Primeiro senti o cheiro de ovos fritos, depois de bacon e acho que tinha café com leite.
Antes de abrir os olhos me preparei pro baque no meu estomago sempre que fumava demais. Não teve baque. E só então tive coragem de abrir os olhos.
Ciryss não estava aqui, porque eu não estava na casa de Cyriss.
Levantei de uma vez, estranhando minha própria cama. As mesmas roupas do dia seguinte, e o elfbar do lado do meu travesseiro, eu o agarrei e fui até as escadas.
Talvez Ciryss nos trouxe para cá no meio da noite. Pensei ao descer os degraus e fumar a essência de morango, uma escolha terrivelmente estupida, pois no momento que soltei a fumaça, minha pressão caiu, junto com o meu corpo após pisar em falso e rolar escada a baixo.
-- Mas que inferno. -- Praguejei até ser recebida por botas pretas. Não os sapatos comuns que Ciryss costuma usar.
Levantei o olhar mais um pouco, e claro, a porra dos mesmo olhos verdes me encaravam como se eu tivesse invadido a casa alheia.
-- Por que -- Ele começou antes que eu dissesse algo. -- Eu tenho a sensação que sempre nos encontramos assim?
-- Por que -- Eu falei ao me levantar. -- Você sempre invade a minha casa? Espere, você está fazendo café da manhã para mim? -- Minha voz adquiriu um tom mais fino de incredulidade ao me aproximar. O rosto dele se tornou igualmente incrédulo.
-- Não. -- Zayan disse como se fosse obvio ao despejar o bacon em um prato. -- Eu fiz para mim. --- Mas ele já estava despejando outro bacon em outro prato e empurrando na minha direção.
-- Se sente.
O rosto se tornou duro, sério. Um comando no seu tom de voz. Eu o fiz, não por reverência, mas por alguma força sobrenatural que puxou a cadeira ao mesmo tempo que se enrolou nas minhas pernas e me empurrou para cima dela.
-- Acho que isso vai contra o livre arbítrio.
-- Você não tem livre arbítrio. -- Ele aproximou o rosto do meu, aquele halito fresco de alguma coisa que eu ainda não conseguia identificar se tornando cada vez mais familiar. -- Você pertence a mim enquanto eu não quebrar essa maldição.
-- Quer dizer que eu não posso fazer nada até lá.
-- Sim.
-- Nem depois que você quebrar essa suposta maldição, porque eu vou está morta. -- Um sorriso cruel se formou nos seus lábios carnudos quando sua voz saiu cantarolada:
-- Você está ficando esperta. -- O sorriso se fechou tão rápido quanto surgiu. -- Agora coma.
-- Não estou com fome. -- Tentei me levantar, mas as amarras do seu feitiço estavam firmes ao meu redor.
Então, levantei a essência apenas para ser arrancada da minha mão antes de chegar na boca. Zayan a atirou pela janela tão rápido quanto um piscar de olhos.
-- Isso vai matar você.
-- E você não? -- Eu ri desacreditada. -- Vá buscar, foi um presente.
-- Que romântico.
Estreitei os olhos para ele, nada naquele rosto era genuinamente humano. A pele limpa demais, os olhos ávidos demais, os cabelos macios demais e o sorriso malicioso demais para um mortal.
-- Vamos estabelecer algumas regras. -- Eu disse ao descansar os braços em cima da mesa, próxima o suficiente para que minha boca raspasse a dele se eu ousasse me inclinar.
-- Você não vai mais entrar na minha casa sem a minha autorização. -- Ele riu com deboche, mas tentei manter a voz firme. -- Nem me arrancar da casa do meu namorado no meio da noite.
Dessa vez ele estreitou os olhos, seus cílios fazendo cocegas na minha testa.
-- Achei que ele não fosse seu namorado.
-- Nem fazer perguntas sobre a minha vida pessoal. -- Mas ele riu de volta, riu como se eu não passasse de um bichinho qualquer, riu tão perto que sua boca de fato tocou a minha.
E a risada se tornou um sorriso lupino quando eu solucei despreparada ao toque da sua mão em volta do meu pescoço, o aperto delicado como o de um amante.
-- Quer que eu te lembre como é fácil pra mim te fazer calar a boca? -- Foi a violência no seu tom de voz que apertou o meu pescoço, mas poderia muito bem ser a sua mão. — Ou o qual fácil seria pra mim te fazer gritar demais? — Sua voz completamente gentil não contrastava com a agressividade das palavras.
-- Quer que eu te mostre o quão fácil seria te levar para a minha casa e te deixar presa lá até o ano que vem, bruxinha? -- Sua boca foi para a minha bochecha, raspando a pele até chegar no meu ouvido.
-- Quer vê o quão rápido você seria esquecida? Uma mensagem de adeus e ninguém procuraria por você. -- Meu corpo se contorceu quando a língua quente e macia dele lambeu toda a extensão do meu pescoço.
-- Quem iria procurar? Seu namorado? -- A palavra saiu em meio a uma risada abafada. -- Você não tem ninguém. Considere um favor eu ainda te deixar andar livremente por aí.
Um beijo suave em baixo da orelha me deixou surda, me fez inclinar a cabeça para trás, o fez beijar de novo aquele ponto especifico até que seus dentes se fechassem no lóbulo da minha orelha e meu corpo se incendiasse. Apenas para esfriar no momento em que ele sumiu.
Uma risada sombria e vitoriosa se perdendo no eco da casa vazia.
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Cheserie Box
RomanceChaserie não é uma caixa de Pandora, mas para o azar de Sabina Canter, a semelhança entre o tamanho da cidadezinha e os segredos guardados com o vento alegam que poderia ser. Uma vez em que olhos verdes de berilo espreitam entre o vão da port...