornado (e um pouco preocupado).

-O que a gente faz agora chefe?- rato perguntou se levantado com dificuldade, não dando o braço a torcer na frente deles.

Antes que o Pitbull abra a boca, o telefone toca em cima da mesa.

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Zona leste- Sp
Tiradentes

Sai da boca acenando pros meus aliados, saindo rápido dali na moto. Faz 20 graus em São Paulo, tempo feio, nada de novo. Tô cheio de coisa na mente, meus planos começaram a andar até então nada fora normal, tudo nos conformes. Sou macaco velho mas ainda sim peço conselho pros meus de raça, estão em cargos acima do meu até por que, hoje em dia, já com os meus 47 anos pode se dizer que tô aposentado.

Fiquei muito tempo na vida de bandido sendo cauteloso, não sendo fominha, ganhando a confiança dos caras e consegui me aposentar. Tô em paz com o mundo, em paz com minhas escolhas e nos últimos tempos as únicas coisas que eu procuro é apenas o perdão de Deus, só esse cara sabe de tudo que fiz e do meu coração. A 3 anos atrás eu fui no culto, pertinho de casa, só pra ouvir a palavra, lembrar da minha mãe... da minha família... fiquei quieto no meu canto só ouvindo, tá ligado?! Mas quando o pastor começou a falar, o doido parecia meu pai, parça.

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