Capítulo 15

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-- Você está me seguindo? -- Perguntei irritada, se era por ele ou a manhã estressante, que embora mal tivesse começado, eu já não sabia mais dizer.

-- Na verdade. -- Esbarrei em seu ombro ao passar. -- Não me conte, não quero saber. Achei que esse gato aqui fosse você me bisbilhotando.

-- Por que eu teria interesse nessa sua vidinha de merda? -- Falou me alcançando.

-- Olha. -- Parei abruptamente e encarei seus olhos, pareciam pedras de esmeralda brilhando no sol. -- Estou sem paciência, se você está aqui com a intenção de quebrar meu pescoço ou algo do tipo para testar alguma teoria nova. -- Abri os braços em derrota. -- Vá em frente.

-- Você não deveria está na aula? -- Ele ignorou meu comentário, e eu não tive tempo de responder:

Um carro desnorteado veio em nossa direção tão rápido quanto um piscar de olhos. Zayan me puxou para o beco ao nosso lado, o carro se estilhaçou na entrada. Meu coração se estilhaçou quando ele explodiu.

Fumaça branca me engoliu quando o mundo se fechou em luz dourada.

Minha cabeça rodava ao ponto de que eu precisasse segurar em alguma coisa para me manter firme na terra, e quando dei um passo para frente, eu percebi que não pisava no chão, eu não pisava em nada.

A mão de Zayan agarrou meu pulso antes que eu caísse de uma montanha ingrime diretamente para a boca de um rio muito, muito, muito mais a baixo. Minha voz sumiu até para gritar.

Em um segundo estávamos em Cheserie, no outro não estávamos mais.

-- Ninguém te ensinou a olhar por onde anda? -- A voz de Zayan reverberou pelo lugar aberto, o deboche se extinguindo no eco como seda se desfazendo.

Ele me puxou de volta como se eu não passasse de uma sacola vazia, me prendendo contra o seu peito. Eu até argumentaria que eu não era desequilibrada ao ponto de cair uma segunda vez, mas eu definitivamente já deveria aprender a não confiar nos meus instintos.

E definitivamente era um lugar muito alto. Não existia nada assim em Chaserie. Só se via verde e montanhas, não tinha árvores, só o sol brilhando forte sob nossas cabeças, e até mesmo ele parecia ter preguiça de queimar.

-- Onde estamos?

-- Eiresech.

-- Eire o que? -- O tom fino da minha voz conseguiu lhe arrancar uma risada sincera, baixa demais para ser ouvida no meio da rua, mas ali parecia que cada som era ampliado.

-- O outro lado de Cheserie.

-- Repita de novo. -- Ele franziu a sobrancelha para o tom de comando na minha voz, mas não protestou ao repetir novamente. Eiresech. O outro lado de Cheserie? Chese, Sech. Cheserie ao contrario?

-- O que é isso? Um mundo invertido ou algo do tipo?. -- Em Cheserie não temos montanhas. Ele revirou os olhos ao dizer:

-- Não seja tola, Não estamos em um seriado de tv ou dentro de um livro de ficção.

Eu o olhei de uma forma que dado o olhar em seu rosto, não foi muito plácido.

-- Você se dá conta que eu cresci em uma vida com festas, tv a cabo e internet, certo? -- Perguntei semicerrando os olhos. -- Magia e "outros lados" de uma cidade não eram de fato uma realidade para mim. Então sim, isso soa muito como um livro de fanta--

-- Você fala demais. -- Ele me interrompeu revirando os olhos, e eles foram a única coisa que eu vi quando fui empurrada para baixo.

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